segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Apenas mais um beijo que ficou para depois.

Em um daqueles momentos de grande aperto no coração, eu sei que você ouviu aquela voz suplicando pelo último beijo pois eu também ouvi. Meio que sem saber que aquele último beijo iria declarar o fim de tudo e de todos os beijos. Mas seu coração em um segundo de reconstrução pediu-lhe com uma voz calma e ligeiramente as pressas, que aquele não fosse o fim de uma linda paixão, tal qual vivenciávamos. Lágrimas caíram muitas vezes dos seus olhos ao ouvir aquele adeus, era muito duro saber que tudo aquilo seria assim em vão, todas as juras e as promessas seriam colocadas fora por mais uma bobagem sem sentido?

Ou seria hora de crescermos, evoluirmos, amadurecermos e reconhecermos que quando o amor é forte, puro e verdadeiro não há nada nem ninguém que o destrua, por mais que ele desgaste e fique fraco ele nunca termina, ele é que nem as estrelas do anoitecer, você pode não vê-las mais sabe que estão lá e todos sabemos que o amor é assim, pois ele é capaz de chegar de repente e fazer agente se perder, fazer modificações nos nossos pensamentos e nos fazer enlouquecer. A saudade pode ser cruel e a distância tenebrosa, o medo as vezes é nosso pior inimigo, mas nenhuma dessas e nem de outras barreiras derruba o amor, ele é cheio de artimanhas e nunca se acaba. E mesmo que seja apenas mais um beijo que ficou para depois, esse simples beijo pode reavivar todo esse amor que permanecerá escondido por muito tempo. São apenas beijos, é apenas o amor, porém é uma das páginas mais lindas da vida.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Nunca é tarde pra recomeçar.

Então é hora de recomeçar. Ouvimos muito isso, ouvimos muito que é hora de deixar o que passou pra trás e seguir em frente com o pensamento fixo no futuro. De certa forma é isso ai mesmo, mas as vezes não queremos recomeçar, queremos ficar ali parados vendo o tempo passar, vendo as pessoas vivendo e agente só observando, fora da ativa, com poucas esperanças de que tudo fique do jeito que agente quer ...
Mas e se você começar a viver mais, sorrir mais, sair mais, beijar mais, então esquecerá dos problemas e estará livre pra se apaixonar e sempre com a cabeça fria e com uma clama invejável pra que assim possa resolver seus problemas, por que sim, a vida é assim ...
As vezes é preciso fugir pra ver as coisas de outro ângulo, e analisar os problemas de fora.
Por isso não se prenda a solidão, viva livre pra pensar e agir como quiser, o que os outros dizem não importa, o que importa é a sua felicidade.
Na real se sua vida não está como você quer, mude, pois nunca é tarde pra recomeçar.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Hoje eu sei que não voltará.

Você ama, mas sabe que não cuidou corretamente, então aos poucos foi perdendo até ter certeza que já não o tinha em suas mãos e não o teria de volta nunca mais, mas não é fácil aceitar que se esteve errada o tempo todo e que no momento já é tarde pra tentar concertar. As tentativas são nulas quando já tem outro alguém em seu lugar. Você desiste, mas seu coração ainda está lá. Você precisa ir embora, se desprender mas sabe que quando o ver seu sentimento se mostrará mais vivo do que nunca. Vive a mentir que outro alguém invadiu seu coração mas será que bem la no fundo ainda não resta um único sentimento por mim ? Só restam promessas falsas e sem valor, sonhos bobos que hoje estão claros que nunca se tornaram realidade, é apenas isso que vai restar do nosso amor inexplicável ?
Sim, hoje nós dois sabemos que talvez só amigos seremos ou nem isso...
Mas já devia ter me conformado com essa situação, são muitas as diferenças e problemas sem solução.
Então depois de um longo período de sofrimento, só me resta partir, sem tristezas ou mágoas, apenas lembranças de um passado de deixará saudades secas no fundo do meu peito.


Nada nem ninguém apaga esse amor em mim.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Sempre haverá um amanhã.

Você sabe que não pode desistir agora, mas quer tentar. Você sabe que tudo pode mudar, mas não quer esperar. Você sabe que um dia já foi ou será feliz, mas tem medo do que sabe. Passamos nossas vidas errando e errando muito, não mudamos nossas atitudes e nos apegamos em um futuro que talvez nem tenhamos e mesmo sabendo que talvez não tenhamos, preferimos acreditar que somos eternos e temos o tempo todo pra corrigir as coisas e melhora-las ou não. Sabemos que é errado mas temos receio de abandonar o que nos parece bom, vivemos com regras e para que isso, agradar os outros ? e por que não quebra-las e procurar ser mais feliz o mais rápido possível, temos esse direito e só cabe a nós escolhermos exatamente o modo de vida que queremos ter, que queremos viver.
Sabemos que a vida as vezes no prega peças que resultam em grandes sofrimentos,mas um dia as coisas mudam e você poderá estar rindo do que escapou, mas agora pense bem e se você resolvesse fazer uma loucura e perdesse tudo que um dia conquistou ou perdesse a chance de conquistar o que tanto quer ?
Já parou pra pensar quantas pessoas queriam estar no seu lugar ?
Agente reclama e mal percebe que sempre tem um amanhã, e que não deveríamos reclamar da vida que temos sendo que muitos tem uma vida muito e muito pior mesmo do que a que temos.
Sempre haverá um amanhã pra corrigir erros, errar, aprender ou ensinar ...
Quando tudo parece errado saiba que não vai durar pra sempre, pois amanhã é um novo dia.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Onde tudo começou ...


No dia 02/12/09, essa data foi marcada e jamais será esquecida pois foi o dia que eu encontrei o amor da minha vida, hoje um ano faz que convivo com ele, um ano de conversas, um ano de sorriso, um ano de lágrimas, um ano de brigas, um ano de reconciliações, um ano de ciúmes, um ano de namoros, um ano de términos, um de recomeços, enfim um ano que vivemos juntos ...
Um ano mais que especial, pois foi nesse ano que passamos por muitas coisas, nos conhecemos melhor e gravamos em nossas mentes momentos lindos, escrevemos grandes histórias boas e ruins no livro da vida.
Nos divertimos, mentimos, nos apaixonamos e amamos um ano inteiro ...
Por isso esse ano foi tão especial, foi o nosso ano, nosso momentos de amor que durará até hoje. Com tantas dificuldades ainda estamos juntos,por mais que estejamos longe ainda estamos juntos e nos amando como no inicio, um ano que não podia ter sido melhor,mas que nenhum outro superará. E se 2011 for assim não tenho mais nada a pedir,por que com ele do meu lado eu esqueço o passado e vivo só desse amor.

Tudo começou estranho sem querer, não sabia que iria tão longe com você ... (♪'

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Tudo caminha devagar.

Olha pro céu,olha cima, olhe pro chão ou talvez feche os olhos, faça como se sentir melhor, pois de qualquer forma se as coisas estiverem bem, não importa o que você fizer tudo será motivo de sorrisos e alegria, aquele belo e irradiante sorriso que todos querem ter e ninguém quer perder, aproveite esses raros momentos com consciência de que eles duram pouco e acabam trazendo desde de uma simples tristeza a uma enorme depressão, saiba que não é errado ser egoísta e querer tudo e toda a felicidade pra si, o errado mesmo é viver da felicidade alheia e se esquecer que tens vida e deves viver das suas conquistas e derrotas não das dos outros, aprenda e viver para si e a não ser dependente de ninguém, se você cair saiba que nada vai passar a sua frente pois quando se trate de amor tudo caminha devagar, no compasso do seu coração, quem manda na sua paixão é você.
Por mais que queira ver tudo passar não será possível assim tão rápido, o tempo cura as feridas da decepção, modifica e prepara um coração para um outro tombo talvez mais feio e mais grave do que o anterior e só cabe a você decidir se vai levantar e se preparar para o que vem ou se vai ficar ali parada esperando que tudo passe por cima de você, pois tudo caminha devagar no compasso do seu coração e tudo se trata de uma paixão.

sábado, 27 de novembro de 2010

E só de ver ...


E só de ver que tudo muda eu fico assustada, com medo de viver, medo de me abrir pro mundo e conseguir tudo que por um tempo foi o que eu mais sonhei, convivemos com medo de várias coisas, as vezes de pessoas, situações e muito mais, pois eu tenho medo do futuro e de perder chances de ser feliz ao lado da pessoa amada, tenho medo de não conseguir mudar e ser uma pessoa melhor, pois por ser assim dessa forma que me encontro hoje eu perdi todos os mais próximos e agora só me restam alguns,os mais distantes que acabaram se achegando aos poucos e hoje se eu os perder não sei o que será de mim, não sei mais se posso contar com o meus melhores do passado, tenho medo que não seja mais bem vinda em suas vidas e que em meu lugar aja outra pessoa melhor, aquela para qual eu gostaria de me tornar, não posso mais aceitar ser assim e perder os últimos que restam pra mim.
Não gosto do fato de amar alguém que talvez não me ame, mas tenha medo de me perder, e as respostas que o destino prometeu aonde estão ? e esse sentimento de culpa, porque me perseguem tanto ? aonde estão todos aqueles que me prometeram estar comigo nos momentos difíceis, talvez nem lembrem de mim nesses momentos, e eu aqui esperando que isso fosse verdade e achando que eu realmente poderia contar com eles, mas não, hoje sim sei e só de ver como as coisas estão eu posso me dar conta que o meu futuro poderá ser bem pior, percebo também que as palavras foram jogadas pro alto e que nunca poderei contar com quem não pode contar comigo,assim como não devo amar quem não pode me amar, mas isso é como dizer que você não devo atravessar a rua por que um carro pode me atropelar.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Por que brigamos.

Eu já pensei, já disse e já tentei lhe deixar mas não dá, eu sinto, eu sei que não posso, pois eu já me prendi a você, a sua vida. O meu coração já pertence a você e por mais que pareça fácil ainda não encontrei uma forma de resgatar meu coração das suas mãos.
Mas eu sempre quis ir embora e deixar tudo pra trás pois no começo era você, a todo o momento brigando por qualquer motivo até que um dia me deparei na mesma situação, brigando e discutindo a todo o segundo e por coisas que não tinham sentido, então um dia desejei que tivesse vontade de ir pra bem longe e assim nunca mais te ver, tive várias chances de realizar tal façanha mas sempre me falto a coragem, e quando tinha breves momentos de reflexão, conversando comigo mesma, me perguntava por que brigávamos e em meio a soluços de um choro que parecia não ter fim eu falava baixinho que não poderia continuar assim, sempre me vendo naquele estado chorando e sem rumo, por que isso fazia muito mal para o meu coração que o amava tanto, não havia mais um dia de paz, pois a tinha perdido totalmente, sempre achei que nossa vida deveria ser de alegria pois nosso amor era tão bonito, mas era impossível esquecer as tolices e não lembrar que todo o nosso amor estava desgastado e que dele só restará uma chama apagada, o medo de ficar só não era tão cruel mas o medo de perde-lo esse sim era tenebroso, não adiantava mais nada, nem ao menos pedir pra que ele não me deixasse pois estávamos tão confusos que juntos não podíamos ficar, e assim em meio a brigas eu te perdi e sinto que talvez nem em um futuro muito distante eu te tenha novamente.

Un día sin ti ♪

 Mais um dia se passa, mais uma vez eu vejo meu coração partido, é, isso é a falta de você, falta dos teus beijos, falta do seu sorriso que desperta o meu, falta do teu olhar, falta da suas mãos tocando as minhas, falta de sentir a sua respiração, falta de ouvir a sua voz,   falta do seu abraço, falta de você, aquela falta que te enche e faz você não saber ao certo se sente falta de alguém ou de um pedaço seu, aquele sentimento avassalador que parece nunca ir embora, vai te consumindo até seu coração se encontrar apertado e seu rosto lavado por lágrimas que representam mais uma porção de sentimentos que estavam pulando dentro de você e não sabiam como sair, do que apenas lágrimas ou seja um monte de água dentro do seu corpo que resolvem sair pelos seus olhos e escorrer pelo seu rosto, prefiro acreditar que são sentimentos reprimidos que resolvem sair para nos mostrar que algo está bom ou ruim de mais, assim me sinto quando fico um dia sem te ver ou sem te beijar, pois para mim um dia sem ti é um dia perdido, um dia em que nada parece me fazer feliz quando o simples fato de estar contigo me faria, um dia sem ti é um dia torturante, é um dia escuro e de certa forma insignificante, é um dia sem graça, é um dia sem sentido, sem motivos pra me fazer morrer de rir, um dia sem ti é um dia no qual eu não vivi.


Un día sin ti es una eternidad ♫'

domingo, 21 de novembro de 2010

Amigo, hoje não mais.

Conhecemos pessoas todos os dias e trocamos sorrisos a todos os minutos mesmo sem nos conhecermos, as vezes começamos a reparar mais em certas características de certas pessoas e tais marcam e nos fazem pensar diretamente nas formas e nos supostos sentimentos que possam sentir por nós e assim desta forma em uma onde dor mar e um sopro do vento estamos amando profundamente um ser que nem se quer soube sentir nem por um minuto e nem um décimo do que sentiras por tal, então nos deparamos em uma situação de angustia e ficamos vulneráveis as agressões verbais alheias, mas como um trovão em dia de tempestade, o amor resolve sorrir pra gente e um belo beijo em meio a lágrimas de medo resolve nos mostras que sempre a esperanças, mas essas são apenas lembranças de um mero passado, contente porém indiferente nos dias de hoje, pois assim nesse estado você se vê deitada em um sofá que fica em sua sala de estar, seu rosto não parece feliz e sua expressão é de tristeza, suas mãos estão suando e seus pensamentos longe, viajando no passado e recordando coisas referentes a fatos que acontecerá naquela noite, até então tinha um amigo que podia chamar de seu e melhor, mas naquela noite tudo mudará e ela descobrirá que ele havia então misturado o fato de ser seu melhor amigo com o fato de ela ter o amado no passado, interpretando mal suas carícias, palavras confortáveis e olhares delicados que deixavam na cara que existirá um sentimento, mas tal somente de amizade e a mais pura dela, com isso em meio a um beijo roubado o pobre coração da menina que encontrava-se apaixonado e amarrado a outro rapaz, viu-se confundido como poderia seu melhor amigo a beijar com tanta paixão e poderia ela recusar o amor ele oferecer-lha ?
Via-se então perturbada por não ter repostas e conviver com o medo de que seu ex descobrisse e então a julgasse por tal caso mal entendido, após conversar com grandes amigas e amigos, decidiu contar a ele e então acabar com o desconforto e mesmo com muito receio esperar que ele a entendesse, chegando em casa com aparência feliz e um belo sorriso no rosto, descobriu que seu amado estaria namorando com outra, automaticamente seu sorriso desaparece e com o cair de uma lágrima uma enorme tristeza invadiu seu olhar, como poderá ele fazer aquilo e como poderá ela contar a ele se tal provavelmente nem se importará mais com ela, então após muito refletir resolveu não contar e pediu para que seu ex amigo que não contasse nada a seu ex namorado, EX AMIGO assim ela o definia em meio a amigos íntimos pois achará que depois do ocorrido ele não merecerá sua amizade, aliás o ocorrido fora que seu excelentíssimo amigo contará a seu ex que ficará com a menina e também aumentará a história com supostos e falsos desejos ocultos da parte da menina, ela deparada com tal situação mostrou-se uma fera, deixou que sua raiva tomasse conta e agrediu o seu ex amigo com palavras, gestos, tapas e suaves mas agressivos empurrões, disse-lhe que jamais a olha-se nos olhos pois ele não merecia mais nem seu mero olhar, e assim em frente a esses novos sentimentos o que pode de amor passar para amizade tornou-se apenas um fútil ódio.

domingo, 7 de novembro de 2010

Perdi você.

É quando agente acha que está mal, na verdade agente está muito bem e feliz só num sabe reconhecer isso, pois eu estava, estive muito mais feliz e hoje já num sei mais o que é felicidade, quero reencontra-lá mas sinto que sem ele nada vai melhorar, a culpa foi minha, nunca deveria ter tentado ser a dona da verdade e arrumar briga com tudo, pois ao invés de traze-lo pra perto acabei o afastando e provavelmente pro resto da vida, num imagino meu futuro sem ele, mas vai ter que ser assim de agora pra frente, então você se vê em sua casa, sem vontade de comer, beber, sair, sorrir, falar enfim sem vontade de tentar ser feliz, sendo torturada pelas lembranças que por mais felizes que sejam te fazem chorar e despertam uma agonia e uma tristeza tão profunda que acaba te fazendo então romper o laço que te unia aos teus sorrisos e momentos de felicidade, fico me perguntando como seria a minha vida se eu nunca tivesse o conhecido, por mais que isso tenha ocorrido eu num desejo mal para ele e nem para ela, me sinto muito indiferente nessa minha vidinha sem sentido, e agora já sei que na vida dele num sou mais ninguém, todo aquele amor hoje não é mais meu, não é mais pra mim, quero muito que eles sejam felizes juntos mesmo que para isso eu seja a  pessoa mais infeliz do mundo, pois na felicidade da pessoa amada eu vou tentar encontrar a minha felicidade, por mais que ele me odeio nesse momento eu sempre vou estar por perto e se um dia ele precisar de mim eu vou estar pronta para ajudar, num quero mais lutar pela minha felicidade pois sei que certamente quando eu o vi partir além do meu coração ter se partido a melhor metade de mim a parte mais feliz e alegre foi levada com ele, num tenho mais esperanças de que um dia ele volte pra mim e me devolva a minha alegria, mas talvez quando o meu coração se recuperar eu possa encontrar outra pessoa que me faça sentir feliz como um dia ele fez, espero que ele ache um dia alguém que o ame o tanto quando eu amei, que seja capaz de parar de viver pra zelar pela vida dele, pois eu acho muito improvável amar outra pessoa com a mesma força e intensidade que eu um dia o amei, num queria que fosse assim, mas já que foi, eu simplesmente vou me isolar do mundo e tentar me recuperar no escuro do meu quarto, pois sei que nenhuma outra pessoa precisa tanto de mim quando eu nesse momento, até por que ninguém precisa de mim, nenhuma pessoa se importa mais comigo e mesmo que se importe não consegue me convencer disso, eu trocaria minha vida meu mundo e tudo relacionado a mim pra poder voltar no tempo e não ter o conhecido, seria bem melhor, eu num teria crescido tanto e me tornado o que eu sou hoje, mas talvez mesmo sendo uma menina ingênua eu fosse feliz e contente.

sábado, 30 de outubro de 2010

Eu, não sou mais eu e você ?

Sabe quando você acorda e de repente não se conhece mais ? você se olha no espelho e não se encontra, não sabe ao certo se você está sonhando ou se realmente mudou tanto da noite pro dia ao ponto de não se reconhecer mais, já em outros momentos você acorda tão certa de quem você é e de quem você vai ser que você tem medo de si próprio e a vontade de sumir lhe consome, é eu vivo nessa jogada do destino, nunca sei como vou acordar amanhã, como vou me sentir e qual face vou tentar reconhecer ou de qual vou tentar me esconder, realmente as vezes acho que estou ficando louca, e nada pode me ajudar, não gosto de ser assim, mas já não me sinto capaz de mudar, todos os planos que eu fiz pra mim hoje já não fazem mais sentido, não me considero uma pessoa feliz, mas triste também não sou,  tenho sonhos como qualquer adolescente, já quis mudar o mundo e  me senti impotente, já chorei e depois vi que não valia apena, já disse que não iria mais chorar e isso não mudou em nada o fato de te amar, e hoje sem mais mágoas eu digo novamente eu não irei mais chorar, porém desta vez não cometerei o mesmo erro, realmente eu sei que vou chorar novamente mais agora não mais por você. Não irei mais chorar, por VOCÊ.
A cada dia que passa o mundo gira mais de vagar, os sentimentos um dia vão mudar, os corações definitivamente parar e assim sempre claro estará o fim pode tardar mas sim, virá.

"O tempo passa não posso mais te ver, das minhas lembranças não consigo te esquecer, é triste sim, você longe de mim que pena que é assim me faz sofrer, eu vou me acostumar a ficar sem você ♪"

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

No fundo do poço.

Hoje sim, hoje eu posso dizer que estou no fundo do posso, mandei embora o amor da minha vida, desapontei quem um dia me amou, cometi erros incorrigíveis, fui ingênua e desleixada, e aos poucos eu vou perdendo tudo que um dia me foi motivo de alegria e felicidade, eu chego a pensar que por algum motivo eu estou pagando algum pecado ou algo do tipo, as coisas estão cada vez piores e eu não acho motivo pra querer continuar, não acho motivo pra deixa-las melhores, uma decisão um pouco delicada pode mudar a minha vida e a minha estrada. Dois caminhos, duas opções, uma só escolha e uma consequência boa ou ruim, fico eu ocupando meu tempo pensando e me perguntando qual seria o meu objetivo, o que será que eu tenho que fazer, qual o meu propósito, por que eu nasci, qual a minha função aqui nesse mundo cruel, talvez fosse melhor se eu não tivesse nascido eu não teria nenhum problema. Não me acho completamente correta porém não me acho completamente errada.
Mais e agora como levantar, erguer a cabeça e continuar como se nada tivesse me derrubado, como encarar essa barra ?
Devo ser equilibrada e flexível ?
Não sei, acho até que não existe mais solução, acho que não tem como retomar a minha vida e tentar ser feliz. Eu gostaria muito que a vida fosse um mar de rosas, que tudo fosse fácil, que caísse tudo sobre as minhas mãos, gostaria muito que tudo fosse obvio.

Vou me larga no sofá,tomar um mate limão, reflito um pouco e chego a uma conclusão,"tudo vai virar passado no futuro, dessa vida não se leva nada ♫"

Perfeito namorado.

Estava tudo tão confuso, eu estava satisfeita em te ter como amigo, eu tinha muitos problemas e estava muito triste, quando eu estava certa que por fim seria feliz e teria o meu amor ao meu lado algo vinha para mudar a minha opinião e deixar claro que eu nunca seria feliz, era uma coisa tão forte que me abalava completamente, me deixava perdida e eu então resolvia começar do zero, só que por outro caminho e de repente tudo mudava, era como uma bomba quase explodindo diante dos meus olhos, não na verdade não era uma bomba, era ele, era exatamente ele, me impedindo de desistir dele e do nosso amor, ele nunca me deixou escapar, sempre fazia questão de deixar claro que me amava e não queria me perder, eu sempre voltava e colocava fé que tudo iria dar certo novamente até por que eu só amava ele e mais ninguém e como ele suspeitava ou tinha certeza que eu o amava ele radicalizou e tomou uma atitude que gerou o meu mais profundo agradecimento e trouxe a tona a minha mais pura alegria. Ele retomou o nosso namoro e eu senti que ali eu podia confiar que seria feliz eternamente enquanto durasse.

Garoto tu é de mais eu quero ser com você  feliz completamente, hoje amanhã e sempre.

Medo de perder você .

Não sei ao certo como descrever o meu sentimento, não é fácil  saber e administrar isso que eu sinto, nesses momentos me bate um medo enorme medo de perder você, é como se eu estivesse roxa de ciúmes e me dá uma vontade até de te bater, eu tento disfarçar e fingir que não me importo em sentir que posso te perder a qualquer momento, tento engolir a seco, mais é tudo em vão, eu não consigo evitar, o meu coração fica apertado, as minhas mãos ficam suando, meus olhos ficam cheios de lágrimas,me passam mil coisas na cabeça, mil sensações e é como se todas as células do meu corpo resolvessem ir contra mim, contra a minha vontade, tudo sai do meu controle e eu tenho vontade de te prender pra mim. Eu sei que isso não é certo, muito pelo contrário esta muito longe de ser certo, porém o medo de perde-lo é maior do que tudo.

Ciúmes é nome que se dá ao medo de perder quem agente ama.

sábado, 28 de agosto de 2010

Eu só queria ser feliz.

Vários conflitos com a minha personalidade, vários problemas dos quais eu não sei e nem imagino a solução.
Eu sempre quero o melhor pra mim e pra todos a minha volta, mas no final eu sempre fico mal e na maioria das vezes eu estrago a vida dos outros também, não importa se eu fiz a escolha pensando em mim ou neles, eu sempre fico péssima, sempre me arrependo, volto atrás e sofro e como sofro, sofro tanto que até me esqueço que esse não é o meu único problema, assim ele fosse meu único problema, por que com tudo ele é bem menos complicado do que esse problema que envolve mais de uma pessoa especial envolve quase todas elas, mais voltando ao assunto.
Ele pode se tornar a minha solução, só que eu não sei o que fazer para que isso aconteça eu confesso que até consegui a solução do meu problema mais assim do nada o meu problema foi substituído por um outro bem maior. Agora sinceramente eu me sinto impotente sei que não posso e não devo faze-lo escolher entre eu e o seu futuro até por que é fato que ele iria escolher o futuro, nesse momento eu só queria a mais pura amizade que ele tivesse  para me oferecer mais sinto que não será possível, ele não sabe, não quer e não consegue se tornar meu amigo. Estou confusa não vou negar, talvez eu nem saiba amar ou ama-lo, também não sei mais em quem posso confiar, eu só quero amigos e uma chance de mudar não só eu e sim tudo ao meu redor, me expressando melhor, eu quero é renovar tudo e todos, quero um amor eterno e verdadeiro nem que seja feminino, sim eu afirmo que não confio em homem algum, todos me fazem sentir mal e os que não fizeram farão.
Se a minha felicidade estiver nos braços de uma mulher, eu sem receio algum a aguardarei com ansiedade, pois se for esse meu destino que venha essa mulher e que me traga essa espécie de "bomba da felicidade".
Não sei o que pensar, nem em quem acreditar ou quem escutar, meu coração é muito  traiçoeiro e nele eu não sei se posso confiar.
No mais fundo dos meus desejos eu só queria saber , poder e ter a solução de todos os meus problemas, talvez assim eu fosse feliz ...

"Mandar os problemas e geral tomar no cu  ♪"

Quem mente um dia sente ♪ (desabafo)

As mentiras nem sempre tem um final agradável não é verdade ?
Sabe quando você descobre uma coisa que não lhe agrada nem um pouco ?
Bom eu descobri que vivi a minha vida inteira achando que fosse alguém da qual eu não sou, sabe quando você acha que sabe de onde veio e de repente nem sabe quem são suas raízes verdadeiras, as pessoas que você conviveu anos não são ninguém realmente, não existe laço nenhum que te prenda a eles e você nem sabia disso.
Enquanto você estava em um lugar desconhecido pensando em nascer, aqui fora havia uma guerra por que uma desvirtuada queria paz e resolveu deixar um homem qualquer assumir o filho dela e daí, essa criança nasce e desconhecidos há criaram. Por pena ? por amor ? por que, realmente por que ?
Duas malditas versões de uma mera história de vida, em uma você foi abandonado na outra você foi roubado e eis a questão, em quem você deve acreditar ?
Em seu lugar não acreditaria em ninguém ...
Esse é meu mundo, onde nada, mais nada mesmo aparenta ser o que realmente é, onde uma das pessoas mais importantes na sua vida, no seu desenvolvimento como ser humano, não é absolutamente ninguém pra você, você não sabe ao certo se não gosta ou só quer distância, você ama e venera realmente são os extranhos aqueles que não são o seu sangue que não são realmente nada seus, apenas um punhado de conhecidos.
Os verdadeiros são insignificantes, o certo é errado.
Os falsos são mais que tudo, o errado é mais que certo.
E agora quem me diz que existe laços de familia ?

Agente aprende a amar qualquer um que nos ame ♪

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O tempo passa ♪

O tempo passa, o mundo gira e eu sempre na mesma situação o que não é ruim não, muito pela contrario e muito bom, aliás é ótimo por mais que eu as vezes surte queira terminar a minha vida no meio da estrada mais eu sempre volto atrás depois quando eu surto de novo eu me arrependo de ter voltado atrás mais dai eu volto atrás de novo e tudo se encaixa eu fico muitas horas tentando entender por que  é só com ele que eu quero viver, por que é só ele que me faz voltar atrás nas decisões tomadas, por que é só ele que ocupa a minha cabeça durante o dia todo, por que quando eu não o vejo eu morro de vontade de vê-lo, por que tantas perguntas sem resposta, algumas pessoas me ouvem questionar certos fatos sobre ele ou me escutam falar o tempo todo dele e por isso chegaram a conclusão de que eu estou completamente apaixonada  e estou ou talvez esteja obcecada por ele, na verdade eu não sei ao certo o quanto ou como eu o amo tanto, digamos assim, só sei que isso parece não ter fim e talvez pra sempre seja o melhor pra mim.

O tempo passa não consigo, não consigo te entender, das minhas lembranças não consigo te esquecer ....

sábado, 21 de agosto de 2010

Um belo porre !

Quando você não sabe mais o que fazer, você faz exatamente o que ?
provavelmente pergunta a alguém o que ela faria em seu lugar, pois eu não, eu sempre faço escolhas erradas em momentos errados e também penso de uma forma errada, por esse motivo é que quando não sei o que fazer eu apago todas as luzes que me iluminem, me sento em um canto qualquer, pego um pote de doce de leite, sorvete ou leite condensado, como e choro, simplesmente como e choro. Isso não soluciona os meus problemas mais é que eu me ocupo fazendo isso e esqueço deles por alguns instantes. Hoje pela primeira vez eu não irei fazer isso, hoje eu vou tomar whiskey.Vou encher a cara e depois me aconchegar em minha cama  e ficar até a madrugada pensando em como a minha vida poderia ser bem melhor, como os meus problemas poderiam se resolver sozinhos e como eu poderia nem ter nascido, você já quis não ter nascido ?, eu já !
Alguém poderia vir e me falar que eu sou dramática que a vida é um mar de rosas pra quem sabe ir colhe-las, mais eu não acredito mais em conto de fadas, em amor eterno, em coincidência, em metade da laranja, em nada que seja fictício, eu quero uma realidade o mais real possível, eu quero sim que tudo volte a ser como era, mais também quero que essas sensações loucas saiam de mim imediatamente, estou cansada  de parecer uma louca tentando saber o que é que eu estou sentindo e por que estou sentido. Que se exploda esse amor que não fluí, não posso parar de te amar e também não sei a solução dos meus problemas então o que devo fazer ? beber e  beber ...
Vou tomar um belo porre e então me sentir com sono, irei dormir e fingir que amanhã tudo se resolverá sozinho.
"Talvez eu só precise de um porre e um novo amor."

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O que fazer ?

Mais uma vez me pego pensando o porque de ser assim,  eu só sei que aconteceu e eu não queria que tivesse fim, porém não tenho mais certeza se realmente vale apena, acho que devo desistir e seguir outros caminhos, aqueles que me levem para um lugar certo, um lugar onde eu possa ter certeza que eu ficarei por um bom tempo e que eu serei a unica a habitá-lo, não quero mais conflitos e guerras com o meu coração e sei pra isso preciso e devo abrir mão de você, por mais que isso me cause uma enorme dor eu saberei que será o fim.
Essa com certeza é mais uma das suas aventuras, onde eu fico apenas na espera que você volte e relembre que eu te amo e que um dia mesmo que pouco você me amou.
Mas e se isso não acontecer e se nem for isso que esteja acontecendo, e se você realmente nunca gostou de mim, e se você não foi capaz de me falar antes que só amará e sempre amou ela, o que eu posso fazer agora, me vendo em mais uma situação de angustia, onde eu posso sentir, prever e saber que algo já aconteceu ou está prestes a acontecer e sei que isso pode mudar totalmente o que eu pensava sobre você, jamais mudará meu sentimento mais talvez mude a minha vontade de seguir a te esperar  eu não posso e não quero esperar uma coisa que não me trará nenhum bem, por mais que eu te ame muito eu não posso viver assim sempre sabendo que uma palavra sua possa me fazer um mal terrível, que uma atitude possa me causar a vontade da morte, eu já não sei mais se quero viver assim, talvez os opostos só se atraiam e  não cheguem a lugar nenhum.
O tempo não cura as feridas do coração o tempo só faz com que a dor amenize, e pra que o meu coração possa curar eu preciso matar o mal pela raiz.
Eu devo tomar coragem, tirar as lágrimas dos meus olhos e por um fim nisso, deixar bem claro que eu desisto por não ter mais condições de sofrer, talvez eu me arrependa e se eu me arrepender eu desejo que seja tarde de mais e eu não possa voltar atrás por que de todos os meus arrependimentos não houve um que eu não me arrependesse. Eu sempre acho que se eu voltar atrás as coisas vão ser diferente e realmente são, são bem piores pra mim ...
Então que haja um fim nessa história que parece não ter fim, que o amanhã seja iluminado, que depois da chuva venha um lindo sol de verão e que o calor derreta o gelo do coração dele e o faça ver que a amizade é a melhor solução.
Nada de primeiras nem segundas intenções apenas uma brisa para acalmar os corações, aquela que vem e mostra que um acordo, que uma simples proposta de amizade verdadeira pode trazer o bem a todos !

Deixa assim, deixa tudo só pra mim, deixa eu ver no que vai dar por que eu só quero é ser feliz  ♪
Não sei se sou tão capaz de viver sem você ♪

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ele sabe amar ♪

Era o namorado da minha amiga, aquele menino distante que eu achava extranho pelo fato de não conhece-lo, falei com ele um dia e o adicionei no orkut sem nenhuma primeira nem segunda intenção, adicionei apenas por adicionar, logo ele pediu meu "msn" e eu sem nada pra perder o passei, ele me adicionou e eu o aceitei e apenas ficou ali. Alguns dias se passaram e ele era só aquele contato como todos os outros.
Últimos dias de aula, um calor deprimente e lá estava eu, esperando a minha amiga para irmos juntas para casa quando me deparo a frente do ex namorado dela e então me lembro de que ela havia me dito que sairiam juntos para conversar e talvez "ficar". Decidi então perguntar para ele aonde ela estava, perguntei e ele me disse : - Eu nem vi ela hoje, combinei de sai com ela e ela sumiu :s
Eu agradeci e resolvi ir embora foi então que a minha outra amiga aparece e diz que vai me acompanhar, ele então resolve ir conosco para ver se não a encontra por aí.
Então quando atravessamos a rua vimos ela sentada na praça da escola, com um ar de quem estava ponto de nos matar, ele vira as costas e vai embora enquanto ela se levanta e segue conosco.
Chego em casa entro no "msn" e ele fala comigo o papo foi assim :
- Oi tudo bem ?
- Oi, tudo e com vc ?
- td sim, ein a tua amiga ta com ciumes de ti !
- ai capaz, pq ?
Ele então me mando uma conversa onde a minha amiga surta, dizendo que ficou muito triste por ele estar comigo e não com ela e que se ela marcar de sair com ele de novo e ele deixar de falar com ela pra ficar conversando comigo ela vai se matar :O' (Sim a minha amiga é tipo muito dramática e foi dela que eu puxei isso), então diante daquilo eu falei o seguinte :
- Ah ela so pode ta loca, tu nunca ia fik comigo isso é fato.
- pq ñ ?
- pq eu num tenho nd qe te interesse rsrs'
- ah capaz tem sim !
E nesse papo agente foi até decidirmos ficar, passou natal e ano novo e tudo parecia como um sonho eu me apaixonei perdidamente por ele e eu assim achava que ele por mim, depois de algum tempo eu não aguentei mais e fui obrigada a contar pra minha amiga que estava tendo uma espécie de relacionamento com o ex dela, (sim agente estava se falando sem o conhecimento dela)
Após eu contar ela declaro guerra há ele e o fim da nossa amizade.
Eu pensei sériamente em acabar com tudo que pudesse existir entre eu e ele simplesmente para não ter que abrir mão da minha amizade com ela, eu só queria fazer o melhor para todos.
Ele então me disse : - Tu faz o que tu achar melhor pra ti amr, mais eu se fosse tu num trocaria um amor verdadeiro por uma amizade falsa ...
Eu passei dias pensando nisso e decidi que iria continuar e tentar alcançar meus objetivos com ele, e sobre ela eu tratei de me sentir melhor e coloquei na minha cabeça que se ela fosse minha amiga de verdade não iria me abandonar.
Passaram-se alguns dias e ela volta a falar comigo e então me dizer que ficou com ele novamente e que ele disse pra ela que a amava mais que tudo na vida dele, confesso que naquele momento me senti uma mera formiguinha sendo pisada por um ser humano sem coração, fui falar com ele para tentar entender o porque de tudo aquilo, não conseguia entender se ele me amava tanto porque me torturará ficando com a minha amiga, ele só soube me dizer que teria sido sem querer e jogou toda a culpa nela, eu me senti usada eu havia trocado a minha amiga por ele e ele sem sentimento algum teria feito aquilo comigo.
Só que era tarde demais para questionar porque meu coração havia me colocado naquela situação, resolvi então perdoar, e assim aconteceram varias vezes, uma pior,  mais dolorosa e mais difícil de esquecer do que a outra, aturei isso sem tomar atitude alguma durante 4 meses e pouco. Durante esse tempo muita coisa aconteceu, eu e a minha amiga brigamos diversas vezes muitas delas por cause dele, eu e ele também brigamos diversas vezes e a culpada da maioria delas foi ela. Eu finalmente "fikei" com ele no carnaval e na frente dela, sem saber que ela ainda o amava e me vendo com ele eu estava ferindo ela.
Ela não admitiu se sentir daquela forma e resolveu se vingar de mim, num belo dia em que eu falava poucas e boas de todos os meus amigos e dele também ela me ligou e pediu para mim repetir todas as bobagens que eu havia dito sobre eles, eu falei mais deixei bem claro que estava de brincadeira e que ela não deveria em hipótese alguma dizer aquilo aos meus amigos pois eles interpretariam tudo errado e iriam me odiar por tais fatos.
Mais a dor que ela sentirá dentro de si se transformará em odeio todo o tal voltado a mim, foi esse sentimento que fez ela gravar nossa conversa edita-la no computador e então fazer um dos meus amigos ouvir e assim mostrar para todos os outros envolvidos quais tais quando dei por mim estavam me desprezando.
Fiquei com um ódio muito profundo dela e jurei que assim que possível eu me vingaria.
Passaram se dias, semanas e eu finalmente já tinha tudo de volta, meus amigos me perdoaram e ele com muito custo também.
Resolvi ir conversar um pouco com uma de minhas amigas, chegando lá me deparo com a "trairá" (assim que eu me referia à ela rsrs)
Quando me vê ela vira as costas e sai deixando eu e a minha outra amiga sem entender nada, bom na verdade eu estava sabendo o que acontecerá lá, com muita raiva fui atrás e ela então se abraçou em mim e começou a chorar me suplicou desculpas e eu então deixei como estava, não a desculpei porém também não cortei a relação eu estava ciente de que o quanto mais perto eu estivesse mais oportunidades eu teria de me vingar e como diz o ditado "A justiça tarda mais não falha".
O tempo passou e agente estava como se nunca tivéssemos brigado antes, já com ele a coisa estava muito triste, ele havia se declarado para mim pela décima vez +/- e alguns dias depois já estava se declarando e ficando com outra, dessa vez não era ela mais o fato me causava a mesma dor e angustia quanto com ela.
Eu não soube administrar o que estava sentindo e sem pensar nem por um segundo eu falei tudo o que pensava , achava e sentia a respeito daquilo, foi tão espontâneo que chegou a ser grosso, ele ficou muito ofendido e não foi para menos pois eu falei e fiz de tudo para que ele se sentisse mal, ele então disse que nunca mais falaria comigo na hora eu disse que estava tudo bem, porém a noite a minha consciência não me deixou dormir, sentei na minha cama e digitei um enorme texto em uma mensagem e  enviei para ele.
No outro dia perguntei se o tal havia recebido e ele me respondeu que não mais se fez interessado ao me perguntar o que estava escrito nela.
Eu então disse a ele, e ele muito orgulhoso que é me falou que eu devia ter pensando antes de falar o que havia falado, e após muita mais muita insistência ele começou a falar comigo normal, eu viajei e quando estava prestes a voltar ele me surpreende com palavras de carinho e uma preocupação não só comigo como também se eu já havia encontrado algum "pretendente".
Confesso que eu fiquei muito iludida com aquilo que de certa forma confundirá minha cabeça, então fiz um pedido a ele, pedi que fosse me buscar quando eu chegasse ele aceitou o que de muitas formas me fez feliz.
Chegando aqui eu não o vi e logo me decepcionei, de certo modo eu já esperava algo assim, mas de qualquer forma foi uma surpresa o que não me afetou muito, cheguei aqui entrei no "msn" e ele se desculpou por não ter ido, não disse motivos e eu também não me interessei em saber, depois conversando com ela eu descubro que ele do nada falou que quando eu voltasse ele me pediria para voltarmos a namorar, um absurdo porque nunca teríamos namorado, deduzi então que isso seria um pretexto para fazer ciúmes nela o que se confirmará quando ela me diz que ele MINUTOS depois perguntou se ela não gostaria de voltar a namorar com ele.
Fiquei completamente indignada, mais deixei passar ...
Passou algum tempo e um menino que eu amava muito, no passado voltou para Livramento eu então pensei em refazer a minha vida com ele ou melhor dizendo usa-lo para esquecer do passado.
"Fikei" com ele e por um deslize da boca grande de uma colega minha isso chegou nos ouvidos do dele (menino que eu amo).
Ao chegar no "msn" ele conversou comigo normal até tocar nesse assunto e quando eu confirmei que havia sim ficado com outro ela quase me matou, de certa forma com a agressividade e suas palavras ele me feriu profundamente, por que por mais que eu estivesse afim de esquece-lo e viver com outro eu ainda o amava. E eu já não estava entendendo mais nada, não sabia por que ele estava tão nervoso e irritado se agente não estava junto, e isso eu mencionei enquanto ele me xingava, e ele me falou que era pra gente ter um relacionamento se eu tivesse ido vê-lo, num dos dias que eu não fui.
Passei a noite ao prantos, até me conformar que se ele não queria  mais nem me ver não merecia todo aquele tempo que estava sendo gasto com ele e para ele.
No outro dia ele veio falar comigo, por que o meu sub nick era totalmente dedicado pra ele e então o tal veio me pergunta se era pra ele o que dizia lá, eu fui bem estúpida e disse que não tinha que responder nada, resolvi insistir nessa história por que eu queria que ele me desse oi,  ou seja eu só queria que ele me comprimentasse.
Ele queria por que queria que eu acreditasse que ele me amava, mais no fundo eu não estava certa desse sentimento eu queria que ele me falasse isso olhando nos meus olhos por que como eu disse para ele e não acredito que ele seja tão falso ao ponto de mentir olhando nos meus olhos.
Foram 3 bolos que eu tomei até decidir que eu não queria mais saber dele, e então eu deduzi que ele não queria nada comigo só não sabia me dizer isso, tudo ficou ainda mais complexo na minha cabeça quando ele "fikou" com ela ( a traíra ) mais uma vez.
Havia chegado uma encomenda para ela do seu suposto namorado virtual, e eu com muita raiva dei todos os presentes que ali tinha, fiquei com um urso, dei um anel pra um amigo e uma palheta para uma amiga ...
Fui falar com ela (a traíra) e falei tudo o que  sentia, ela chorava e mais raiva me dava e vontade de faze-la sofrer, o momento foi digno de até alguns tabefes.
Conversei melhor com ele ( menino que amo ) e acabei desculpando-o, ele disse olhando nos meus olhos que me amava e eu me senti segura disso.
Talvez mais para a frente eu sofra por ele "fikar" com outras, mas eu nunca vou expulsa-lo completamenta da minha vida, pois para tira-lo dela serei obrigada a tira-lo da minha cabeça e eu jamais vou tirar da cabeça o que não sai do meu coração !
Ele vai se aventurar e vai procurar coisas novas, vai conhecer meninas interessantes eu sei disso pois ele é assim, porém sempre vai ser como sempre foi, ele sempre vai voltar pra casa !
Eu sempre achei que era tudo curtição que ele nunca iria viver uma louca paixão, mais hoje eu descordo não por que aconteceu comigo mais sim por que ele está feliz, vivendo o que sempre quis ou talvez o que está prestes a descobrir e ele descobrirá, por que ele sabe amar ♪

sábado, 10 de julho de 2010

Aonde está o amor agora ?

Parece que não sou a única que você quer, parece que não sou a única flor que te pertence. É explícito que a verdade parece ser ruim pro teu lado, que na verdade não sabe ter a difícil. Exploda-se esse amor que não quer vir. Se já não me queres mais, o que resta é a solidão. Por que pra ti não importa eu te querer, não importa eu te amar. Importa com quem ficar mais fácil. Bem, parece ser isso, de certeza não tenho. Explique-se. Porque tentando me agradar com outra pessoa no meu lugar não é a solução. Era o meu coração que se escondia no fundo do meu peito embora o seu que doía? Por pensar que o meu doía quatro vezes mais, isso te ajudaria? Isso te animaria? Animaria viver tua vida sem a minha, se o teu desejo for viver em vão. O teu cheiro era uma delicia oculta, mas será que ele sempre foi só meu?

quinta-feira, 8 de julho de 2010

É o tempo !

Eu estava sentada, sentindo-me completamente só. Havia gritos que viam de longe, pessoas pulando e eu apenas ali. Não sabia de onde vinha minha força de permanecer e deixar estar. Eu parei o tempo. Tudo ao meu redor não se movia, a cantora não se mexia e eu perguntava-me: o que estou fazendo aqui? Eu poderia ter corrido ao meu vizinho, botar um dvd acústico na tv e ficar completamente submersa em seus braços. Mas, o máximo que fiz foi olhar pela janela, tomando coca-cola e desabafando comigo mesma. É errado dizer que a solidão é impossível, tenho a experiência que posso estar em uma multidão, mas estar sozinha. Se dê um tempo assim, para pensar ou talvez só para relaxar. Coloque tudo no lugar, sonhe e principalmente planeje o amanhã. Talvez haja dificuldades em seu projeto de vida e ele pode mudar com o tempo. Mas, não perca as oportunidades, assim como eu sempre perco. Eu me odeio muito por isso, sempre perco a hora certa e faço tudo errado. Voltando... Estava só com um milhão de seres mortais ao meu redor. Estúpida eu por pensar que em última hora eu teria uma surpresa. Cansei e é por isso que quero, quero que me deixe de uma vez. Não tenho medo de escuro, então se não for para ficar, não acenda a maldita luz (..)

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Quando o amor acontece ♥

 Era uma segunda feira, duas da tarde e aquela preguiça que bate depois do almoço e depois de ter acordado as 6 horas pra ir pra escola, qdo minha mãe vira e fala:
 - Lara, por favor, vai no banco pra mim?
 - Mais tarde, pode ser? – eu perguntei.
 - Mais tarde o banco fecha menina. Vai la pra mim agora.
 Lutar contra a pressão piscicológica da minha mãe definitivamente ñ é nada fácil, e então eu fui. Qdo cheguei la a fila estava enooooorme e eu qse voltei pra casa, mas acabei entrando na fila. Passando algum tempo alguém me esbarra e fala:
 - Desculpa! Foi sem querer.
 Quando eu viro pra tras eu vejo o Gustavo (claro que na época eu ñ sabia como ele se chamava) então eu fiquei muito sem graça, pq ele era mto lindo, mto mesmo. E ai toda sem graça eu ri e disse:
 - Tudo bem.
 Como a fila tava enorme nós dois ficamos no banco um tempão, e as vezes eu fingia que estava olhando alguma coisa que tivesse atras de mim só pra ficar olhando ele de relance (todo mundo ja fez isso, né? haha). Qdo chegou minha vez, depositei o dinheiro e qdo fui saindo ele vira e fala:
  - Desculpa, mais uma vez!
 - Imagina! Ñ foi nada não. – eu falei, e tinha ctza que eu tava muuuuuuito vermelha.
 Voltei pra casa agradecendo muito por ter ido ao banco, e como a minha cidade era minúscula, interior de São Paulo, eu tinha certeza que eu voltaria a vê-lo de novo, e então decidi que iria no centro todos os dias pra ver se eu o via de novo. E ele ficou na minha cabeça todo o restante do dia. Ñ sabia explicar, afinal eu nem tinha conversado com ele direito, mas o fato é que tda hora ele me vinha na cabeça, toda hora mesmo.
 Na escola eu sempre tinha manhia de ficar na porta da minha sala durante o intervalo, nunca saía de la. Minha sala ficava no segundo andar então eu ñ via oqe acontecia na escola, ñ via ngm a não ser os meus amigos. No dia seguinte, na terça feira, eu fui pra escola e fiquei com aquele menino lindo na cabeça. Dps da aula nem fui pra casa, almoçei num restaurante perto do tal banco e fiquei andando no centro pra ver se eu achava o menino, se eu via onde ele ficava ali, se ele trabalhava em algum lugar, enfim, eu queria ver se eu descobria qlqr coisa sobre ele. Mas nada. Eu andei, andei, andei, andei e ñ o vi. Nossa, fiquei chateada. Perdi o meu dia e ñ o vi. Fui pra casa, olhei o orkut de qse todo mundo qe eu conhecia e nada, ñ achei nada sobre ele.
No dia seguinte, na escola, eu desço pra comprar lanche (o que raramente acontecia) e qdo estou indo pra fila ELE sai da lanchonete. Eu gelei, fiquei nervosa, começei a tremer, fiquei loca. Ele ali? Ele na minha escola? Ele estava ali o tempo todo ali e eu nunca o tinha visto. Fiquei pirada, loca. Ele passou por mim e ñ disse nda, ñ me comprimentou nem nada. Mas tudo bem, ja tinha ganhado o dia por saber qe ele estudava na minha escola!
No outro dia tinha algumas amigas minhas perto dele, eu fui comprimentá-las e comecei a conversar. Chamei a Luíza de lado e perguntei:
- Lu, quem é aquele la? - e apontei pra ele.
- Ele? O Gustavo! Metade dessa escola é afim dele, ele é lindo né? Por quê?
- Não, nada ñ. Só achei ele bonito, só.
Nessa hora me bateu um desapontamento. Metade da escola era afim dele e o que levaria ele ME escolher entre tantas né? Eu ñ tinha nenhuma chance olhando por esse lado. Mas tudo bem, tentei não pensar muito nisso.

 Tentei, juro que tentei, tirar ele da minha cabeça antes que tudo aquilo começasse a me atrapalhar, antes que eu me apaixonasse de vez por um menino que eu nunca tinha conversado. Mas quem disse que ele saía da minha cabeça? Cheguei em casa, almocei e a vontade de ir pro Centro ver se eu o via novamente foi imensa, mas me segurei e ñ fui. Dormi, fiz minhas tarefas e a noite, qdo entro no orkut eu vejo que ele tinha me add. Eu morri, qse gritei de felicidade, qse dei um treco; haha. Qdo vi tinha um recado assim, dele: "Oi, te vi na escola hoje. Vc é a menina do banco né? haha. Me add ai. Beijos!" Eu fiquei em estado de choque. Então ele tinha me visto, então ele tinha me reconhecido.. mas pq ele ñ me comprimentou? Pq?
Mas tudo bem, o fato de que ele procurou por mim no orkut e ter me add ja era alguma coisa. Ou melhor, ja era MUITA coisa. Eu respondi o recado e esperei a resposta. Mas nada. Então fui dormir, e fiquei imaginando um monte de coisa a respeito dele, fiquei pensando se ele tava pensando em mim tbm, essas coisas de pessoas apaixonadas, sabe? haha. No outro dia eu estava numa disposição pra ir na aula, nossa! KKKK.
Cheguei la uns 15 minutos mais cedo e fiquei no pátio pra ver se ele chegava e me comprimentava, mas o sino bateu e nada dele chegar. Então fui pra sala e na hora do intervalo fui comprar lanche de novo e fiquei com minhas amigas la em baixo. Passado algum tempinho ele chega e uma menina vem correndo e abraça ele. E ele retribui aquele abraço como se tivesse amando, sabe? Nossa, eu morri! Entao virei pra minhas amigas e disse:
- Gente, vou ali. Tchau!
Fui pro banheiro e choreeei, choreeei, choreeei.
O sino bateu indicando o fim do intervalo e fui pra sala.
Chegando la todo mundo perguntando o que tinha acontecido, mas ñ dava pra falar né? Falar que eu tava mal daquele jeito pq tinha visto uma menina abraçando um menino qe eu mal conversei ia parecer muito ridículo.

Foi ai que eu me dei conta de que realmente aquilo tudo tava sendo muito ridiculo. Mas dizer isso pro meu coração ñ era facil. Eu tentava ñ pensar, tentava prestar atenção na aula, tentava me distrair, mas meu coração tava mto apertado, sabe? Tinha uma coisa intalada na minha garganta, um aperto enorme por dentro.
 Cheguei em casa, almocei, fiz as tarefas e fui dormir. Não entrei na internet justamente pra ñ correr o risco de ficar olhando pras fotos dele no orkut, essas coisas. Mas adiantou? Não! Eu ficava pensando, revendo a cena da menina abraçando ele e a cara de felicidade que ele fez. Nossa, foi terrível.
 No dia seguinte eu cheguei na escola e fiquei onde sempre ficava: na porta da sala. Eu ñ queria vê-lo. Mas é como dizem: qto mais a gnt tenta esquecer, mais a gnt lembra. E era isso que tava acontencendo! Por ñ querer pensar nele, eu pensava mais ainda.
  Cheguei em casa, almocei, fiz tarefa, ajudei minha mãe, e a noite entrei na internet. Qdo entro no orkut um recado dele do dia anterior: "Oi, passa seu msn! Beijos." Não respondi de imediato, mas acabei passando.
Em seguida ele ja me adicionou e ja foi falando:
 - Oi, foi na aula ñ?
  - Fui, pq?
 - Ué, ñ te vi.
 Pensei na hora: ele sentiu minha falta. Nossa, que maximo! E então isso fez com que eu amolecesse e parar de pensar que ele era um tipo de monstro que eu era obrigada a tirar da cabeça. Conversamos muuuuuito, ele me contou que participava dos jogos da cidade (ficava na torcida), enfim, me contou algumas coisas sobre ele e eu sobre mim.
 Logo qdo tudo tava dando um pouquinho certo chega o bendito final de semana. Nossa, foi uma coisa horrível saber que eu ia ficar dois dias sem vê-lo. Parece pouca coisa, mas no grau de ansiedade e na empolgação que eu estava era quase impossível esperar isso tudo!
 Acordei tarde, como sempre, no sábado e por volta de meio dia minha amiga liga:
- Larinha, a gente vai pra casa da Luíza, vc vem?
- Ué, vamos! Que horas?
- Duas horas. Passa aqui em casa pra gente ir?
- Ta bom. Uma e meia passo ai.
- Então beijo. Tchau.
Por um momento me bateu um arrependimento tão grande. Eu pensei que se eu não fosse eu poderia ficar no MSN o dia inteiro esperando o Gustavo e conversar com ele. Mas ai eu olhei pra mim no espelho do meu quarto e disse pra mim mesma: “Lara, vc ñ vai deixar de viver por um menino, ta? Ele ñ é seu namorado, ñ é nada seu. E mesmo que fosse vc tem outras prioridades e amigos, então pára com essa bobagem!”
Almocei, arrumei e saí.
Ter me dado uma auto-lição-de-moral ñ adiantou nda. Eu ficava voando, ficava com o pensamento longe o tempo todo.
Há umas três quadras da casa da Roberta, que ficava próxima ao centro da cidade, eu olho pra uma turminha de meninos sentados na porta de uma casa que estava do outro lado da rua e quem tava la? Gustavo! Eu ñ fui cumprimentá-lo nem nada, continuei andando. Quando eu estava quase em frente aos meninos eu olhei rapidinho pra eles e pra minha imensa felicidade e vergonha o Gustavo tbm olhou pra mim e nossos olhares se encontraram. Eu fiquei sem ação, só continuei andando, e ele sorriu. Abriu aquele sorriso enorme, mas não disse nada. Eu sorri também ainda olhando pra ele, mas continuei andando. Depois que esse momento mágico passou (cerca de 3 segundos, hahaha) eu olhei pra frente e continuei andando. Eu sei que foi uma fração de segundos tudo aquilo, que foi pouca coisa, mas meu coração acelerou de repente e eu senti milhões de emoções juntas. Foi como ter comido dois quilos de chocolate de uma vez. Não dava pra explicar o quanto foi bom, o quanto foi realmente incrível.
Eu já tava com a cabeça na lua, já tava pensando muitas coisas antes disso, agora então.. nossa, eu queria voltar, ficar no MSN fazendo plantão esperando ele entrar. Mas eu lutei contra essa vontade e fui pra casa da Roberta. Cheguei la, esperei ela acabar de arrumar e fomos pra casa da Luíza. Chegamos la, vimos um filme (ou melhor, tentamos ver né? Foi só conversa! haha), fizemos aquela farra que sempre fazemos qdo ajunta todas as amigas. Quando já tínhamos feito muitas coisas decidimos ir todas pro computador. Entramos no orkut e nos convites da Luíza la estava ele pedindo pra ser adicionado. Quando vi aquilo me bateu um ciúme, uma coisa muito estranha, meio sem explicação. Ela vira e fala:
- Geeeeeeeeeente, o Gustavo me adicionou, nem acredito! Que tuuuudo!
Todas minhas amigas ficaram histéricas por causa disso. Ai eu vou e falo:
- Nossa, eu já tenho ele até no MSN, conversamos muito ontem!
Foi só falar isso e elas começaram a falar:
- Sério? Nossa! Que legal. Ele é legal com você? Vocês conversaram sobre o que? De onde você conhece ele? – enfim, começaram aquele mooooonte de perguntas.
Então eu contei pra elas do banco, dos assuntos no msn, de tudo. Menos que eu estava louca com ele. Eu iria parecer muito iludida, muito bobinha e além do mais elas eram minhas melhores amigas, mas o fato de gostar dele era pura ilusão, pura perca de tempo.
Depois disso tudo, depois de incontáveis histórias sobre muitas coisas eu fui embora! Passei pelo mesmo caminho mais nada dele, não tinha mais ninguem na porta da casa.
Cheguei em casa, tomei um banho e fui pro  computador. Entrei no MSN e nada dele entrar. Passou uma hora, duas, três, quatro .. e nada! Quando era por volta de três hora amanhã eu desisti de esprar e sai.

 Deitei e fiquei pensando: " É, ele é do tipo que sai, que faz a maior farra. Não deve gostar de compromisso, essas coisas!" Ele mal sabia que eu existia e eu ja ficava pensando em compromisso com ele (rs).. e fiquei pensando no tempo que eu tava perdendo gostando dele, essas coisas! Eu não saía, não fazia nada, amava ficar em casa.. e ele completamente o oposto. Não daria certo, com certeza!
No domingo acordei, almoçei e fui pra internet. Ele não  tava onlline, e nem entrou durante o resto do domingo. Ai eu pensei: "É, realmente, ele é mto farrista!" E mesmo me forçando a achar que nunca daria certo nós dois eu tinha, no fundo, um ciume imeeeeeeeeenso dele. Não sei porque, nem como, mas a verdade é que eu ja queria saber onde ele tava, com quem ele tava, enfim, tudo.
Na segunda feira na escola ele também ñ apareceu. Fiquei  desapontadissima! Chegando em casa entrei correndo na internet e nada dele entrar.
Na terça também não apareceu, nem na escola, nem na internet. 
Na  quarta também não.
Por fim, na quinta feira quando chego na aula vem a Ana  Rosa voando pra cima de mim:
- Lara, Lara, Lara.. você ficou sabendo? 
- Sabendo de que?
- O Gustavo ta no hospital!
Perdi o chão literalmente, fiquei sem ação, não sabia o que fazer, o que falar, não sabia como reagir àquela notícia. Eu não sabia se chorava, se ficava quieta, que cara eu fazia, eu não sabia. O mundo perdeu o colorido assim, de repente. Quando dei por mim tinha duas lágrimas, uma de cada olho, caindo. A Ana Rosa me abraçou. Eu não sabia por que ela tava fazendo isso, não entendi a reação dela. Mas eu retribuí o abraço. Quando ela me soltou ela olhou pra mim com todo o amor do mundo e disse:
- Não precisa falar nada. Eu entendi tudo já. O jeito que você falou dele na casa da Luíza foi de quem estava apaixonada. Eu vi nos seus olhos!
O sino tocou no meio daquele abraço perfeito, a gente se soltou e ela pegou meu rosto entre as mãos dela, olhou nos meus olhos e falou:
- Eu estou com você, independente do que aconteça!
Não consegui falar nada. Eu sorri, ela sorriu e foi pro lugar dela. Eu fui, sentei no ultimo lugar da fila e todo mundo começou a me perguntar o que tava acontecendo. Eu queria que eles sumissem dali. Queria ficar sozinha, eu e os meus sentimentos confusos. Queria pensar, não queria ter que explicar pra ninguém (ou melhor, mentir o porquê eu tava daquele jeito).
A professora chegou, perguntou se eu tava me sentindo bem.
- Não professora, to muito mal.
- Então fica fora da sala um pouco Lara. Quer que alguém vá com você?
- A Ana, pode ser professora?
- Ta bom. Se você não melhorar vai na supervisão e pede pra ir embora, ta bem?
Concordei com a cabeça e saí, junto com a Ana.
 Sentamos em uns banquinhos no pátio e eu perguntei:
- Como assim? Por que ele ta no hospital?
- Não sei direito, Lara. Mas o Felipe disse alguma coisa sobre Diabetes.
- Mas não é serio não né? – perguntei desesperada.
- Não sei.
Ficamos em silêncio.
- Quando tudo isso começou, Lara? – ela me perguntou, do nada.
- Isso o que?
- Essa paixão por ele?
Nossa, fiquei muito sem graça de responder. Eu não queria admitir pra ninguém que eu tava “apaixonada” por ele, mas ali, naquela hora, eu senti que nela eu podia confiar, pra ela eu poderia me abrir.
- Não sei, Ana. Foi crescendo, dia após dia.
Ela viu que eu tava sendo sincera. Eu não sabia dizer exatamente quando tinha começado.
- Eu sei que to sendo muito idiota, que ele nunca vai olhar pra mim, que ele é muito popular, muito bonito, muito tudo-de-bom pra ficar comigo, mas eu não sei o que ta acontecendo comigo! – eu tentei me justificar.
Ela riu.
- Eu abro o meu coração pra você, e você ri Rosa? – sempre quando o assunto era mais sério, quando tinha um tom grave na conversa, ela era chamada de Rosa. Sempre.
- Não Lara. – ela disse um pouco nervosa – Eu to rindo por você ficar se achando tão pequena diante dele. Pra você ter idéia foi eu que passei seu orkut pra ele porque ele me pediu. Ele correu atrás de você, correu pra saber quem era você, como você chamava, essas coisas.
Não posso negar que uma onda imensa me bateu. Já que ela sabia muita coisa sobre ele, eu perguntei:
- E a menina que saiu correndo pra abraçá-lo aquele dia e ele ficou tão feliz?
Ela ficou séria, demorou, mas respondeu:
- É a namorada dele.
Agora sim eu senti o que era desespero. Todos os sentimentos possíveis relacionados a tristeza e decepção me invadiram como uma avalanche. Eu queria gritar, fazer birra e chorar igual a uma criança de dois anos, ao mesmo tempo queria sair chutando em tudo e batendo em tudo como um vândalo, queria sair mandando todo mundo ir a merda igual um louco.. nossa, queria fazer mil coisas de uma vez. Em 5 segundos eu senti coisas terríveis. Foi uma coisa terrível. Ai eu me lembrei do orkut, não tinha nenhum ‘namorando’, nenhum depoimento, nem foto, nem nada dela la.
- Ana, mas no orkut não tem nada?
- Olha, tudo que eu sei é o Felipe que me conta. Sabe o Felipe como é né? Meu melhor amigo e um dos melhores do Gustavo. Então.. ele me disse assim logo depois que você saiu de perto no dia do abraço: “Nossa, o Gustavo e a Paloma tinham brigado e ela da um abraço nele desse jeito, na frente da escola inteira? Foi ridículo! Eles nem voltaram a se falar e ela faz isso. Já é a segunda vez e o Gu ta muito bravo com ela por ter feito aquilo”.
Ela me contou isso e eu fiquei espantada e feliz ao mesmo tempo. Então perguntei:
- Mas e a cara de felicidade dele?
- Ai Lara.. se seu namorado saísse correndo no meio da escola, mesmo vocês tendo brigado, e pulasse em você te dando um abraço você iria mandar ele parar, sair de perto? Não né? Ele deve ter feito aquela cara pra não fazer feio na frente de todo mundo, sei la. Pelo que o Felipe me conta ele nem gosta dela. Ele só ta com ela porque ela não larga do pé dele.
- Ah, mas ele poderia ter mandado ela parar, mandando ela largá-lo e ter falado umas verdades na cara dela na frente de todo mundo né? Ia ser muito legal!
E nós duas caímos na risada.
Era sempre assim.. por mais grave que fosse a situação, por mais triste e mais depressiva, a Ana sempre tinha aquele jeito rápido de resolver as coisas.. era a melhor amiga do mundo!

O sino bateu indicando o segundo tempo e nós duas voltamos pra sala. Não tinha sentido ficar ali.. poderia dar problema!
Entramos na sala, sentamos. Ela tava longe de mim e não tinha ninguém perto (eu tinha sentado na ultima cadeira). Tudo bem que saber que ele só namorava por pressão era bom, mas o fato de ele ter uma namorada não era nada agradável. Isso me deixou mal, por mais estranhas que fossem as maneiras que esse namoro acontecia, ele existia.
Era estranho e inexplicável o que eu sentia. Era muitas coisas pra uma só pessoa. Não sabia se ficava feliz ou triste, se ria de tudo isso ou chorava. Mas eu sabia que iria passar, um dia. Eu sabia que por mais que ele tivesse namorando eu ainda tinha alguma chance, por mais improvável que fosse. Afinal, nós não procuramos orkut, pedimos MSN, sorrimos na rua pra uma pessoa que não seja interessante pra gente né? E isso me confortava. Saber que ele dava pequenos indícios de “gostar” de mim era muito bom.
Assisti as aulas sem falar com ninguém, sem sair do lugar. Eu queria, eu precisava ficar ali, sozinha.
O tempo passou e tocou o sino pro intervalo. Sai com minhas amigas para o pátio, onde eu sempre ficava depois que descobri que o Gustavo estudava ali na escola.
Foi estranho ele não estar ali. Eu sempre ficava ali esperando ele chegar, ficava muito feliz quando eu via e agora saber que ele não ia estar ali era estranho. Perto das minhas amigas eu tentei manter a calma, principalmente quando elas falaram dele no hospital. Quando o assunto surgiu eu não chorei, mas a Ana Rosa não tirava os olhos de mim pra tentar ver a minha reação. Eu preferia que ele não tivesse me olhando, eu sabia que ela entendia que eu tava muito mal só de olhar pra mim, e eu não queria isso. Não queria ninguém vendo como eu estava, nem mesmo ela.
O assunto não acabava, e os ouvir os outros falando dele como o “menino popular da escola” era estranho. Porque pra mim ele não era só isso. Ele era muito mais!

Quando o sino tocou eu estava subindo as escadas e alguém chega atrás de mim, encosta na minha mão e me entrega um papel. Eu viro e vejo que é o Felipe (o melhor amigo dele e da Ana Rosa). Ele olha pra mim e faz uma cara como se dissesse “não me pergunta nada”. E eu não perguntei. Ele parou na escada e eu continuei subindo. Abri o papel e tinha um numero de telefone. Eu estranhei. Peguei meu celular, coloquei no confidencial e liguei. Chama, chama, chama e atende. A voz era muito parecida com a do Gustavo, mas eu não tinha certeza. Desliguei na hora, eu não teria coragem de falar com ele (ou com quem quer que fosse). Afinal, falar o que? Eu nem sabia se ele sabia que era eu ou então por que o Felipe me deu o telefone dele. Só sei que fiquei totalmente confusa. Não contei pra ninguém sobre o telefone, nem pra Ana. Deixei quieto e não liguei mais.
A aula demorou a acabar, demorou muito mesmo, mas quando acabou fui direto pra casa, sem falar com ninguém. Cheguei em casa, almocei, fiz tarefas e dormi, dormi, dormi, dormi. Acordei 8 horas da noite (nossa!) e nem entrei no MSN. Minha mãe tinha saído, fui ver TV, tomei banho, jantei, e vi mais TV. Eu sabia que minha mãe iria chegar só por volta de meia noite então resolvi esperar. Quando ela chegou perguntou o que tinha acontecido e eu disse que não tava me sentindo bem.
- Que você tem?
- Dor de cabeça muito forte, mãe.
Ela foi na cozinha e me deu um remédio. Eu sabia que nenhum remédio iria melhorar a minha dor de cabeça nem o aperto no coração que eu tava sentindo. Mas tomei o remédio assim mesmo. Fui pra cama de novo. Não sei como, mas dormi imediatamente.
No outro dia quando acordo e olho no relógio já era 7:15 da manhã. Fiquei desesperada porque eu tinha aula e eu já tava atrasada. Levantei e perguntei a minha mãe porque ela não tinha me chamado e ela:
- Ah, você tava dormindo tão profundamente e pensei que seria melhor você ficar por causa da dor de cabeça de ontem.
Nossa, eu queria abraçar a minha mãe por ela ter deixado eu faltar a aula.. era tudo que eu queria! Eu precisava realmente ficar em casa, dormndo, sem fazer nada, só pensando na minha vida e no que eu tava fazendo.
Fiquei o dia todo sem fazer nada. A noite eu entrei na internet, respondi recados do orkut e nada dele aparecer.
Sábado fiquei o dia todo em casa, não tava com animada pra sair. Ele também não aparecia, não entrava no orkut. Foi ai que eu peguei o meu celular, coloquei no confidencial de novo e liguei praquele numero do papelsinho.
- Alô? – disse a voz no telefone.
Eu não respondi.
- Alô? .. Alô? .. Alô? – e desligou.
Eu não falei nada, não tive coragem. Mas ter ouvido ele falar, saber que ele tava vivo (é, porque quando recebi a noticia do hospital pensei o pior.. rs), saber que ele tava conversando normal era muito bom. Muito bom mesmo!

 Passa o sábado e nada dele entrar. Domingo ele também não entra no MSN. Eu fiquei em casa, sem fazer nada o final de semana inteiro, só fazendo plantão na internet pra ver se ele entrava, mas não. Ele tinha sumido, não dava noticias, nem nada. Eu queria saber se ele ainda tava no hospital ou se já tinha saído mas não tinha como saber. Liguei pra Ana Rosa e ela disse que não sabia, mas iria ligar pro Felipe pra saber e me retornaria com a resposta. Mas até agora nada. Já era seis da tarde de domingo quando ela me liga e fala:
- Lara, ele já ta em casa. E já ta bem. Acho que foi só uma crise, não foi nada sério.
Eu queria pular, gritar, festejar, fazer tudo que fosse possível pra agradecer por ele estar bem.
Na segunda levantei toda feliz pra ir pra escola. Chego um pouco mais cedo pra vê-lo chegar, mas não vi. Infelizmente eu teria que esperar até o recreio.
Como sempre acontece quando estamos ansiosas, a aula pareceu demorar uma eternidade. Quando bate o sino pro recreio eu desço correndo com a Ana e quando chego no pátio ele ta la, sentado com os amigos dele e pra imeeensa felicidade a garota que tinha abraçado ele aquele dia estava em ouuutro lugar, bem longe dele. Pra mim foi a melhor coisa do mundo.
Eu e Ana sentamos num banquinho perto de onde eles estavam e o Felipe nos viu. Quando ele saiu de perto do Gustavo pra vim nos cumprimentar o Gustavo vira o rosto e olha pra mim, e como eu também estava olhando pra ele nossos olhares se encontram e ele abre aquele mesmo sorriso de quando me viu na rua no sábado. O que eu mais queria na hora era sair correndo, pular no pescoço dele e dar um beijo super apaixonado, mas eu não podia fazer
isso. Guardei a vontade só pra mim.Desviei o olhar pra conversar com o Felipe e ele virou novamente pros amigos dele. De repente a namorada dele chega e vem abraçando ele. Quando eu vi isso eu queria morrer, sumir, chorar, mandar ela ir à merda. Mas aconteceu algo muito melhor que isso: ele simplesmente desvia do abraço e sai de perto dela. Ela ficou super sem graça e eu mega feliz. Eu tinha certeza que se tivesse um buraco ali na frente dela ela teria pulado e se escondido, pra sempre. Mas ao invés disso ela olhou muito sem graça pra todos os amigos dele e saiu (eu vi que ela estava prestes a chorar).
A Ana e o Felipe, do meu lado, também estavam vendo e começaram a rir. Então o Felipe vira e fala:
- Eles brigaram. Dessa vez parece que é oficial que tenham terminado. E pra sempre também. O Gustavo não agüenta mais ela.
Por maior que tivesse sido o meu sorriso, eu nunca conseguiria demonstrar através de um sorriso a verdadeira felicidade que eu estava sentido. Era surreal aquilo. Era tudo que eu queria (ou pelo menos era um pouco do que eu queria). A Ana olhou pra mim com uma felicidade imensa também e só consegui retribuir o olhar e o sorriso. Era como se eu tivesse saído de um frio de dez graus negativos e ter caído dentro de uma panela com água fervendo. Me subiu um calor, uma coisa estranha. Eu queria sair cantando, pulando e agradecendo. Não fiz isso, claro. Mas eu sentia que cada centímetro do meu corpo estava festejando pela notícia. Era, sem dúvida, uma sensação maravilhosa!
Eu sabia que aquele era o dia mais perfeito da minha vida até agora. Eu fui pra sala no fim do recreio e nem parecia que eu estava prestes a assistir dois horários de Gramática e um de Literatura (sim, são as matérias que eu mais odeio).. eu estava tão feliz que nem isso foi capaz de me desanimar. Eu tava com um sorriso imenso, tava dando bom dia pra todo mundo, eu estava fora de mim.
Cheguei em casa e deparo com meu irmão – meu irmão morava com meu pai (meus pais eram separados). Eu pensei que ele iria entrar no computador e ficar la o dia inteiro. Mas não. Ele tinha pegado filme e me deixou em paz no computador. Era tudo que eu queria: o Gustavo brigado com a namorada e eu com o computador livre pra mim poder conversar com ele a vontade! Não poderia ser mais perfeito.
Mas foi mais perfeito sim. Eu entro no MSN e ele me chama:
- Oi.
- Ei, ta jóia?
- Melhor do que nunca! Terminei o namoro.
- Ué, e ta feliz por isso?
- To, e muito. Era tudo que eu queria, já não tava agüentando mais ela.
Eu era capaz de subir nas paredes de tanta felicidade. Eu não sabia por que, afinal ele falar isso não tinha nada a ver comigo, mas o fato de saber que ele já não gostava mais dela me dava uma paz, uma coisa tão boa!
A gente conversou um tempão no MSN e o resto da semana na escola foi tudo bem. Eu e ele não tínhamos trocado uma palavra pessoalmente ainda, mas sempre que ele me via ele abria um sorriso lindo e eu ficava muito feliz.
A semana passou e no sábado a tarde a gente começou a conversar e ele fala:
- Você tem crédito no celular?
- Tenho – eu respondo.
- Me liga só pra mim achar meu celular, eu perdi.
Peguei meu celular e liguei.
Passa um tempinho ele fala:
- Droga!
Eu estranhei ele falar isso, e perguntei:
- Por que ta falando isso?
- Eu pedi pra você me ligar só pra guardar seu numero de celular, mas você me ligou no confidencial e ai nem deu certo minha tática.
Eu li e reli aquilo que ele me disse umas vinte vezes. Não tava acreditando que ele falou aquilo. Depois de ter certeza do que ele disse, eu respondi:
- Você é muito bobo. Podia ter pedido! – e fui e mandei o numero do meu celular.
De repente meu telefone toca, e quando eu olho ta escrito: Gustavo. Eu gelei, mas atendi. Ai ele fala:
- Lara?
- Oi – eu respondi quase morrendo de felicidade.
- Só liguei pra você gravar o meu numero, ta?
- Ah ta.
- Então ta. – e desligou.
Nossa, eu mooooorri. Ele podia ter passado o telefone pelo MSN né? Mas não.. fez questão de me ligar. Me deu uma sensação tão boa, foi perfeito ter ouvido ele me falar. Eu tinha anotado o numero dele quando o Felipe me deu o papel, mas ele (Gustavo) não sabia. Foi tão bom, mais tão bom ter ouvido ele falar comigo!

E assim se seguiu alguns dias. Eu sempre conversava com ele no MSN mas nunca conversava pessoalmente. Ele não voltava com a namorada (ainda bem!) e cada dia que passava a gente tava mais próximo. Começamos a conversar com web can, mas nunca conversávamos pessoalmente.
Até que chegou uma quarta feira, oito horas da noite e ele não tinha entrado no MSN ainda. Estranhei, ele sempre entrava àquela hora. De repente o meu celular toca e eu vejo que era ele. Estranhei ele me ligar, ele nunca fazia isso. Eu atendi e ele com uma voz péssima:
- Lara?
- Oi Gu!
- Lara, desculpa te ligar agora, mas é que eu precisava conversar com alguém.
- Aconteceu alguma coisa?
- Meu avô.. deu outro ataque cardíaco e faleceu.
Ele tinha me contado alguns dias atrás que o avô dele estava internado com problemas no coração, mas eu não sabia que a coisa era tão grave. Me bateu uma coisa tão ruim. Não era meu avô, eu nem sabia quem era, mas ouvir o Gustavo falando daquele jeito foi terrível.
- Guuu, meus sentimentos! Nossa, que horrível. – eu mesma senti que poderia ter falado outra coisa. Isso que eu disse me pareceu um pouco vago, mas não era capaz de achar as palavras corretas pra falar.
- Obrigado Larinha. Nossa, to muito mal. Eu era muito apegado a ele, sabe? Muito mesmo!
- Eu imagino como você esteja. Mas não fica assim não. – mais uma vez eu vi que tinham sido as palavras erradas. Pedir pra alguém não ficar mal quando um parente querido morre é quase como contar uma piada muito sem graça no meio de um velório. Então eu perguntei: - onde você ta?
- Estamos aqui na funerária. O enterro vai ser amanhã as dez horas da manhã. Me contaram da morte dele só agora.
- Ai Gu, que péssimo. Meus sentimentos, de verdade! – de novo eu tinha dito outra coisa muito idiota. Mas eu não tinha reação, eu não sabia o que tinha que ser dito nessa horas. Sempre que algum parente das minhas amigas faleciam eu simplesmente ia no velório, dava um abraço nelas e ficava ali dando força.

- Estão me chamando ali. Depois eu te ligo. Tchau. Brigado pela força ta? – ele disse.
- Que isso Gu! Imagina! Sempre que precisar pode ligar.
- Brigado. – e desligou.
Foi ai que me bateu a idéia de ir até la dar uma força, já que por telefone eu não tinha falado coisas muito confortantes. Liguei pra Ana Rosa e ela disse que o Felipe já tinha contado pra ela e que ia la com o Felipe agora.
Eu conversei com a minha mãe (ela já sabia da minha paixão por ele) e ela concordou em me levar la. Eu me arrumei, coloquei minha melhor roupa – lógico que não fui como se estivesse indo pra balada, mas me arrumei direitinho ne? haha – e então saímos de casa.
Quando chegamos la me deu uma ansiedade. Era meio estranho trocar as primeiras palavras com o atual ‘amor-da-sua-vida’ no velório do avô dele né?
Quando desci do carro minha mãe perguntou se eu queria que ela me buscasse ou se eu iria passar a noite ali com ele, dando uma força. Eu disse que ligaria pra dizer. Era estranho minha mãe estar tão liberal. Mas por outro lado era muito legal. Fiquei feliz de saber que ela confiava em mim até esse ponto.
Respirei fundo e entrei. Um frio na barriga terrível. Procurei pela Ana Rosa e nada dela. Quando olho em uma direção quase ao lado do caixão ele estava la, de cabeça baixa. Eu não sabia o que fazer. Não sabia se esperava a Ana pra ir com ela até la ou se eu ia sozinha. Mas se eu fosse, o que eu falaria? Que gesto eu fazia? Eu abraçava? Eu segurava a mão? Eu esperava ele tomar a iniciativa? Eu não sabia o que fazer. Então eu encostei na parede e fiquei olhando pra ele. De repente ele levanta a cabeça pra olhar pra mãe dele (na época eu não sabia quem era ela, claro) e eu vi que ele não tinha chorado mas tava muito abatido, muito pra baixo! Ele conversa com ela e eu fiquei olhando pra ele. Ele era tão fofo mesmo quando tava triste.

Quando ele parou de conversar e virou o rosto o olhar dele encontra com o meu e ele abre um sorriso muito impróprio pra ocasião. Eu também sorri com todo amor que consegui reunir – talvez um sorriso dissesse o que eu não tinha conseguido falar em palavras pelo telefone – e ele levantou e veio andando na minha direção. Eu sustentei o olhar dele e ele veio andando, andando, andando e quando vi ele já tinha me abraçado. Eu retribui aquele abraço e por mim ficaria ali o resto da vida, sem se mover, daquele jeito pra sempre. Foi o melhor abraço do mundo, sem dúvida. Então ele sussurrou no meu ouvido:
- Valeu por ter vindo. Você não tem idéia do quanto é bom saber que você ta aqui!
Não falei nada. Só continuei abraçando ele. Quando ele me soltou, ele olhou pra mim e eu pra ele.

- Vem cá, senta aqui. – ele me chamou.
Fui com ele e eu sentei, do lado dele e fiquei la. Quando olho pra direção da porta a Ana Rosa e o Felipe estavam la, olhando pra gente. A Ana fez uma cara de quem não tinha acreditado no que acabara de ver, mas eu vi que ela tava feliz por mim.
A Ana e o Felipe foram até la, cumprimentaram ele e depois nós quatro saímos pra tomar um ar (tinha uma espécie de varanda la na funerária). Eu via que o Gustavo tava mal, muito mal, mas eu não disse nada a respeito.
Quando era por volta de uma hora da manhã o Felipe fala:
- Ana, vamos embora?
O Gustavo diz:
- Já vão?
- É mano, minha mãe ta sozinha em casa, sabe como é né? Eu tenho que deixar a Ana em casa, prometi pra mãe dela. Mas a Lara fica ai com você né?
Os três viraram pra mim e eu vi que todos queriam que eu dissesse que sim. Ai eu falei:
- Nossa, não sei. Tem que ver com a minha mãe.
Eu sabia que ela iria deixar, mas não queria falar logo de cara que eu ficava né? Talvez até mesmo o próprio Gustavo não quisesse que eu ficasse. Então ele falou:
- Pede ela, quero que você fique.
Eu sorri e olhei pra Ana que fez uma cara como se dissesse “você é obrigada a ficar ou se não eu mesma te mato”. Então liguei pra minha mãe e perguntei se não tinha problema de ficar ali. Ela disse que não e quando eu disse pra todo mundo que ela tinha deixado todos sorriram de felicidade, inclusive o Gustavo.

 A Ana e o Felipe se despediram do Gustavo e foram embora. A gente ficou um tempo em silêncio, sentados, um do lado do outro. Foi muito constrangedor ficar com ele ali, sozinha. Eu não sabia o que falar, não sabia o que fazer. De repente ele fala:
- Eu gostava tanto do meu avô. Ele sempre me apoiava sabe? Mesmo quando ninguém mais acreditava que eu ia conseguir fazer alguma coisa, ele acreditava que eu poderia sim. Mesmo que eu não conseguisse atingir minhas metas era bom saber que ele tava ali comigo, que eu podia contar com ele sempre que eu precisasse.
Eu fiquei em estado de choque. Era estranho ouvir alguém abrindo o coração pra gente assim do nada né? Eu só olhei pra ele e ele começou a chorar. Eu percebi que era um choro sincero e talvez fosse a primeira vez que ele estivesse chorando depois que soube da morte do avô dele. Eu peguei a mão dele num impulso e só consegui falar:
- Chora. Coloca tudo pra fora!
Não sei se foi a coisa certa a ser dita, mas pelo menos ele chorou, chorou, chorou, chorou e eu continuei com a minha mão sobre a dele, mas sem falar nada. Ele só chorava, chorava, chorava. Quando ele já tava acalmando ele me abraçou, mas eu sentia que ele ainda tava chorando. Depois que ele me soltou ele disse:
- Pedi pra você ficar, mas você deve ta cansada né? Amanhã também tem aula. Se você quiser ir embora eu vou entender.
Lógico que eu não ia embora, acontecesse o que acontecesse. Eu não sairia dali de jeito nenhum.

O tempo passou e nós ficamos ali, trocamos pouquíssimas palavras, mas tudo bem. De repente ele fala:
- Nossa, que sono!
Foi a minha vez de parecer educada né? E falei:
- Olha, se você quiser ir pra casa dormir você pode ir. Não é porque eu estou aqui que você tem que ficar. Eu ligo pra minha mãe e ela me busca numa boa, não tem problema.
Ele olhou pra mim e falou:
- Eu quero ficar aqui, eu quero ficar com ele (tava se referindo ao avô) o máximo que eu puder.
- Então ta, você quem sabe. – e sorri.
Ele foi e deitou no meu ombro. Nossa, foi tão lindo! rs.
Tava tudo tão bem, eu tava tão feliz por estar ali com ele. Mas como tudo que é bom dura pouquíssimo tempo a nojenta da ex-namorada dele chega. Era umas três horas da manhã. Quando eu vejo ela eu falo:
- Olha la quem chegou. – e mostrei ela.
- O que essa menina ta fazendo aqui? – ele disse como se estivesse se referindo a pessoa mais chata do universo.
- Ué, veio te dar uma força. Sua namorada né?
- Minha ex-namorada. – disse ele fazendo questão de levantar a voz quando foi dizer ‘ex’, dando a entender que não havia mais nada entre eles.
Eu tentei esconder a minha felicidade ao ouvir ele falar isso e acho que consegui. Quando ela viu nós dois ali ela veio na nossa direção.
Ele continuou deitado no meu ombro só que quando ele viu que ela tava chegando ele segurou a minha mão. Quando ela viu isso ela fez uma cara como se estivesse prestes a pular no meu pescoço, e eu simplesmente dei uma risadinha muda só pra ela (aquelas risadas sarcásticas sabe? de provocação?). Ela veio, se agaixou na nossa frente – o Gustavo fez questão de fingir que não tinha visto ela se aproximando – segurou a outra mão vazia dele e disse:

 - Sinto muito amor. Você tinha que ter me ligado quando ficou sabendo! Assim que eu soube eu vim. Sei que ta de madrugada, mas eu queria te abraçar, te dar uma força.
- Você não precisava ter vindo, Gabriela. – ele falou num tom super seco e continuou segurando a minha mão.
Ela fez a cara mais horrível do mundo, foi muito engraçado. Eu segurei pra não rir, mas ela viu que eu tava feliz de vê-lo fazendo aquilo. Então ela disse:
- Você é sempre tão bobo. – e riu sem graça.
E então saiu e foi cumprimentar a ex-sogra.
Eu pensei que ter abraçado o Gustavo seria a coisa mais perfeita do mundo naquela noite, mas aquilo ali foi muito melhor. Foi surreal, foi perfeito! Realmente muito perfeito.

A Gabriela não voltou pra falar mais nada, só pra se despedir. Isso era umas cinco da manhã e logo depois que ela foi embora a mãe dele chega pra ele e pergunta:
- Quem é essa? Nova namorada?
Eu fiquei vermelha, azul, rosa, roxa, preta, laranja, cinza, todas as cores juntas de tanta vergonha. Ai ele respondeu rindo:
- Não mãe. Não é não!
Ai ela super sem graça disse:
- Ah ta, desculpa! Mas filho, você deve ir em casa comer alguma coisa, você ta sem comer nada a noite toda. Sua amiga deve ta com fome também né? – eu vi que ela direcionou essa ultima pergunta pra mim.
Então pra não dar na cara eu falei:
- Eu to bem. Até esqueci da fome.
Logo depois me arrependi de ter falado isso. Eles olharam pra mim e eu vi que eles entenderam o que eu quis dizer: que ta ali com o Gustavo era mais importante até que comer. Fiquei com muita vergonha. Ai ele disse:
- É, a gente vai então. – e me puxou pra gente sair.
Foi ai que eu pensei: “eu, na casa do Gustavo, só com ele.. era a coisa mais perfeita do mundo!
Entrei no carro com ele e a gente foi. Comemos (só eu e ele na casa), ele escovou os dentes, trocou de roupa e nós voltamos. No meio de uma conversa sobre várias coisas ele pergunta:
- Lara, você tem namorado?
Gelei toda e respondi:
- Não! Se eu tivesse não estaria aqui com você né? Seria meio estranho! – e ri.
Ele também riu e nós continuamos a conversar.
O dia já tava claro quando os amigos dele começaram a chegar e eu me senti muito excluída da turma, mas mesmo assim fiquei la.
Deu dez horas e anunciaram que iria fechar o caixão. Quando o moço da funerária disso isso ele segurou a minha mão num impulso. Eu olhei e disse:
- Calma Gustavo.. vai la!
Ele levantou e foi. Ele olhou pro avô dele e não disse nada, só começou a chorar. Um choro silencioso mas muito profundo. Me bateu uma tristeza tão grande. Eu fiquei com medo de que ele deixasse de ser aquele menino brincalhão que ele era (mesmo por MSN), fiquei com medo de que aquele sorriso tão lindo dele sumisse pra sempre.

Passou alguns minutos ele saiu de perto do caixão e veio na minha direção. Entre todos que estavam ali ele abraçou a mim. E chorou, chorou, chorou. Depois quando todo mundo tava saindo da funerária (o enterro seria com as pessoas a pé) ele segurou a minha mão e foi de mão dada comigo até um certo ponto do trajeto. Quando estávamos chegando ao cemitério ele passou a mão pelo meu ombro – como se fosse um abraço – e eu passei a minha mão pela cintura dele e a gente continuou andando.
Eu estava feliz pelo fato de estarmos tão próximos, mas eu daria tudo pra que tudo aquilo tivesse acontecido em uma outra ocasião. Era péssimo ver a pessoa que você queria que estivesse bem numa situação daquela.
No cemitério ele continuou me abraçando e disse:
- Não vou conseguir ver isso. Vamos la pra fora.
Nós saímos e ficamos em silêncio o tempo todo. Eu respeitei isso. Embora ele não chorasse eu sabia que por dentro ele estava completamente destruído.
Quando todo mundo já estava saindo ele disse:
- Vamos, vou te deixar em casa.
Expliquei pra ele onde eu morava e ele me deixou em casa.
Quando o carro parou na porta da minha casa eu dei um abraço nele e disse que se precisasse de alguma coisa era só ligar. Ele me soltou, olhou pra mim e disse:
- Você foi perfeita. Brigado por tudo ta?
- Já falei que não precisa agradecer. – sorri, abri a porta do carro e saí.

Não vou negar que eu fiquei pensando que ele iria me beijar, mas tudo bem. Ter feito tudo aquilo, ter tido aquela noite (mesmo num velório) foi muito perfeito. Pra quem nem conversava com o garoto pessoalmente isso foi um salto do tamanho do Everest!
Eu tinha perdido a aula do dia, mas não tinha problema.
Na sexta feira quando eu chego e conto tudo pras minhas amigas na escola, elas piraram. Contei tudo, tudo mesmo.
Passa sábado e nada dele no MSN. Domingo ele também não entrou (pelo menos eu não encontrei ele).
Na segunda feira eu pensei que ele não iria na aula, por isso eu nem preocupei em chegar mais cedo.
Na hora do recreio quando desço pra comprar lanche eu o vejo. Ele me vê também e sai la de onde ele estava e vem na minha direção e me da um abraço tão apertado que me levantou do chão. Quando ele me soltou eu falei:
- Que susto! Não esperava um abraço aqui na frente de todo mundo. – e ri.
- Ué, por que? Seu namorado não pode ver?
- Não! Eu já disse que não tenho namorado – eu falei meio que rindo – é que, sei la, você parece ser tão reservado.
- É, realmente tem muita coisa minha que você não sabe. – e riu. Eu fiquei sem entender o que ele quis dizer com aquilo, mas tudo bem.
Continuamos a conversar um pouco e depois fui comprar lanche e conversar com as minhas amigas.
Elas faziam novamente aquela cara de quem não tinha acreditado no que tava acontecendo, elas ficaram bobas com o abraço.
Até a aula pareceu mais agradável. Eu pensava que aquilo seria o mais perfeito de tudo. Mas não. Eu não tinha nem a mínima idéia do que me esperava.
Bateu o sino do fim da aula e eu fui saindo. Quando eu estava naquela bagunça com trezentas pessoas querendo sair por onde só cabia cem (haha) vem alguém nas minhas costas e passa as mãos pelo meu pescoço e me abraça por traz, sabe? Eu assustei, lógico. Quando viro era o Gustavo.

Aquilo foi surreal. Foi muito perfeito, foi muito bom. Eu olhei pra ele, ri e continuei andando. Quando saímos da escola (a rua sempre fica lotada de alunos) ele vira pra mim e fala:
- Vai dizer que você não esperava isso também?
Eu ri e falei:
- Não. Também não.
- Nossa! Mas já que to te surpreendendo tanto..
Eu só senti a mão dele no meu pescoço e a boca nele na minha. Eu retribuí o beijo embora o nervosismo e a felicidade estivesse alastrando por cada centímetro do meu corpo. Não tem com o que comparar nem como explicar. Só quem sente sabe. Foi o momento mais perfeito. Quando cai na real ele tinha passado a mão na minha cintura e eu tinha passado as minhas pelo pescoço dele. Ele me beijava devagarsinho, um beijo romântico. Ele foi diminuindo o ritimo até que me deu dois celinhos e parou de me beijar. Olhou pra mim e sorriu. Eu sorri também, mas não falei nada. Eu não simplesmente não tinha o que falar. Depois de olhar pra ele durante uns segundos eu falei:
- Realmente você me surpreende.
Ele riu, despediu de mim com outro celinho e saiu.
Quando viro pra ir ao encontro das minhas amigas eu olho pro lado e a Gabriela estava aos prantos. Ai eu percebi que metade da escola estava olhando pra gente. Eu continuei andando sentindo aquele monte de olhos em cima de mim e quando localizo minhas amigas e elas estavam boquiabertas com o que acabara de acontecer. Eu só sorri quando cheguei perto delas. A Luíza me perguntou:
- Como você se sente depois de beijar o menino mais cobiçado do colégio?
Suspirei e respondi:
- Por incrível que pareça eu não me sinto feliz por beijar ‘o menino mais cobiçado do colégio’. Eu me sinto feliz por ter beijado o Gustavo. Ele é muito mais do que essa fama toda dele. Muito mais, com certeza! – era tudo que eu tinha a declarar. Ele não era só aquele rostinho bonito. Ele era perfeito: por dentro e por fora! Eu não sabia explicar o que eu estava sentindo, mas só tinha uma coisa que eu tinha certeza: eu não queria parar de sentir.. queria que fosse assim, pra sempre!

Eu estava louca pra entrar no MSN e conversar com ele, ouvir ele dizer o que tinha achado e me explicar exatamente por que tinha beijado. Eu cheguei em casa, entrei correndo no computador e ele não estava. Eu deixei o computador ligado e só coloquei ausente enquanto eu almoçava e fazia tarefa. Por volta de três ta tarde ele entra. Eu pensei: ‘não vou chamar.. se ele quiser falar comigo ele me chama’. Passados uns cinco minutos sobe a janelinha:
 - Oi. – ele fala.
 - Oi Gu, ta jóia?
 - Fiquei melhor depois da aula. Haha.
 Eu fiquei vermelha de vergonha, mesmo estando no computador. A gente conversou, conversou, conversou até que ele fala:
 - No próximo sábado é aniversario do Rodrigo, mas como ele não vai ta aqui nós vamos comemorar no outro sábado. Vai ser só um churrasquinho durante o dia, e eu queria saber se você quer ir?
 Eu queria gritar de felicidade. Ele me chamando pra sair? Nossa!
 - Ué, mas não vai ninguém que eu conheço né? Vou ficar muito por fora da turma e tal. – eu disse.
 - Não, o Felipe disse que vai chamar a Ana Rosa.
 - Se ela for, eu vou sim.
 - Não.. você vai de todo jeito, Lara. Você vai comigo!
 Eu fiquei sem reação. Ele disse de um jeito que fazia questão que eu fosse, sabe? Foi tão lindo! Liguei pra Ana na hora e ela disse que era quase certeza de ir. Eu fiquei implorando, chorando, dando birra pra ela no telefone pra ela me da certeza (sim, eu sou mega ansiosa e gosto de resolver as coisas na hora, sabe? rs). Ela disse que ia fazer o possível e quando eu vi que ela não iria me dar certeza ali na hora, eu desisti e disse pra ela me dizer o mais rápido possível.
  Eu conversei com ele no MSN até de madrugada.
 O resto da semana na escola foi tudo bem. A Ana disse que iria sim no aniversário. Eu estava começando a desconfiar que entre ela e o Felipe tinha alguma coisa a mais do que amizade: os dois não desgrudavam! Onde um ia, o outro também ia.
Na sexta feira, depois da aula, o Gustavo fala:
- Eu queria que a festa fosse amanhã, vai ser difícil ficar sem te ver dois dias.
Eu desmontei, derreti. Eu ri e falei:
- Eu sei bem o que é isso.
- Vem no centro amanhã. Quero te ver!
Eu desmontei, derreti de novo! Haha.
- Ué, que horas?
- Dez da manhã, pode ser? A gente almoça por aqui.
- Ta, pode ser.
- Beleza, amanhã dez horas aqui em frente a escola.
- Ta!
Na hora que foi despedir de mim ele me beijou de novo. Foi menos demorado do que o primeiro, mas não menos intenso. Foi lindo, foi uma delicia! (rs). Eu fui pra casa muito, muito, muito feliz.
E assim se passou a semana: sábado nós nos vimos, e nos beijamos de novo. No domingo eu conversei com ele só por MSN, na segunda feira ele não foi na aula; na terça ele foi na aula e eu nós nos beijamos de novo *-*, na quarta vejo ele na escola e beijo ele de novo, na quinta ele não foi na aula, mas pra minha felicidade geral ele foi na escola depois que aula terminou e nós ficamos outra vez, na sexta ele foi na aula e mais uma vez a gente ficou. Só que na sexta feira eu não fui embora pra minha casa depois da aula. Eu fui almoçar com ele numa lanchonete perto da escola. Foi lindo!
Depois do almoço ele me levou em casa de carro. Só que antes de chegar na minha casa ele parou numa ruasinha que tinha logo em baixo e nós nos beijamos, beijamos, beijamos, beijamos, beijamos, beijamos.. enfim, beijamos muito! O melhor é que ele não tentava nada mais “quente”, sabe? ele tinha total respeito comigo. Isso me passava confiança.
Na hora da despedida ele fala:
- Amanhã, meio dia, passo na sua casa pra te pegar, ta?
- Ta bom! – eu concordei.
Sai do carro e fui pra casa, muito, muito, muuuuuitissimo feliz! Eu já estava doida pra vê-lo de novo, já tava contando as horas pra chegar sábado e mais uma vez ter momentos tão lindos com ele!

 Sábado eu acordei cedissimo, arrumei o cabelo, arrumei a unha, tomei banho, troquei de roupa e fiquei que nem uma doida esperando ele.
Por volta de meio dia e quinze ele chegou na minha casa e nós fomos pro tal churrasco. Chegamos la, comemos, bebemos, beijamos muuuito, etc. Por volta de sete horas da noite nós fizemos tipo uma rodinha de violão, sabe? Ele começou a tocar (eu não sabia que ele tocava tão bem) e sempre quando as musicas tinha umas partes românticas ele virava o rosto e cantava olhando pra mim. Depois de uma meia hora ele pegou o violão, entregou pro Jorge (um amigo dele), passou um abraço na minha cintura como se tivesse me abraçando, tirou alguma coisa do bolso do moletom, abriu, colocou na minha frente e perguntou:
- Lara, você quer namorar comigo?
Era duas alianças, lindas!
Eu quase caí dura pra trás. Nos meus 16 anos de existência, eu nunca tinha ganhado uma aliança. Na hora eu respondi:
- Claaaaaaaro que quero.
Ele me abraçou, me puxou e me deu um beijasso daqueles que tiram até o fôlego, sabe?
Todo mundo começou a gritar: Aêêêêêêêêêêê!
Confesso que fiquei morrendo de vergonha, mas foi tudo que eu estava esperando desde o dia que eu o vi no banco. Ele pegou a aliança e colocou no meu dedo, eu peguei e coloquei a dele no dedo dele. Todo mundo tinha parado para olhar e eu tava vermelha de tanta vergonha e felicidade. Quando as alianças foram colocadas ele me deu outro beijo e todo mundo gritou de novo e começou a aplaudir. Quando paramos de beijar eu não queria olhar pra ninguém de tanta vergonha que eu estava. Só olhei pra Ana e ela estava com um sorriso enorme de felicidade por mim.
Realmente aquele foi o dia mais feliz da minha vida até o momento!

Quando fomos embora ele me deixou em casa e falou assim:
- Eu gosto dimais de você, você não tem idéia.
Eu simplesmente abracei ele dentro do carro mesmo nós nos beijamos, beijamos, beijamos, beijamos, beijamos, beijamos, beijamos.
Eu gostava muito dele, mas muito mesmo. E o melhor de toda a história é que ele nunca tentava fazer nada de mais comigo, sabe? Ele me respeitava e tudo mais. Eu sei que tava cedo, muito cedo mesmo, mas é que acho que se fosse qualquer outro menino já teria tentando fazer alguma coisa.
Cheguei em casa, contei pra minha mãe e ela me apoiou, como sempre. Disse que queria conhecê-lo e que era pra mim levá-lo ele na minha casa depois. Eu pensei que ele não iria querer (homens tem uma certa dificuldade nisso, né?) e por isso não falei nada com ele de imediato.
Domingo ele me liga nove horas da manhã e fala:
- Desculpa a hora, mas é que eu não agüento ficar sem você. Vamos sair?
- Ué, vamos! Onde?
- Vamos almoçar.
- Ta bom.
A gente combinou e ele passou na minha casa pra mim buscar pra irmos almoçar.
Almoçamos num restaurante e depois ele disse:
- Vamos la pra casa.
Eu estranhei ele me chamar pra ir na casa dele, eu tinha muita vergonha dessas coisas. E ai eu falei:
- Nossa, eu tenho tanta vergonha Gu.
- Não tem ninguém la não.
Eu estranhei mais ainda. Ele me chamar pra ir pra casa dele e ficarmos la sozinhos? Ele percebeu que eu estranhei o convite e falou:
- Não Lara – disse meio rindo. – não é nada disso que você ta pensando ai não. É só pra ver um filme, sei la. Não vou tentar nada com você, você sabe! – e deu uma risadinha. Ele tinha ficado sem graça.
Hesitei um pouco, mas acabei indo.
Chegamos la nós colocamos um colchão na sala, pegamos um edredom e fomos ver o tal filme. Tudo bem que não vimos quase nenhum filme, mas tudo bem! HAHAHA. Ele era tão carinhoso comigo. Ele me abraçava, fazia carinho no meu rosto, cafuné.

 Fizemos brigadeiro, pipoca, “vimos” dois filmes abraçadinhos (tava um frio tão bom pra fazer isso! haha) beijamoooos muito.. ai, foi perfeito! Por volta da noite ele me levou em casa. Quando nós chegamos em casa eu falei:
- Minha mãe quer te conhecer.
- Nossa Lara, por que você não me avisou? To com a minha pior roupa.
Achei tão lindo a preocupação dele!
- Não Gu, então outro dia você vem. Amanha ou depois!
- Ta bom, você quem sabe amor!
Era a primeira vez que ele me chamava assim, e eu fiquei mega feliz.
Dei mais um beijo nele e saí do carro.
O resto do domingo se baseava numa so coisa: pensar em tudo que a gente tinha feito! Eu não cabia em mim de felicidade. Foi incrível.

A semana na escola foi linda: nós ficávamos o intervalo inteirinho juntos, conversando. A cara de ódio da Gabriela era muito engraçada, e as minhas amigas me davam a maior força no namoro.
Nós tínhamos combinado que na sexta feira ele iria almoçar na minha casa, depois da aula pra conhecer minha mãe. No fim da aula ele estava me esperando na porta da minha sala e disse:
- Lara, eu vou em casa trocar de roupa primeiro. Quer ir comigo?
Achei tão fofo essa atitude dele: ele se importava com a aparência ao conhecer a sogra. (rs). Nós fomos pra casa dele, ele tomou banho, trocou de roupa e saímos pra minha casa. Felizmente não havia ninguém na casa dele, eu morria de vergonha de conhecer os pais dele.
Chegamos na minha casa e eu vi que ele estava muito nervoso.
Descemos do carro, entramos na minha casa. Minha mãe chegou toda feliz e quando viu ele falou:
- Então você é famoso Gustavo?
Eu queria matar minha mãe. É claro que era ele né? Ela podia ter falado outra coisa, menos aquilo la.
Almoçamos, minha mãe e ele conversaram e depois minha mãe foi servir a sobremesa. Saímos e fomos pra sala e o Gustavo vê um porta retrato perto da televisão e fala:
- Que linda de você, Lara! – e riu.
Nossa, eu queria mooorrer de vergonha. Era uma foto de quando eu tinha dez anos. Mas era uma foto muito, muito, muito, muito feia sabe? Então minha mãe ouviu (pra minha infelicidade) e disse:
- Tem muitas fotos dela, você quer ver?
AGORA sim eu queria matar a minha mãe.
Ele fala então:
- Lógico que quero!
Agora eu queria matar era ele. Então desesperada eu falei:
- Não gente, faz isso comigo não!

 Mas era tarde demais. Minha mãe ja tava indo pegar os álbuns com as fotografias. Os dois sentaram no sofá e começaram a ver as fotos. Ele fazia comentários do tipo: ai que gracinha; nossa Lara, que foto é essa?; ele ria de algumas, se encantava com outras.. realmente, eu tinha fotos muito estranhas. Sabe aquelas fotos que você tira por brincadeira mesmo? Então! Minha mãe revelava todos, sem exceção. Foi realmente muito constrangedor. Tinha foto minha com a cara suja de bolo, com a boca aberta comendo salgadinhos no meu aniversário, fazendo poses “sensuais” (quando eu tinha uns 8 anos) (aquelas fotos que a gnt coloca o dedo na boca, fazendo gracinha sabe? Enfim, tinha muitas fotos desse tipo).
 Eles ficaram la vendo as fotos durante umas duas horas quase (sério mesmo). Então minha mãe fala:
 - Vou ali fazer um bolo pra vocês, fica a vontade ta Gustavo?
 - Ta bom.
 Ela saiu e ele começou a rir e falou:
 - Que fotos legais, Lara. – e ria, ria muito.
 Eu queria afundar no sofá e ficar ali pra sempre. Então eu falei:
 - Legal né? – falei ironicamente e taquei uma almofada nele.
  Ele me tacou outra e sentou do meu lado e começou a me beijar. Depois de um tempo ele falou:
 - Ter visto esse seu passado muito comprometedor não diminui meu amor por você, ta? – e riu.
 Eu fiquei muito feliz com a declaração, mas mesmo assim fiquei com um pouquinho de raiva. Peguei a almofada e taquei nele de novo e falei:
 - Você ainda ri né? Chato!
 E nós começamos a brincar, entre almofadadas e alguns beijos de vez em quanto. É, ele me fazia feliz.. muito feliz!
O tempo passou e chegou dia 23 de julho: um mês de namoro! Eu pensei que ele nem iria lembrar, afinal homens tem uma dificuldade para lembrar de datas né? Era uma segunda feira e infelizmente era férias. Quando foi por volta de nove horas da manhã (eu estava dormindo) a campainha toca. Pensei que minha mãe iria atender, mas a campainha tocava, tocava, tocava e ninguém atendia. Pensei: Minha mãe deve ter saído. Levantei e fui atender a porta. Quando abro a porta me deparo com o Gustavo segurando um buquê de rosas enooooorme na mão. Eu fiquei com muuuita vergonha. Eu tinha acabado de acordar, estava de pijama, não tinha escovado dente e meu cabelo deve que estava uma bagunça. Então ele disse:
- Obrigado pelo mês mais feliz da minha vida! – e foi me beijando.
Eu não abri a boca pra beijá-lo (meu hálito deveria estar uma coisa de se assustar né). Ele entendeu, eu acho, olho pra mim e disse:
- Você ta linda!
Eu olhei pra ele com aquela cara de quem quisesse morrer. Ele não fez cara de quem estava tirando onda com a minha cara, pelo contrario, tava até parecendo sincero. Isso não diminuía a minha vergonha, lógico!
Convidei ele pra entrar e fui escovar os dentes, pentear o cabelo e troquei de roupa. Coloquei as flores num vaso e ai ele disse:
- Vamos almoçar?
- Vamos, mas antes tenho uma coisa pra você.
Eu tinha comprado um tênis que ele tinha amado quando passamos em frente uma loja. Ele abriu o presente e quando viu o que era disse:
- Eu não acredito! – e me abraçou, me beijou, beijou, beijou e beijou! Ele tinha ficado muito feliz, muito mesmo.
Nós ficamos na minha casa um pouco e depois saímos pra almoçar.
Almoçamos e depois ele disse:
- Acho que ta na hora de você conhecer minha mãe oficialmente né?
Eu já tinha conversado com ela algumas vezes na rua quando ela me via junto com o Gustavo. Eu concordei em ir, mesmo muito sem graça.
Chegamos la e ela me recebeu muito bem. Disse:
- Minha norinha! Até que enfim você veio me ver né?

 Fiquei morrendo de vergonha e simplesmente ri.
- Acabei de fazer um bolo de chocolate, vocês aceitam?
- Queremos sim – respondeu o Gustavo.
Nossa, que bolo era aquele! Foi o melhor bolo da minha vida. Nós conversamos um pouco e depois o Gustavo foi me deixar em casa.
Só que ele não tava indo pelo caminho da minha casa. Então eu perguntei:
- Onde você esta indo?
- Surpresa!
Ele começou a sair da cidade e a subir, subir, subir, subir um morro enoorme. De repente parou o carro, descemos e ele falou:
- Eu gosto de vim aqui. O céu é perfeito, olha.
Realmente, era perfeito o lugar. As estrelas pareciam diferentes de todo o resto da cidade. Dava pra se ver a cidade la em baixo, mas o céu era perfeito. Nós deitamos na grama e ficamos abraçados. Era estranho como uma coisa tão simples me dava uma felicidade tão grande. De repente ele levantou, foi no carro e voltou com um embrulho. Me entregou e disse:
- Espero que você goste.
Quando eu abri quase caí de costa. Era um cordão liiiiiiindo e tinha um pingente em forma de um G, um coração e um L. Era o presente mais perfeito pra ocasião. Eu disse:
- Nossa, você é perfeito!
Nos beijamos muito e deitamos na grama de novo. Eu não sabia explicar o que eu estava sentindo. Mas se caísse uma estrela cadente ali naquela hora meu pedido seria que o mundo parasse ali, naquele momento, pra que tudo aquilo fosse eterno. Eu queria ele pra sempre, só pra mim. E não sei como, mas eu sentia que ele também pensava assim.
O tempo passou e ele sempre era o mesmo! Nós saiamos, ele me apoiava em tudo e aquela história de que com o tempo o namoro vai ficando chato definitivamente não funcionava com a gente. Ele era perfeito, sempre! Não era muito meloso, não era grudento, mas também não era aqueles largadões, sabe? A gente brigava as vezes, como todo casal briga, mas não era aquelas brigonas de sempre. Éramos amigos, acima de tudo.
Em outubro de 2007 meu pai se mudou para Belo Horizonte e meu irmão foi com ele. Eu fiquei muito chateada com a mudança, porque mesmo nossas diferenças sendo muito grandes, meu irmão era meu irmão né? Sangue do meu sangue, e ficar longe dele definitivamente não era legal. Eu estava no fim do segundo ano do ensino médio, as coisas estavam apertando na escola por causa do final do ano e eu tinha que estudar o dobro. O Gustavo estava terminando o terceiro ano e queria fazer faculdade de Engenharia Mecânica. Na nossa cidade não tinha faculdade federal, e então eu sabia que ele teria que se mudar. Eu não gostava nem de pensar nisso. Era muito triste saber que eu veria ele só as vezes.
O tempo passava cada vez mais de pressa, e para minha imensa tristeza chegou o fim do ano e a formatura dele. É claro que eu fui na formatura, claro que fiquei feliz por ele, mas no fundo, no fundo eu tinha um medo enorme de perdê-lo. No jantar que teve na casa dele depois da formatura ele vira pra mim e fala:
- Amor, eu não vou fazer faculdade esse ano! Não precisa ficar com essa cara. Todo mundo já percebeu que você ta triste.. por favor não fica assim!
Eu confesso que fiquei mais tranqüila, mas ainda não era o suficiente. Eu tenho a péssima mania de sofrer muito antes da hora, e eu sabia que um dia ele me deixaria. Era muito triste isso!

 O revellion eu passei com ele (é, nos estávamos cada vez mais íntimos) e foi perfeito. Nós não tínhamos tranzado ainda, mas as vezes as coisas esquentavam um pouco [:$], eu me sentia bem quando ficava com ele, e acho que seis meses de namoro já permitia alguma coisa do tipo. Eu sempre viajava com ele e ele comigo, era muito bom mesmo! O pai dele tinha negócios em São Paulo – capital – e ele sempre ia pra la. Quando dava eu ia junto e era muito bom ficar com ele o tempo todo, vinte e quatro horas por dia.
Chega fevereiro e meu aniversário de 17 anos estava cada vez mais próximo, e ele nem comentava disso. Pensei que ele nem estava mais lembrando.
Finalmente chega dia 15 e como eu não ia fazer festa eu nem comentei com ele. Vou pra escola, e parecia que todo mundo tinha esquecido. Ninguém, nem minhas melhores amigas, me deram os parabéns. Eu fiquei muito chateada, de verdade!
Na saída ele ta la fora me esperando! Nem me deu os parabéns, eu pensei que ele tinha esquecido. Ele me chamou pra almoçar e nós fomos. Nada de falar de aniversário. Almoçamos e ele me chamou pra ir pra casa dele porque tinha pegado filmes. Eu disse que não podia ir (eu estava muito magoada com ele) e ele insistiu, quase chorando e eu neguei. Se ele não era capaz de lembrar meu aniversário ele não merecia nenhuma consideração da minha parte. Então ele disse muito bravo:
- Ta bom Lara, se você não quer ir, não posso fazer nada. Só vamos passar la antes que eu te leve pra casa pra levar o remédio da minha mãe porque ela tem horário pra beber.
- Gustavo, eu quero ir pra minha casa! São quinze minutos o tempo que você me leva na minha casa. Se você não quiser eu vou a pé.
- Lara, eu to te pedindo pra me acompanhar, cara. Só isso! – ele tava ficando muito bravo mesmo.
- Ta bom, então vamos.
Nós fomos sem trocar uma única palavra durante o trajeto. Chegamos na casa dele, ele abriu a porta e desceu. Então falou:

- Não vai descer?
- Não! – eu disse brava.
- Minha mãe vai achar ruim, Lara. Vamos la, por mim!
- Não Gustavo. Eu vou, mas não por você.. por ela!
Todo aquele amor, toda aquela admiração que eu sentia por ele tinha se transformado numa raiva enorme. Esquecer o meu aniversário era o fim! Todo namorado que se preze lembrava do aniversário da namorada!
Desci do carro numa raiva tão grande, e quando a gente tava chegando na porta ele disse:
- Esqueci o celular no carro. Pode ir entrando ai.
Eu já era íntima o suficiente pra entrar sozinha na casa dele, mas eu não entrei. Toquei a campainha e a mãe dele gritou la do fundo:
- Queeem é?
- É a Lara, dona Sônia.
- Ah Lara, pode entrar.
Quando eu abro a porta só escuto um ‘SUPREEEEEEEEEEEEEEEEEESA!’. Quase caí de costa. Todos os meus amigos ali, numa festa surpresa pra mim. Minhas amigas correram e me abraçaram. Eu me emocionei tanto. Quando vi já eu já estava chorando. Até os amigos dele estavam la e me deram os parabéns. Quando olho pra trás la ta o Gustavo. Eu corri e dei um abraço muito forte nele. Da mesma maneira que a raiva dele surgiu, ela desapareceu. Então eu falei:
- Seu chato, pensei que você tinha esquecido!
Ele riu e falou:
- Se eu tivesse esquecido o seu aniversário até eu não me perdoaria, amor!
Abracei ele mais uma vez. Durante toda a minha vida ele era tudo que eu estava esperando. TUDO! De tantas coisas que eu tinha certeza, a mais forte era que eu queria passar o resto da minha vida daquele jeito com ele.

 Quando nos soltamos ele disse:
- Vem ca pras surpresas.
Ligaram o DVD e colocaram rodando uma homenagem.
Começaram a falar.
Minhas amigas Amanda, Ana Rosa, Beatriz, Luíza, Mariana e Roberta começaram a falar.. contaram dos nossos momentos, um monte de coisas. Nossa, chorei tanto. Até a Sônia falou de mim. Minha mãe apareceu no vídeo (não me perguntem como ela gravou, porque eu não sei), meu irmão gravou também (não sei como, ele tava morando fora), e o Gustavo foi o ultimo. Ele disse tanta coisa e no final foi bem assim: ’Você sabe que eu nunca fui muito bom pra falar coisas bonitas, mas essa surpresa é pra te dizer que eu faço tudo pra te ver feliz. Eu imagino que você espere muita coisa de mim que eu não satisfaço, mas tudo que eu faço por você é com muito amor e com certeza eu faço tudo que eu posso. Eu te amo demais e nunca fui feliz assim! Obrigado por esses quase oito meses juntos.. foram os melhores e os mais felizes!’ Quando o vídeo dele acabou eu olhei pra ele e apertei ele tão forte, tão forte como se ele saísse dali meu mundo iria acabar, e iria mesmo, eu tinha certeza! Eu nunca imaginei amar daquele jeito, nunca!
Aproveitamos a festa e depois por volta de onze horas da noite, quando todos foram embora, ele disse:
- Não acredito que você vai embora.
- Eu não acredito que eu vou embora.
- Vamos, vou te levar.

Eu estava de uniforme até agora, quer dizer, todo mundo que estava na casa dele estava de uniforme. Chegando em casa eu vi que estava tudo fechado e imaginei que estivesse todo mundo dormindo. Quando fui abrir a porta eu vi que minha chave não estava comigo. Toquei a campainha mil vezes, gritei pela minha mãe e nada. Então quando fui pegar o meu celular tava escrito: uma mensagem recebida, 5 chamadas não atendidas! Durante toda a movimentação da festa eu nem tinha parado pra olhar meu celular e também não tinha escutado ele tocar. Era minha mãe tentando falar comigo e como não conseguiu ela mandou a mensagem dizendo: ’Fui com sua avó pra fazenda. Devo voltar amanhã a tarde! Espero que tenha gostado da festa! Beijos, mamãe te ama!’. Eu fiquei desesperada. Era mais de onze horas da noite, na rua, sem ter como entrar em casa. Pensei em ligar pro meu avô, mas não ia adiantar nada, ele já estaria do vigésimo sono. Tentei abrir as janelas, mas não deu. Tentei pular o muro mas também não consegui. Então liguei pro Gustavo:
- Gu, onde você ta?
- Quê Lara?
Eu vi que ele estava numa festa. Tava uma barulhada muito grande.
- ONDE VOCÊ ESTA GUSTAVO? – gritei.
- Não estou te ouvindo, espera ai. – ele falou.
Me bateu uma raiva tão grande. E então pra interar a minha decepção eu escuto ele falando:
- Espera ai Gabi.
Eu queria matar ele, eu queria que ele sumisse do mapa. Ao invés de gritar com ele, de berrar, de fazer um barraco (mesmo por telefone) eu desliguei. Liguei pra Ana Rosa contando e ela disse:
- Primeiramente você tem que sair da rua, você não pode ficar ai sozinha.
- Mas eu vou pra onde Ana?
- Vem pra ca!
- Cara, são quase meia-noite e eu vou sozinha pra sua casa?
- Vou ligar pro Felipe e vou pedir pra ele te buscar.
- Não precisa, Ana.
- Lógico que precisa Lara. Você vai ficar ai, ta loca? – e desligou.
Passando uns cinco minutos ela liga:
- Ele ta indo. Espera ai na [bip] na porta.
- Ta.

Quando eu desligo eu vejo que o ‘bip’ era porque a bateria tava no final. Eu queria sumir, desaparecer. Aquele tinha tudo pra ser o dia mais lindo da minha vida e tava sendo uma droga: primeiro eu ficava na rua, depois o Gustavo ia pra uma festa e agora meu celular sem bateria! Era o fim literalmente. Graças a Deus não aconteceu iguais aos filmes: sempre que estava tudo ruim começava a chover. Pra minha felicidade o céu estava até estrelado. O Felipe chega e eu entro no carro. Logo perguntei:
- Você estava com o Gustavo?
- Tava. Ele queria vir te buscar, mas eu não deixei.
- Onde vocês estavam?
- Na casa da Paloma. Ela ligou pra mim durante a sua festa na casa dele e disse que se desse era pra gente passar la.
- E ele foi?
Ele engoliu seco e disse:
- Foi.
Me subiu uma raiva, um ódio tão grande.
- E a Gabriela tava la? – perguntei.
- Tava. – disse ele muito constrangido.
- E desde quando ele trata ela como ‘Gabi’?
- É a força do hábito, Lara. Calma!
- Depois de tudo que aconteceu era pra tais hábitos terem mudado. Ele é ridículo. – e comecei a chorar.
O Felipe não disse nada. Quando eu cheguei na casa da Ana eu agradeci por ele ter me buscado e desci do carro. Quando bati a porta ele me chamou e falou:
- Ele é louco por você, Lara.
Eu não respondi. Só balancei a cabeça negativamente, virei as costas, e saí. A Ana estava na porta da casa dela me esperando. Ela me abraçou como fez naquele dia que ele estava no hospital. Aconteceu o que tinha acontecido aquela vez: foi perfeito saber que ela me apoiaria sempre que eu precisasse, embora não amenizasse a insegurança e o aperto no meu coração.

Nós entramos em casa, mas minha vontade era de ir aonde ele estava e matar ele. Por que ele tinha que fazer isso? Por que ele tinha que ter me proporcionado um dia perfeito e logo em seguida ir pra casa da Paloma? Eu ficava imaginando quantas vezes ele teria feito isso, e mesmo se não tivesse feito a minha confiança tinha acabado.
- Lara, você quer falar do assunto ou prefere conversar amanhã?
- Não Ana, eu quero matar ele, só isso.
- Calma Lara. Foi só uma festa?
- SÓ UMA FESTA, ROSA? Pelo amor de Deus. O menino faz uma festa surpresa pra mim e depois vai pra outra festa sem me avisar onde a ex namorada apaixonada dele esta la? E você ainda diz ‘SÓ’?
- Ele errou mesmo, Lara. Mas isso não quer dizer que ele tenha beijado alguém.
- O fato não é ele ter beijado ou não ter beijado, Ana. O importante é que eu sempre tive uma confiança imensa nele. Se ele tivesse falado comigo eu JURO que não me importaria, eu JURO que eu deixava ele ir numa boa. Mas por que ele não podia ter falado, me pedido? Por que ele tinha que ir escondido? Isso zerou a minha confiança. Agora eu fico pensando: ‘Quantas vezes ele deve ter feito isso?! Quantas?!’ .. e mesmo que não tenha feito mais, eu sempre vou ficar com um pé atrás, Ana. E um namoro sem confiança não tem como da certo. E confiança, definitivamente, é uma coisa que eu não tenho mais por ele.

- Você ta dizendo que você vai terminar com ele, Lara?
- Pra mim já esta terminado. Não tem mais o que pensar.
Ao dizer aquilo eu senti que cada parte de mim estava desmoronando. Eu nunca pensei em dizer aquilo. Eu nunca pensei que isso um dia chegaria a acontecer. Era tudo tão perfeito entre a gente, tudo tão calmo. E agora ele tinha feito aquilo comigo.
Era como se houvesse dentro de mim uma coisa entranhada. Como se meu coração estivesse desacelerando. Era muito estranha aquela sensação. Tentei dormir e não ficar pensando demais no acontecido, embora fosse impossível não lembrar. De todos os presentes de aniversário da minha vida, aquele era o pior.. com certeza!

Era oito horas da manhã e Ana Rosa me acorda:
- Lara, Lara. O Gustavo ta aí.
- Ãn?
- Levanta, amiga. Ele ta ai e quer falar com você.
Levantei, troquei de roupa fui no banheiro, escovei os dentes, penteei o cabelo e fui falar com ele.
Cheguei na sala e ele veio me abraçando.
- Não me encosta, por favor. – eu falei. Falar aquilo me custou muito mais do que se possa imaginar. Foi terrível.

Ele me soltou, engoliu seco, olhou pra mim com todo amor do mundo – um amor que agora eu desprezava – e disse:
- Lara, não faz assim!
- Então me fala: como você quer eu faça?
Ele não respondeu. Abaixou a cabeça e ficou olhando pro chão. Aquela era a minha oportunidade de falar tudo que eu queria:
- Não tem coragem de me pedir pra fazer nada né? Pois realmente não deve pedir mesmo! Você não esta em condições de fazer isso. Eu amo você, Gustavo. Eu confiava em você e você faz isso? Pra que?
- Lara, foi uma festa! SÓ uma festa! – disse ele nervoso.
- Se era realmente SÓ uma festa por que você não poderia ter me contado que ia? Se era só uma festinha por que você não me levou? Se eu não te acompanhasse em nada eu até de dava razão de ter ido sem me falar, mas não. Eu faço questão de te acompanhar em todos os lugares que você vai e eu pensei que você tinha consideração por isso! – eu gritei.
- Lara, eu tenho consideração sim e você sabe. Você sabe que você é a namorada mais perfeita na minha opinião. Desculpa, por favor!
- Ta, eu posso tentar!
Ele abriu um sorriso enorme e veio na minha direção e foi me beijando. Eu virei o rosto e saí do abraço dele e falei:
- Tentar te desculpar não quer dizer que continuamos namorando!
- Lara, por favor... para com isso! – os olhos deles estavam marejados e eu me senti péssima por isso.
- Eu que te peço por favor, Gustavo. Eu não confio mais em você. E não vou voltar a confiar tão cedo. Um namoro onde não tem confiança não da certo.

Ele ficou calado mas eu via pela expressão dele que ele estava morrendo de raiva. Passados alguns segundos de imenso silêncio ele olha pra mim com aquela cara de quem ta com a razão e sem gritar fala:
- Você é ridícula. Você faz coisas ridículas! Isso é o tipo de coisa que eu mais desprezo numa pessoa. E infelizmente você esta cheia delas. – e me deu uma olhada como se estivesse enxergando cada célula do meu corpo. Virou as costas, abriu a porta e saiu.

- IDIOOOOOOOOTA! - eu gritei embora soubesse que era em vão. Na verdade eu gritei pensando que ele voltaria, pensando que ele iria vir continuar a discussão. Meu grito não era de quem queria ofender outra pessoa, era mais um pedido pra que ele voltasse. Havia muitas coisas que eu queria falar e estavam presas na minha garganta. Mas não, não falei. Aquilo tudo se calou dentro de mim e nunca mais saiu.
Eu caí sentada no sofá, aos prantos. Eu não me permiti chorar na frente dele, mas agora era impossível não chorar. A Ana Rosa me abraçou, mas dessa vez aquele abraço não me deu a sensação de que tudo iria melhorar. Ao mesmo tempo que eu estava triste, eu estava com ódio dele. Ódio dele e de mim que ao mesmo tempo que o odiava, ainda o amava. Ele era ridículo, ele é quem tinha atitudes ridículas. Tudo que eu tentei botar pra fora naquela conversa com ele ainda estava dentro de mim, e agora aquelas palavras dele estavam martelando na minha cabeça como uma pedra. Era uma dor imensa. Eu sabia, sem saber como, que ao abrir aquela porta e sair da casa da Ana ele também estava saindo da minha vida. Se ele voltaria eu não sabia, mas o fato é que ele partira agora e eu ficaria sem os carinhos, os abraços e os beijos dele. Era como se parte de mim tivesse saído dali junto com ele, era como se um parte do mundo tivesse perdido a cor, literalmente!

Fiquei um pouco na casa da Ana, eu precisava de companhia, e mais tarde liguei pra minha mãe. O celular dela só dava fora de área e na minha casa ninguém atendia. Presumi que ela não tinha chegado ainda. Quando era por volta de sete horas da noite minha mãe me manda uma mensagem: ’Filha, cheguei.’. Tudo que eu queria era ir pra casa, ficar no meu quarto, sozinha. Assim que li a mensagem fui embora.
Cheguei em casa minha mãe viu que eu estava mal e perguntou o que tinha acontecido. Eu disse que nós tínhamos terminados mas eu não queria falar no assunto agora. Ela entendeu e eu fui pro meu quarto.

O que eu pensei que seria um consolo, foi uma coisa horrível. Quando eu cheguei eu vi aqueles ursos enormes na minha cama que ele tinha me dado, as nossas fotos no meu mural, e do nada me bateu uma vontade de gritar, de sair matando e xingando.  Eu não fiz isso, mas me permiti um acesso de loucura: eu passei a mão no mural e todas as fotos saíram junto com os imãs de coração que as prendia, joguei meus ursos no chão e pisei, eu chorava, chorava, chorava. Peguei o porta retrato lindo que ele tinha me dado com uma foto nossa e joguei no chão espatifando ele em mil pedacinhos. Minha mãe abre a porta muito assustada e grita:
- O que ta acontecendo aqui Lara? – ela disse apavorada.
- Eu ODEIOOO ele mãe, ODEIO! Ele tem que morrer, sumir da minha vida. Eu não quero ver ele mais, mãe. Nunca mais! Eu odeeeeeio ele, com todas as minhas forças! – e comecei a chorar.
Ela entendeu o que tava acontecendo e me abraçou. Era muito bom tê-la ali comigo. Ela então disse:
- Se ele te fez sofrer tanto, ele não merece que você se descontrole assim. Ele não merece uma lágrima sua. Se algum dia alguém merecer suas lágrimas, essa pessoa certamente não vai te fazer chorar.
Ela tinha experiências terríveis com relacionamentos, inclusive com o meu pai, e eu sabia que ela de alguma forma entendia o que eu tava sentido. Eu sorri pra ela. Embora as palavras que ela tinha dito não surtissem efeito de imediato eu sabia que era o melhor que ela podia fazer e eu fiquei muito agradecida por ela ta fazendo isso.

Domingo eu não saí de casa. Minhas amigas ligaram pra saber como eu estava – pelo visto a notícia tinha se espalhado – e ficavam me perguntando por que tínhamos terminado, o que ele tinha feito.. só que nessas horas o que a gente precisa é ficar sozinha. Elas não entendiam isso! As vezes eu me achava uma idiota por estar perdendo um dia inteiro sofrendo daquele jeito por ele. Não sei se isso é normal, mas eu tinha uma leve impressão de que ele não estava tão mal quanto eu. Talvez fosse só raiva reprimida e não jogada fora, talvez fosse só a minha mania de ver as coisas sempre pelo lado ruim, ou talvez fosse realmente verdade. Eu não tinha arrumado a bagunça que eu tinha feito. Os ursos ainda estavam no chão, as fotos espalhadas pelo quarto e perto da porta o vidro e a porcelana do porta retrato todo espatifado no chão. Olhar pra tudo aquilo ao mesmo tempo que me dava um desespero enorme me confortava; olhando aquilo eu sentia de alguma maneira que tudo tinha realmente acabado e eu não deveria fazer nada pra mudar isso.
Na segunda feira eu levantei e fui pra escola. Alguns amigos dele ainda estudavam la e eu não queria que eles corressem depois da aula pro Gustavo e falasse que eu estava mal. Então eu prometi pra mim mesmo que não ia chorar na escola, que eu não ia ficar com uma cara ruim.
Dentre todas as promessas que eu já tinha feito pra mim mesma na vida, essa era de longe a mais difícil. Olhar pros lugares que a gente tinha ficado junto e olhar pras pessoas que nos apoiavam com o namoro era terrível. Era como se eu quisesse ficar com calor em pleno pólo norte. A minha escola me obrigava a sentir coisas que eu não queria, me obrigava a pensar nele. Por muitas vezes me passou pela cabeça que eu deveria mudar de escola, trocar os ares. Mas ai eu parava e pensava: não vou me subestimar a tanto, ele não merece.
Foi realmente muito difícil aqueles primeiros dias na escola, mas eu sabia que todo aquele sofrimento iria passar.. afinal, NADA é pra sempre, não é mesmo? E se nada era eterno, aquele sofrimento também não seria. Passar por isso era uma parte essencial do meu crescimento.
Eu dizia isso o tempo todo pra mim mesma, mas de alguma forma eu sabia que não era verdade. Ou até fosse verdade, mas eu não acreditava.

23 de fevereiro chega. Quando eu acordei naquele dia eu pensei de imediato: se ele estivesse aqui seriam oito meses de namoro! Perceber isso fez com que me batesse uma coisa horrível. Era estranho ter se passado quase duas semanas e eu ainda estar ali, sofrendo por ele. Eu não sabia como explicar tal coisa, mas o fato de que isso era real – esse sofrimento imenso – me desesperava. Eu tinha medo de que isso não passasse nunca. Eu tinha medo de que o vazio que ele deixara na minha vida naquele sábado na casa da Ana Rosa nunca mais fosse preenchido. As pessoas sempre diziam que o que mais marcava em mim era as minhas brincadeiras fora de hora, a minha alegria, as minhas palhaçadas. Eu sempre gostava do ridículo, sempre gostava do humor... se você perguntasse pra qualquer amigo meu ‘Qual era a minha principal característica’ elas certamente responderiam que era a alegria. Eu não gostava de ver ninguém mal, não gostava de deixar ninguém sofrendo. Eu sempre tinha palavras prontas – se não tivesse, eu as inventava – pra ajudar alguém, eu sempre fazia piadinhas quando alguém estava pra baixo, eu sempre tinha conselhos pros problemas amorosos, os problemas familiares ou problemas com amigos pra quem estivesse precisando.
Agora era eu quem precisava de alguém pra me ajudar como eu sempre preocupava ajudar os outros.
O meu medo é que eu nunca mais fosse a mesma. Eu tinha receio de que a minha principal característica, o que me marcava pras pessoas – que era a alegria – sumisse de mim. Ao pensar isso me batia uma raiva tão grande do Gustavo. Ele entrou na minha vida e colocou em mim alguma coisa que faltava; agora ele saíra da minha vida e tinha levado com ele até mesmo o que já estava em mim antes de conhecê-lo.
- Laaaaaaaaaaaaaaara. – minha mãe tava me gritando.
Ela tinha esse costume horrível de me gritar quando eu estava dormindo. Levantei e fui até a cozinha:
- Lara, o Carlos. Arruma seu quarto, arruma tudo.
Tomei café, arrumei o quarto e fiquei esperando as visitas.

 Carlos era um primo da minha mãe. Meu primo em segundo grau. Ele viria com o filho dele visitar a minha família, ele morava em Campinas. Embora não fosse muito longe da minha cidade ele raramente nos visitava.
Por volta do meio dia ele chega. Ele ia passar uns dias na minha casa.
Quando abro a porta ele me abraça:
- Nossa, como você ta grande Larinha! – e me abraçou. – lembra do seu primo?
Fiquei muito sem graça porque eu realmente não me lembrava.
- Não. Não me lembro!
Esse meu primo tinha uns vinte e seis anos e era como todos da minha família: alto e moreno. Cumprimentei ele e ele disse:
- A única lembrança que eu tinha de você era quando você era bebê.
Eu, muito sem graça, ri.
Fomos almoçar e no meio da conversa descubro que o filho do Carlos, o Diogo, era psicólogo. Minha mãe, como sempre, fala demais:
- Que boom que ele é psicólogo. A Lara esta precisando, né filha?
Eu queria matar a minha mãe. Ela tinha a mania de expor meus problemas pra qualquer pessoa. Eles viram que eu fiquei constrangida e não me falaram mais nisso.

No outro dia, no café da manhã, o Carlos fala:
- O Diogo vai casar.
- Sério?! Que ótimo! – comenta a minha mãe.
Eu queria distância de assuntos que envolvessem amor, fidelidade, confiança e todos aqueles ingredientes essenciais para um bom relacionamento. Pra minha desgraça completa minha mãe faz aquele discurso horrível:
- Eu acho que as pessoas deveriam se amar mais. Elas deveriam se entregar mais. Hoje em dia as coisas não duram como antigamente. Os namoros quando duram alguma coisa, duram pouco. Quando duram muito, acabam da pior forma e ai tem sempre alguém que sai com o coração machucado. Não se faz nada, mas nada mesmo, como há alguns anos atrás.
Eu suspirei fundo pra não chorar e falei:
- Realmente, nada dura como durava antes. E eu agradeço por isso! Deus me livre ter uma vida como tinham as mulheres de alguns anos atrás. Casar nova, não estudar, não ter um bom emprego, não ter direito de opinião dentro de uma casa. E acima de tudo, mesmo antigamente, os romances, sejam eles namoros ou casamentos, também acabavam e como sempre alguém também sempre saía com o coração partido! – levantei e saí da mesa.

 Eu disse aquilo como indireta pra minha mãe. Já estava cansada dela sempre falar de amor como se ela fosse um exemplo de conto de fadas. Ela se casara nova demais, não estudou, não tinha um bom emprego. Pra desgraça total da nossa vida tinha se separado do meu pai e independente se ela tinha ou não razão, ela tinha sofrido. A minha vida inteira ela disse: ’filha, não case cedo. Estude! Construa seu futuro e seja alguém... depois se preocupe em casar e constituir família.’ Esse era sempre o discurso oficial dela pra todo problema que a gente tinha. Mas ela não sabia que como ela pensava quando tinha a minha idade, eu também pensava em ter um amor pra vida inteira. Só que o dela não dera certo. E eu não vou negar que eu tinha medo de arriscar a minha vida por um amor que depois também desse errado e eu terminasse como ela terminara: com uma filha pra criar, sem um bom emprego, sem estudo e sozinha! Eu não sabia o que era pior: não ter nada, ou não ter amor. Era um turbilhão de dúvidas e planos na minha cabeça. Mas agora eu sabia que amor eu não encontraria tão rápido.
Alguém bateu na porta. Eu falei pra entrar e pra minha surpresa era o Diogo.
- Posso falar com você, Lara?
- Claro, entra ai.
- Sua mãe me contou o que ta acontecendo com você. E não é como psicólogo que eu vim falar com você, e sim como um amigo.
Era estranho ele falar assim, eu nunca tinha visto ele. Mas eu não disse nada. Eu só falei:
- Sabe, eu amo ele. E me odeio por isso!
- Mas você pensa em voltar com ele?
- Não! Eu tenho vontade de reviver tudo, mas não desejo tê-lo de novo depois de tudo que aconteceu. Nunca vai ser a mesma coisa.
Ele ficou em silêncio como se selecionasse muito bem as palavras, e então falou:

- Olha, o amor é muito complicado. E esse lance de que homem não sofre é pura mentira. A gente sofre sim, e muito. E se ele te ama ele também ta mal. Mas se você realmente não quer mais saber dele, você vai ter que sair dessa. Não compensa perder seu tempo ai sofrendo. Você tem vestibular no fim do ano, é preciso começar a estudar! Uma coisa é você sonhar a vida ao lado dele, outra é você perder a vida que você já tem por uma idiotice que não foi você que cometeu.
Aquelas palavras eram as que eu precisava. Eu sorri e ele também.
- Não fica assim! Você tem dezessete anos e muita vida pela frente. Um dia você vai achar alguém melhor que ele e vai ser muito feliz. Se ele não serve pra você, não tem porque ficar assim.
E falando isso me deu um beijo na testa, levantou e saiu do meu quarto. Era muito, muito estranho a segurança que ele tinha me passado. Mas eu estava muito mais tranqüila pelo que ele disse.

 Saí do quarto e falei com ele:
- Ta afim de fazer alguma coisa?
- Eu queria muito ir no mirante. Vamos?
Eu respirei fundo. Era la que eu tinha ido com o Gustavo no nosso aniversário de um mês de namoro. Quando pensei nisso me dei conta de que eu ainda estava com o cordão que ele tinha me dado naquela ocasião. Puxei o cordão com toda força do meu pescoço, não tava me importando com o fato de que tinha acabado de arrebentar um cordão bem caro – da mesma forma que eu arrebentei o cordão eu tinha que arrebentar o elo que me unia ao Gustavo – e então respondi:
- Vamos!

Eu tinha que enfrentar aquilo.
Saímos e quando chegamos lá aquele dia voltou na minha lembrança como um filme. Eu não me deixei abalar por aquilo. Então o Diogo me perguntou:
- Você esta estranha. O que foi?
- Lembranças. Mas só lembranças!
Pela primeira vez desde o fim do meu namoro eu estava sendo sincera quando dizia que não estava sofrendo. Ter chegado naquele lugar me fez entender que tudo que eu tinha passado com o Gustavo tinha sido muito bom, mas tinha acabado! Tirei a aliança do bolso da minha calça – eu sempre andava com ela nos bolsos – olhei bem pra ela e falei em pensamento: ‘Acabou! E eu vou aceitar isso pra que eu possa seguir em frente.’.

 Chegando em casa coloquei a aliança e o cordão dentro de uma caixinha em que eu guardava cartas e fotos. Ali estava as fotos dele que eu tinha arrancado com toda violência do mural e também os bilhetinhos que ele escrevia. Os ursos estavam empacotados e guardados em cima do guarda-roupas.
Muitas vezes eu pensei em doar os ursos, jogar as fotos fora e devolver o cordão e a aliança, mas eu não fazia isso porque aquilo tudo tinha feito parte do meu crescimento, do meu amadurecimento, da minha vida! Além disso no fundo, no fundo, embora eu não admitisse pra ninguém e embora todo mundo soubesse, eu ainda o amava. Eu não sofria por ele, mas com o passar dos dias eu tinha cada vez mais certeza de que todo aquele sentimento não tinha morrido. Eu guardara ele dentro de mim, bem escondido, quase invisível. E eu fui aprendendo a conviver com isso. Aprendi a vê-lo na rua e cumprimentá-lo sem demonstrar amor. Aprendi vê-lo nas festas com outras meninas e não começar a chorar. Aprendi a ter outros relacionamentos sem mencioná-lo. Enfim, aprendi a ter uma vida sem ele por perto, mesmo que eu carregasse ele comigo o tempo todo!

Julho de 2008: Terceiro ano do ensino médio tem uma coisa muito desagradável: a pressão do vestibular é enorme. É estudar, estudar, estudar e ainda assim ter certeza de que tem gente que sabe mais que você. Eu já estava ficando louca, quase não saía de casa e as minhas férias de julho tinham sido caderno, caderno, caderno.
Eu não tinha ganhado presente de quinze anos na época em que fiz aniversário. Em troca eu iria ganhar uma viagem pra Disney. Como tudo na minha casa a viagem era sempre adiada. Naquele ano, finalmente daria pra viajar, mas eu não fui. A minha responsabilidade com a escola falou mais alto. Eu sabia que se eu não passasse num vestibular aquele ano as coisas iam ficar feias pra mim: meu pai não tinha condição de pagar um bom cursinho e o meu sonho era passar em Engenharia Química. Era um curso difícil de se entrar e mais difícil ainda de sair. Mas era meu sonho, era minha vontade desde muito tempo e eu ia fazer de tudo pra passar. Depois que eu passasse eu viajava. Meu pai colocou dez mil reais na minha poupança – o valor da minha viagem – e eu fui estudar ao invés de viajar.

Em um sábado e como sempre eu estava estudando quando minha mãe diz que era pra mim me arrumar que era aniversário da tia Lúcia – ela era tia da minha mãe, irmã da minha avó – e que a gente ia. Eu me arrumei e nós fomos.
Não tinha festa, era só uma comemoração da família. Minha prima – em terceiro grau -, neta da tia Lúcia tinha ido pra Disney – ela tinha 19 anos – e me chamou pra ver as coisas que ela tinha comprado. Eu e ela nunca fomos muito amigas, embora ela sempre me tratasse muito bem. Quando chego no quarto dela eu fiquei maravilhada com tanta coisa linda! Eram ursos, enfeites, roupas, umas coisas perfeitas de verdade. Nessa hora me bateu um baita arrependimento de não ter ido.

 Quando eu olho a lembrança que a agência de viagens tinha dado pras pessoas que tinham viajado eu vejo uma foto da turma toda que tinha ido junta e eu reconheço aquela filha-da-mãe da Gabriela da foto, do lado da minha prima.
- Júlia, você conhece a Gabriela?
- Conheço demais ué; a gente estuda junto tem uns dois anos. Ela ta tão linda, nossa! – ela me respondeu arrumando as coisas no quarda-roupa.
Eu não entendi o elogio, mas deixei quieto. Quando eu olhei com mais atenção pra foto eu reparei que ela estava muito mais gorda do que antes.
- Ela engordou né? – eu brinquei.
- Que isso Lara! – ela disse com voz de espanto - Ela ta grávida.

Todas as coisas sumiram pra mim naquele momento. Era como se alguém tivesse me dado um murro. Eu fiquei sem ação.
- E é do Gustavo?
- Lógico! Eles tão namorando tem uns quatro meses já.
Eu me senti ridícula na hora. Eu não chorei alto, mas as lagrimas saíram sem que eu pudesse contê-las. Perder ele era uma coisa, ele namorar com a Gabriela de novo era muito pior, mas ela esta grávida dele era o fim. A Júlia virou e percebeu imediatamente o que tinha feito.
- Ai meu Deus! Desculpa Lara. Eu esqueci que você namorava ele antes dela. Desculpa Lara, sério mesmo.
Eu vi que ela tava sendo sincera, mas tamanha sinceridade não me ajudava. Ela me abraçou e eu me chorei, chorei, chorei. Eu sabia que a probabilidade dela contar pra Gabriela que eu tinha ficado péssima com a noticia era de quase cem por cento, mas eu precisava colocar tudo aquilo que eu estava sentindo pra fora, mesmo que eu não soubesse explicar exatamente o que eu sentia.

Eu sabia que eles tinham voltado a namorar, mas não imaginava aquilo. Ele sempre dizia quando a gente namorava que não gostava dela, que nunca tinha gostado, que gostava era de mim. Nas muitas vezes que a gente falava sobre sexo ele dizia podia parecer estranho, mas ele se preocupava em ter a primeira vez com alguém especial. Ele tinha tentado muitas vezes tranzar comigo quando as coisas esquentavam entre a gente, mas sempre que eu dizia que não queria, que ainda não era a hora e ele entendia numa boa. Ele me respeitava, ele me entendia e o melhor é que ele esperava. Sempre que ele tentava alguma coisa e eu negava ele me pedia desculpas, dizia que foi o momento que tinha feito aquilo, que não era a intenção. Eu achava muito tudo isso muito fofo, e eu amava isso nele.
Muitas vezes, quando a gente tava na pracinha e ele via alguma criança fazendo alguma coisa engraçada e os pais viam correndo atrás, ele falava:
- Olha ali amor, é a gente daqui a algum tempo!
Ele dizia que o sonho dele era ter um filho. Podia ser homem, mulher, mas que ele achava lindo e que aquela era a forma de amar mais pura que existia. Eu ficava feliz em ouvir aquilo. E principalmente ouvir ele dizendo que queria que tudo isso fosse comigo.

 Essas coisas passaram como um filme na minha cabeça ali naquela hora. Agora ele estaria vivendo o que sempre quis, mas não era comigo. De tudo que eu já tinha sentido a respeito dele, aquele sentimento era o pior.
Agora os dois teriam um elo imenso e eterno entre eles. Isso doía, doía mais do que qualquer outra coisa sem dúvida nenhuma!
Dessa vez eu coloquei na minha cabeça que eu tinha perdido ele de vez que eu TINHA, EU ERA OBRIGADA a parar de pensar nele. Eu podia lutar contra tudo se eu quisesse ter ele de volta, mas contra um filho era impossível.
Eu nem fui pra casa. Fui pra casa da Ana Rosa contar pra ela. Quando eu acabei de contar ela fez uma cara e disse:
- Desculpa Lara, mas eu sabia.
- Sabia?
- Sabia! O Felipe tinha me contado, mas eu ..
- E você não me contou? Valeu Rosa! – eu gritei com ela. Era a primeira vez que a gente brigava durante muito tempo!

- Não te contei porque eu não queria que você ficasse mal assim.
- MAS VOCÊ ACHA QUE EU NUNCA IA DESCOBRIR? QUE ISSO TUDO NÃO IRIA VIRAR COMENTARIO NA BOCA DE TODO MUNDO? – eu não estava falando, eu estava berrando. Eu estava com uma raiva tão grande do Gustavo, da minha prima, de mim, e agora da minha melhor amiga.
- CARA, NÃO SÓ SOU EU QUE SABIA. TODO MUNDO SABIA, TOOOODO MUNDO! – ela agora tinha perdido a paciência e também gritava comigo.
- TODO MUNDO MENOS EU NÉ?
- É! PORQUE NINGUEM QUERIA TE CONTAR! AGORA VOCÊ DESCONTA TUDO EM MIM, LARA? VAI BRIGAR COM TODO MUNDO ENTÃO SE VOCÊ FICOU TÃO CHATEADA. NÃO FOI SÓ EU QUE ESCONDI ISSO DE VOCÊ. – era evidente que ela estava com uma raiva imensa por eu ter gritado.
- EU NÃO BRIGAR COM MAIS NINGUEM. SÓ COM VOCÊ!
- E eu posso saber porque? – ela disse mais baixo, porem com um tom inconfundível de raiva.

- Porque você é a minha melhor amiga! Foi pra você que eu me abri, foi pra você que eu contei tudo que acontecia entre a gente, foi você que me ouviu chorando por ele, foi você que me deu força todo momento. É por isso que eu cobro mais de você: porque pra mim você é mais especial que todo mundo, e eu esperava mais de você! – eu tinha parado de gritar, mas agora eu chorava. Ela fez uma cara horrível como se sentisse muito culpada. – tchau.
 - Lara, espera!
 Mas eu não dei atenção. Saí. Eu tinha brigado com a única pessoa que eu pensei poder contar e isso não era nada legal.
Agora sim eu tinha motivos pra estar mal. Agora eu entendia que terminar o namoro não tinha me feito sofrer de verdade. Aquilo que eu tava sentindo era diferente de tudo, tudo mesmo. Primeiro o amor da minha vida se perde de mim pra sempre, depois eu brigo com a minha melhor amiga. Definitivamente eu não deveria ter acordado aquele dia.
Eu tentava me concentrar nos estudos, tentava não pensar nas brigas e dissabores da vida, mas era impossível. Ver a Ana Rosa todos os dias e não conversar com ela era difícil, acordar todos os dias sabendo que ele nunca mais seria meu era mais difícil ainda.

 Passou algum tempo e eu fui me recuperando aos poucos, embora não completamente. Eu não conversava com a Ana Rosa. Eu sou a pessoa mais orgulhosa do mundo. Eu preocupo demais em não magoar ninguém, e por isso não admito que ninguém erre comigo. Qualquer errinho era fatal.
Novembro estava cada vez mais próximo e junto com ele vinha os vestibulares. Eu não saía, não entrava na internet com tanta freqüência, não fazia nada. Era como se minha vida dependesse do sucesso no vestibular.
Eu estudava, estudava, estudava, estudava.
Era uma quarta feira, eu estava estudando e meu celular toca.
- Alô?
- Lara? É o Léo!
Léo era meu melhor amigo. Sabe aqueles amigos que você tem desde criancinha? Era ele! Nossa amizade era aquela amizade perfeita, sem cobrança, com dedicação um ao outro.
- Ei, ta jóia?
- To jóia. Eu queria falar com você.

 Aquela voz amigável que ele usava sempre tinha sumido e no lugar tinha aparecido um tom de seriedade inconfundível.
- Ta. E precisa ser agora? – eu perguntei.
- Se você não se importar eu vou ai na sua casa, pode ser?
- Ta, pode vir.
- Beleza! Tchau.
Eu levantei, troquei de roupa – eu estava de pijama – e fiquei esperando ele. Ele nunca tinha ido na minha casa assim, do nada. Alguma coisa séria tinha acontecido. Eu estava muito impaciente e quando a campainha toca eu saí correndo pra atender.
Abri a porta, ele me deu um beijo no rosto e entrou.
Chegamos na sala e minha tava la.
- Oi. Tia, eu queria falar com a Lara em particular, tem como? – ele sempre tratava a minha mãe por ‘tia’.
Ele NUNCA tinha feito aquilo, ele estava muito estranho. Eu não me atrevi nem a fazer qualquer tipo de brincadeira. Minha mãe saiu e nós nos sentamos e ele começou:

- Lara, eu sei que eu ter vindo falar com você o que eu vou falar agora pode estragar nossa amizade, ou quem sabe acabar com ela pra sempre, mas é que é importante.
Eu comecei a ficar nervosa, ele estava realmente muito sério. Ele abriu a mochila e tirou uma foto e me entregou.
Era uma foto minha e dele com uns 7 anos de idade. Eu abri um sorriso enorme, era muito fofo ele guardar essa foto. Pra minha surpresa ele não sorriu, e continuou falando:

- Sabe essa menina aí, Lara? Ela é a minha melhor amiga. A gente cresceu junto. Eu nunca tive medo de contar pra ela os meus mais profundos e secretos segredos. Se por um lado ela é tão intensa e tão confiável, por outro ela sempre foi uma muleca. Eu não me lembro nunca de ter precisado dela e ela ter me abandonado. Eu nunca me lembro de uma única vez que ela não ‘topasse qualquer parada’. Ela era meia doida, e continuou sendo até a gente completar dezessete anos. Dos meus quatro anos aos meus dezessete anos eu tinha ao meu lado uma pessoa incrível. Eu tinha do meu lado uma pessoa que era mulher e criança. As pessoas me perguntavam como eu conseguia ser amigo de uma menina tão linda sem nunca tentar ter alguma coisa com ela. Eu realmente não entendia isso, mas com o tempo eu fui compreendendo que era ai que se encontrava toda a magia da nossa amizade: era realmente impossível eu me apaixonar por essa menina. Ela tinha uma coisa tão grande e tão forte que me fazia querer ficar o resto da minha vida com ela, mas como amigo, como irmão.
Meus olhos começaram a encher d’água. Ele falava disso com um amor tão grande, tão profundo. Mas eu não tava entendendo por que ele tava falando aquilo.

- Ta Léo. Mas você não veio aqui pra falar isso, foi?
- Não! Eu vim aqui porque essa menina a qual eu me refiro, sumiu!
Foi um choque ouvir ele dizer aquilo. Eu engoli seco e ele continuou:
- Lara, eu te conheço tem treze anos. Se EU não sou capaz de te reconhecer, quem vai ser? Eu sei que você amava o Gustavo com todas as forças e com muita intensidade, mas você não pode deixar de viver pelo fato dele ter saído da sua vida. Você não ri mais como ria antes, você não se preocupa tanto com as pessoas como preocupava antes. Você não é a mesma! E eu sei que talvez eu te conheça melhor do que você se conhece, e por isso eu te falo: você ta perdendo o bem mais precioso do mundo... você ta perdendo você mesma!
“Você ta vivendo, Lara, uma coisa que não é sua. Você ta esquecendo de viver pra você. A vida é muitíssimo pequena pra ser perdida vivendo a vida de outra pessoa. E é exatamente isso que você ta fazendo: vivendo uma coisa que não é sua, uma vida que não é sua. Você morre por aquele menino, você se entristece toda vez que vê que ele ta vivendo a vida dele. Você ta tentando se encaixar, tentando encontrar alguma forma de fazer parte da vida dele de novo ao invés se preocupar em fazer parte da SUA vida.
”Você ta lembrando demais dele e se esquecendo de você.
Eu chorava, chorava, chorava. Colocava em lágrimas o que não saía como voz. Não adiantava eu negar aquilo, eu sabia que era verdade! Eu queria que ele continuasse, eu precisava ouvir aquilo. E ele continuou:

- Quantas vezes seus amigos te chamaram pra sair, pra passear e você não foi? E não é por causa do vestibular. Ninguém precisa morrer de estudar como você morre. Uma vez a cada quinze dias você tem o direito de se divertir... e você não ta fazendo isso! Na escola ninguém mais reconhece você. Todo mundo chegou a conclusão de que você mudou demais depois que você terminou com o Gustavo. Sua alegria sumiu, assim, de repente. E se você não ta sendo você mesma, você não esta bem.
”Você nunca se preocupou com o jeito que os outros iam te ver, seja quando ia falar ou fazer alguma coisa ou então no modo de se vestir. Você sempre foi diferente em tudo que você fazia, e agora você nem faz alguma coisa. É engraçado, mas eu percebo cada vez que você sorri que já não é a mesma coisa. E eu só to aqui hoje porque eu te amo Lara, amo mais do que qualquer outra pessoa na minha vida. Você é uma irmã pra mim, literalmente. E eu não quero que você acabe, no final de tudo isso, sendo alguém que você nunca foi. – e levantando foi até onde eu estava, ajoelhou no chão e me abraçou.

Se nós dois tínhamos ficado ali abraçados uma hora ou só cinco minutos, eu não sabia. Mas eu tinha a sensação de que ali naquele abraço eu tinha, enfim, descarregado tudo que estava dentro de mim durante todo aquele tempo.
Depois daquele dia eu voltei a viver a minha vida o mais parecido possível de como eu vivia antes. Eu tinha perdido o medo de dizer o que eu pensava, de fazer o que eu gostava.
Com a Ana Rosa tudo tinha voltado a ficar bem. Afinal, melhores amigas são melhores amigas. E me entender ela me entendia muito, até mesmo quando eu a magoava. Eu estudei, estudei, estudei... mas não deixei de me divertir. A lembrança do Gustavo era presente todo o momento, mas não era forte o suficiente pra fazer com que EU parasse de viver a MINHA vida.

Chegou finalmente o tão esperado e temido dia: dia do vestibular. Eu fui pra Campinas, fiz a minha prova e fiquei aguardando o resultado durante quase duas semanas. Foi muito tenso esperar. Eu tinha estudado demais, mas eu sabia que não ia ser fácil. Tinha muita gente preparada fazendo aquela prova e inclusive tinha pessoas que tivera oportunidades e escolas muito melhores do que eu. No dia do resultado eu acordei cedo, e fiquei contando os minutos até dar oito horas da manhã.. quando finalmente deu e eu peguei o resultado eu gelei. Eu não tinha passado!
Eu fiquei muito desapontada. Eu precisava ter passado, eu TINHA que ter passado. Mas eu não passei.
Era, mais uma vez, uma coisa com o que se decepcionar. Eu queria muito entrar pra faculdade pra não ter que dar mais despesa pro meu pai – que por sinal não tinha nem condições de pagar um cursinho – e agora, de novo, eu tinha fracassado.
Cheguei em casa e pela minha expressão minha mãe tinha entendido que eu não tinha passado.
Liguei pro meu pai e nós conversamos muito sobre tudo e de como seria a partir de agora. Ele disse que sabia que eu tinha feito o máximo que eu pude e que não tava decepcionado comigo e nem eu deveria ficar. Disse que daria um jeito de pagar o cursinho pra mim. Isso me tranqüilizou embora eu soubesse que agora sim eu teria que me dedicar mais ainda aos estudos. Agora que eu não tinha mais o peso do Gustavo na minha vida, agora que eu estava bem com os meus amigos, enfim, agora que tudo tava dando certo eu teria que concluir o mais importante: entrar na faculdade!

Chegou as minhas férias e mesmo assim eu continuei estudando.
Dia 16 de dezembro meu pai me liga e me diz que tinha conseguido 60% de desconto no melhor cursinho de Belo Horizonte – tinha uma espécie de convênio com o trabalho dele e as minhas notas ajudaram – e que se eu quisesse ele iria fazer a minha matrícula.
Era a oportunidade perfeita, mas eu teria que me mudar, deixar meus amigos. Eu não respondi de imediato pro meu pai, mas depois de pensar muito eu decidi que ia. Afinal, as verdadeiras amizades não acabam por causa da distância! Quanto ao Gustavo eu não liguei. Eu não levei em consideração o amor que eu ainda tinha por ele na hora de decidir – ele não merecia.
O ultimo natal com a minha família foi triste, afinal já havia um ar de despedida no ar. O revellion eu passei com meus amigos... era estranho deixá-los pra trás! Muito estranho.

Janeiro de 2009: O dia da mudança estava chegando e eu tinha uma sensação muito estranha a respeito disso. Eu tinha vivido a vida inteira num lugar só, rodeada das mesmas pessoas... e agora tudo tava acabando, ou pelo menos dando uma pausa.
Eu não sabia explicar, mas o fato era que os dias estavam passando cada vez mais rápido. Eu acordava e parecia que duas horas depois eu já estava dormindo de novo. O sentimento de que tava chegando a hora era estranho. Era como se metade de mim dissesse ‘vai’ e a outra parte dissesse ‘pare’.

 Eu estava com medo, muito medo.
Quando faltava uma semana pra minha mudança minha mãe me chamou, antes do almoço, na cozinha e disse que precisava conversar comigo. Eu já estava com medo dessas conversar repentinas. Nunca eram boa coisa. Então ela me disse:
- Filha, qual o motivo de você esta se mudando?
- O cursinho, mãe. – eu disse, embora eu pensasse que ela já soubesse disso.
- Não, Lara. Eu quero saber dentro de você, o que ta fazendo você se mudar?
Eu finalmente tinha entendido o que ela quis dizer, pensei e respondi:
- Mãe, durante a vida inteira você me incentivou a estudar, a ter um futuro brilhante e uma carreira promissora. Eu cresci com isso na cabeça. Hoje eu não vejo uma vida em que o amor e o sucesso possam estar juntos. A minha vida inteira eu acreditei que eu ou tinha amor, ou tinha sucesso. Depois de tudo que aconteceu com o Gustavo eu vi que o amor não nos da nenhuma garantia, nenhuma mesmo. E eu não quero viver a minha vida com algo que eu não sei se vai ser pra sempre, ou se vai acabar amanhã. Eu quero ter alicerces firmes e crescer na vida, eu quero ter certezas, e o amor não me da nada disso. O amor é volúvel demais pra se confiar. É por isso que eu to me mudando. Eu quero construir uma vida pra mim e ser feliz. Se um dia eu vier a me casar e ter filhos vai ser muito bom, mas eu não quero que isso seja meu objetivo. Eu quero que isso seja uma conseqüência!

- Então você tem certeza de que quer ir?
- Absoluta!
Ela sorriu, levantou e saiu.
Eu percebi que o que eu tinha dito tinha atingido ela de certa forma, mas eu não me arrependi. Eu sabia que minha mãe tinha muita coisa pra aprender ainda embora tivesse mais do dobro da minha idade. E eu me sentia um pouco feliz por contribuir por isso!

No ultimo dia que eu ficaria na cidade meus amigos preparam uma festa de despedida muito legal. Quer dizer, foi legal até a hora em que eu tive que sair. Foram abraços, promessas de que iríamos nos ver em breve, choro, sorrisos, enfim, tudo que uma despedida exige.
Foi difícil ir embora e saber que finalmente eu estava deixando pra trás os melhores amigos do mundo.
Na minha casa foi a mesma coisa: choro, choro e mais choro. Minha avó, tadinha, estava tão triste! O pior de tudo era saber que tanto choro era por minha causa. Foi tenso aquela despedida.

No ultimo dia que eu ficaria na cidade meus amigos preparam uma festa de despedida muito legal. Quer dizer, foi legal até a hora em que eu tive que sair. Foram abraços, promessas de que iríamos nos ver em breve, choro, sorrisos, enfim, tudo que uma despedida exige.
  Foi difícil ir embora e saber que finalmente eu estava deixando pra trás os melhores amigos do mundo.
 Na minha casa foi a mesma coisa: choro, choro e mais choro. Minha avó, tadinha, estava tão triste! O pior de tudo era saber que tanto choro era por minha causa. Foi tenso aquela despedida.
Eu sabia que ir morar com meu pai seria bom pra mim, mas deixar tudo aquilo era confuso, era ruim. Eu queria muito que do nada aparecesse o Gustavo ali correndo e gritando para, para, para pro motorista... eu queria que ele subisse a escadinha do ônibus e fosse até mim e dissesse que não era pra mim ir, que me amava, que queria ficar comigo e só comigo. Mas isso não aconteceu. Ninguém apareceu pra dizer que me amava, ninguém apareceu pedindo que eu ficasse, ninguém tentou impedir de nenhuma maneira.
Pensando melhor, mais tarde, eu vi que ninguém ter aparecido era melhor. Embora tivesse passado pela minha cabeça desistir, eu não me dei esse luxo. Eu sabia que aquilo era o melhor pra mim, e querendo ou não eu ia fazer tudo o que eu planejava. Custasse o que custasse, ferisse quem ferisse, eu ia realizar o meu sonho!
 As pessoas muitas vezes me perguntavam: com tanta coisa pra se sonhar, você sonhava entrar pra faculdade? Sim! Eu sempre achei que sonho era uma coisa muito pessoal, muito única... por mais que você tivesse o mesmo “sonho” do seu melhor amigo, em algum detalhe você pensava diferente. Ninguém pensa igual a ninguém, ninguém sonha exatamente igual a ninguém. Cada pessoa sonha em ter aquilo que vai se satisfazer, e naquele momento a faculdade era a minha prioridade, era o meu desejo.
O fato é que eu estava deixando pra trás muita coisa pra ir atrás da minha vontade, do meu sonho. Eu sabia que eu poderia me arrepender, mas eu queria correr o risco.

 As aulas começaram e logo no primeiro dia eu vi que o cursinho não era brincadeira. Se eu quisesse me manter no ritmo eu teria que estudar muito mais do que eu já havia estudado. Internet, passeio, soneca a tarde, acordar as oito horas da manhã passariam a ser apenas lembranças. O dia começaria as seis e terminaria as onze. Seria assim durante a semana inteira e no final de semana talvez houvesse duas ou três horas a mais de sono, mas só. Era estudar, estudar, estudar. Era comer livro, dormir com livro, tomar banho com livro, viver com livro.
O cursinho era tempo integral: das sete da manhã as quatro da tarde. O resto do tempo? Estudar em casa! Eu me determinei a fazer isso, e eu ia fazer.

Na primeira semana eu ainda achava que podia ter moleza... mas não! Eu não podia.
Na segunda feira eu acordei toda animada e fui pro curso – era o primeiro dia. Tive aula até o meio-dia e depois deram um intervalo de quarenta minutos para o almoço. Não dava tempo de voltar em casa, por isso tirar uma sonequinha era impossível. Eu almoçava na escola mesmo e ao meio dia e quarenta recomeçava as aulas. Era matéria atrás de matéria, tudo numa imensa correria. No final da aula, do primeiro dia, já tinha três listas com vinte exercícios mais ou menos cada uma pra serem entregues daqui a dois dias. Eu cheguei em casa por volta de sete horas da noite e nada de banho. Banho relaxa e eu não podia relaxar. Engoli o jantar e fui fazer os exercícios. O sono me bateu de uma tal maneira e eu nem tinha terminado a metade da primeira lista. Então eu pensei: ’ainda tem amanhã pra terminar, posso dormir!’. Tomei meu banho e caí mortinha na cama. Dormi como uma pedra.

 Parecia ter acabado de adormecer e o despertador toca anunciando a terça feira! Acordei e já estava cansada. Fui pro curso, assisti as aulas e no fim do dia mais quatro listas de exercícios enormes. Quando eu vi isso eu comentei em voz alta:
- Cara, nem terminei as de ontem e já tem mais?
Uma menina que estava do meu lado começou a rir e falou:
- Meu bem, você tem que fazer todas essas listas quando chega em casa. Esse lance de deixar acumular vai deixar você doida. Duas dessas listas também são para amanhã e mais as três de ontem dão um total de cinco. Por isso você tem que fazer tudo no dia em que recebe.

Agora sim eu estava desesperada. Ela percebeu isso e tirou do bolso dois frasquinhos:
- Isso aqui é uma espécie de energético natural. Não é droga nem te álcool. Qualquer farmácia tem, e ajuda muito!
Era um frasquinho transparente com um líquido marrom. Realmente era natural – pelo menos era o que dizia a composição. Chegando em casa eu tentei não tomar, mas quando foi chegando onze horas da noite o sono bateu e eu bebi.
Realmente o negocio funcionava e eu fiquei acordada até as três da manhã fazendo aquelas malditas listas. Pro meu desespero, ainda faltava metade da ultima lista, mas não resisti e dormi.

De novo parecia que eu tinha acabado de adormecer e o despertador toca. Quarta feira! Metade da semana e eu já estava exausta. Levanto, vou pro cursinho, passo na farmácia para comprar meu ‘energético’ – comprei uma caixa – e volto pra casa com mais três listas de exercícios enormes e um peso de trezentos quilos na cabeça – sim, parecia que eu estava carregando o mundo nas costas pra estar tão cansada.
Continuo fazendo aquelas listas e pra minha felicidade eu consegui terminá-las inteirinhas antes da meia noite. Foi um sonho ter terminado aquilo mais cedo. Dormi igual um anjo – mesmo tomando o tal energético sempre que eu deitava o sono chegava rapidinho. Mesmo com três horas a mais de sono eu não estava totalmente descansada.

Quinta feira! Vou cansadíssima pro curso e volto com quatro listas enormes de exercícios. Daquelas quatro listas três eram pro dia seguinte. Mas isso não fazia diferença. Mesmo que elas fossem pra daqui um mês eu teria que fazê-las aquela noite. O conselho que me deram foi: ’faça tudo hoje, porque amanhã e sábado você vai ganhar unas cinco ou seis listas pra serem resolvidas no domingo!’.
Eu já estava ficando louca, pirada. Eu queria estudar, eu queria passar no vestibular, mas aquilo era tortura. Eu não sabia de onde saíam tantos exercícios, era impossível ter tanta criatividade pra criar tanta coisa! Mas na concepção dos professores você não precisava estudar nada em casa. Se você fizesse todas aquelas listas pesquisando nas apostilas com atenção você se sairia bem no vestibular. Só que tinha um detalhe: precisando ou não de estudar além das listas, não havia tempo. Eles planejavam cada exercício de modo que toda a lista te tomasse todo o seu tempo de folga. Se você quisesse estudar mais você poderia esquecer comida, sono, banho, tudo! Anão ser que você fosse o Super-Homem ou a Mulher-Maravilha, porque era impossível, humanamente impossível ter algum tempo livre.
Finalmente termino as listas. Era uma e meia da manhã e caí morta na cama. Eu não jantava mais, porque jantar me dava sono. Eu só lanchava e voltava pra minha sina: AS LISTAS!

Sexta feira! Em tempos anteriores era o sinal de que finalmente eu teria dois dias de folga. Mas não, os tempos tinham mudado.
Como foi no cursinho? Digamos que desesperador! SEIS listas de exercícios. Quando eu passei na salinha onde se pegava os xérox das listas e eu vi a quantidade de exercícios eu duvidei seriamente da sanidade mental dos professores. Eles eram loucos de passar aquilo tudo.
Das seis listas, duas eram pro dia seguinte e o resto era pra segunda feira.
Cheguei em casa, fiz cinco das seis listas e o sono invadiu cada centímetro do meu corpo. Era duas da manhã e não havia energético que ajudasse. Pensei: ’Foda-se conselhos de colega, eu vou dormir!’. E fui dormir. Eu não estava nem ai se domingo eu ficaria acordada até cinco da manhã fazendo as malditas listas, mas eu precisava dormir.

”Trilin, trilin, trilin, trilin, trilin
Eu queria pegar o despertador e arremessá-lo a vinte quilômetros de distância. Eu não agüentava mais esse barulhinho me acordando todos os dias, a semana inteira, as seis horas da manhã e me dizendo que eu estava prestes a entrar novamente no ‘PESADELO DAS LISTAS’!
Eu me levantei igual um zumbi e fui pro cursinho.
No final do dia, quando passo pra pegar as listas eu tenho uma grande surpresa: UMA, APENAS UMA ÚNICA E SOLITÁRIA LISTA ME ESPERAVA! Eu era capaz de soltar gritos e de pular de alegria quando eu vi isso.
Cheguei em casa, fiz a lista que tinha ficado pendente no dia anterior, fiz a que eu tinha recebido no dia e quando eu olhei pro relógio e vi que era dez horas e que eu tinha uma noite linda pela frente sem listas pra me preocupar eu cai na minha cama sem tomar banho – sei que isso é nojento, mas no meu estado de canseira nada me importava -, sem comer, sem escovar os dentes – isso também é nojento – e de uniforme e pensei: enfim, acabou!
Eu NUNCA, em toda a minha existência, tive uma noite tão boa quanto aquela. Foi a noite mais feliz da minha vida! HAHAHAHAHAHAHAHA.

Eu acordei no domingo era duas da tarde. Nossa, eu precisava desesperadamente daquilo.
Acordei, tomei aquele banho que lavou até a minha alma e almocei pela primeira vez na semana com calma. Eu não queria nem ver caderno na minha frente, então eu vi um pouco de tv e voltei dormir. Era cinco horas da tarde eu já estava dormindo e acordei só na segunda feira as seis.
Tinha começado tudo de novo: a correria, a infinidade de exercícios, os energéticos em ação, o nervosismo e falta de tempo. Não sei se eu tinha me acostumado, mas é que a segunda semana foi bem mais fácil que a primeira. Claro que não estava um mar-de-rosas, mas estava bem mais tranqüila.
E assim foi passando o tempo: eu estudava, estudava, estudava e estudava!

No meio de tanta correria a saudade apertou. Eu queria muito ver todo mundo, mas com aquele monte de coisas pra fazer não ia dar. Finalmente chega a Semana Santa e eu vou visitar minha mãe e os meus amigos. Cheguei meio sem avisar, mas mesmo assim a felicidade da minha mãe foi enorme.
Vi meus amigos e passei com eles momentos ótimos.
Foram só três dias de visita, mas a saudade amenizou um pouco.
No primeiro dia eu cheguei e minha mãe me encheu de mimos: fez pudim, não deixava eu ajudar em nada na casa e ficava me fazendo carinho sempre que podia.

O segundo dia foi um dos melhores e piores ao mesmo tempo.
Meus amigos tinham marcado um churrasco pra reunir todo mundo, já que eu ia ficar pouco tempo. Foi muito legal. Parecia que éramos uma grande e imensa família. As turmas se misturaram e não aconteceu nada de desagradável, pessoas que se odiavam conversavam numa boa agora.
As noticias foram colocadas em dia: Ana Rosa e o Felipe estavam namorando, o filho do Gustavo e da Gabriela tinha nascido e estava bem, o Gustavo ia participar de um teste pra entrar pra orquestra de Campinas – logo Campinas, onde, se eu passasse no vestibular, eu iria morar -, a Luíza tinha passado em Biologia e as minhas outras amigas estavam tentando ainda passar no vestibular.
Mas foi nos últimos momentos de festa que o pior aconteceu:
- Lara, vem cá. – chamou a Ana Rosa.
Eu fui e estranhei o tom de voz dela. Era aquele tom apreensivo, como se não soubesse se estava fazendo o certo.
- Lembra aquela vez que a gente brigou por eu não ter te contado da gravidez da Gabriela?
- Ãn...
- Então, nós duas ficamos mal por termos brigado e eu, particularmente, não queria que isso acontecesse de novo.
- Nem eu Ana, é claro.

- Pois é! É por isso que eu vou te contar isso e eu espero que você fique bem, de verdade!
- Ta – eu respondi meio insegura.
Ela abriu a bolsa e tirou um papel branco e me entregou.
Quando eu vi o que era eu suspirei, engoli o choro e devolvi pra ela.
Era o convite do casamento do Gustavo e da Gabriela.
- Felicidades aos noivos! – eu disse sarcasticamente.
Ela deu uma risada meio sem graça e o guardou novamente.
Nós não falamos mais nada, embora ela soubesse que por dentro eu estava totalmente destruída... e, detesto admitir, estava certa!

Ter visto aquilo foi horrível, foi doloroso. Durante todo esse tempo, desde a minha conversa com o Léo, eu passei a entender que o Gustavo tinha morrido pra mim. Só que na verdade, ao ver aquele convite, ele renasceu em mim.
Eu não estava tendo tempo pras minhas obrigações e agora eu não podia perder mais tempo sofrendo por alguém que tinha um filho e ia se casar.
Eu tentei tirar tudo aquilo da minha cabeça antes que as aulas começassem, e não consegui. Mas eu tinha dado um grande passo: eu conseguia me concentrar nas minhas coisas e deixava pra pensar nele no trajeto pra casa depois do curso, antes de dormir, durante o banho, durante as refeições. Ele se tornara uma espécie de Passa-Tempo pra mim. Quando eu não tinha nada pra pensar, eu pensava nele. Isso era bom pra mim, muito bom mesmo!

No cursinho estava a mesma correria: tudo muito difícil, muita coisa pra pouco tempo e domingos livres? Eram raríssimos e quando tinha um eu aproveitava pra dormir o dia inteiro. Era incrível como as coisas estavam acontecendo rápido demais.
Março tinha passado voando, abril também. Semana após semana eu lutava contra o sono com o auxílio dos meus energéticos e cafés pra poder terminar as coisas do cursinho.
Era o meio de maio e o vestibular, mais uma vez, tava chegando! Eu passei a me dedicar mais – se é que era possível. Eu tinha que passar dessa vez!
Final de maio começava as provas do cursinho... era uma atrás da outra. Eu me saía até bem, mas tinha gente melhor que eu. Ai que estava meu medo: e no vestibular? O meu bom desempenho seria suficiente pra passar? Eu estava com medo, mas eu sabia que eu tinha feito o meu melhor.

As provas do vestibular seriam dia nove de julho, o casamento do Gustavo seria dia vinte do mesmo mês e eu tinha acabado de descobrir que ele ia se apresentar dia seis de julho na Orquestra. Pelo visto julho era um mês decisivo: tudo que eu tinha dado prioridade na minha vida estava pra se decidir ali, tudo de uma vez só.
Eu continuei estudando, estudando, estudando.
Eu queria estar em Campinas dia seis, mas infelizmente sairíamos só dia sete.
Eu tentava não pensar nisso, não pensar nele, mas era difícil.

 Os dias ao invés de atrasar, aceleravam. O tempo tem essa horrível mania de passar mais rápido quando a gente quer que ele demore, né? Nossa... e como estava passando rápido!
Dia dois de julho eu acordei as quatro horas da manhã. Era uma quinta feira e a ansiedade tomava conta de mim em cada parte.
Ainda deitada na cama eu comecei a pensar na minha inteira e de tudo que eu tinha vivido pra chegar ali, onde eu estava. Foi ai que eu lembrei da conversa com o Léo. Lembrei dele dizendo que eu nunca tinha medo da opinião dos outros, que eu não ligava pro que iam pensar de mim sempre que eu fazia ou falava alguma coisa. Nessa hora eu me dei conta que se eu deixasse o Gustavo passar por mim assim, despercebido, eu nunca ia me perdoar. Eu não estaria agindo de acordo com meus próprios princípios se eu não fizesse nada.
Quando era por volta de sete horas da manhã eu levantei, me arrumei mas não fui pro cursinho. Eu fui até o aeroporto e comprei uma passagem pra Campinas dia seis de julho as oito horas da manhã.

Talvez eu me arrependesse, mas eu tinha que fazer aquilo.
Alguma coisa me dizia que eu ir até la e falar com ele não ia adiantar muita coisa, mas eu sabia que só pelo fato de ter ido eu ficaria melhor. Não fazia parte da minha personalidade desistir das coisas que eu amava. Eu estava enfrentando a maior barra pela faculdade, eu tinha enfrentado muita coisa pelo Gustavo, e agora não seria diferente. Eu iria, mesmo que em vão... eu falaria com ele mesmo sabendo que talvez ele dissesse que não iria abrir mão de nada, que estava feliz, que tinha a vida que sonhava! Eu sabia que eu talvez sairia como a idiota e a boba da história, mas eu não ligava pra isso. Eu precisava ouvir dele que tinha acabado pra sempre pra que finalmente eu entendesse.

 Dia dois era uma sexta feira e eu assisti as aulas a tarde. Era o penúltimo dia de aula do semestre e eu estava muito confiante de que eu não iria precisar voltar naquele curso. A decisão que eu tinha tomado tinha me aliviado muito e eu esta vendo as coisas com mais alegria. Eu tava estudando muito pro vestibular e o mais incrível era que eu estava me concentrando. Tinha acontecido como antes: eu estava pensando muito nele, mas conseguia parar quando precisava.
Dia cinco eu estava ficando louca. Comecei a pensar no que eu falaria, como eu falaria, SE eu falaria. Pensei milhões de vezes em deixar tudo como estava, em não tentar, então fazer nada, em ficar na minha. Mas alguma coisa em mim dizia que era pra ir, custasse o que custasse.

Arrumei as poucas roupas que eu iria levar na mala e depois que tudo estava pronto me bateu uma insegurança enorme. Eu ainda tinha a caixinha onde as coisas dele estavam e eu peguei e fui relembrar. Eu li os bilhetinhos onde ele dizia que me amava, vi as fotos onde apareciam nós dois muito felizes e relembrei dos momentos em que ele tinha me dado cada coisa. Foi terrível. Era como se tudo aquilo tivesse aumentado a minha certeza de que foi com ele o melhor tempo da minha vida, e agora aquilo tava prestes a se acabar de vez.
Era estranho, mas ter visto aqui só aumento a minha certeza de que eu tinha que ir falar com ele, e depois que eu guardei a caixinha de novo eu prometi a mim mesmo que falaria e mesmo se em algum minuto eu pensasse em não ir, eu iria!

A madrugada do dia cinco pro dia seis foi terrível. Eu virava de um lado pro outro na cama sem conseguir dormir.
O meu pai não estava gostando muito da idéia, a minha mãe também não, a Ana Rosa dizia que era perca de tempo, enfim, eu sabia que se desse alguma coisa errada – que era bem provável – ninguém iria me apoiar muito, todo mundo tava sendo contra. Saber disso me dava mais medo ainda.
Quando eu levantei, as cinco e meia da manhã, eu estava tremendo. Eu sabia que ainda faltava mais de doze horas pra vê-lo – a apresentação era as sete e meia da noite – mas eu sabia que aquele dia seria um dia definitivo na minha vida: era agora ou nunca!

 Eu nunca tinha viajado de avião e tava numa ansiedade muito grande. Estava combinado do meu “primo” Carlos – o pai do Diogo que teve aquela conversa comigo a um tempo atrás – me esperar no aeroporto e me levar pra casa deles e depois, a noite, pra apresentação.
Meu pai me levou no aeroporto, e quando eu entrei no avião eu pensei: ”pronto, agora não da mais pra desistir, eu vou falar com ele e seja o que Deus quiser!”

Pra ser sincera, não achei NADA DEMAIS em andar de avião... é como se fosse um ônibus maior, com exceção de que dói o ouvido e você vê o céu la fora. Hahahahahahaha! To brincando, é legal sim! Mas não é aquela coisa de outro mundo que tem gente que acha :s

Pousamos em Campinas, finalmente. Meu tio estava la me esperando e nós fomos pra casa. Sabe quando as coisas parecem que vão dar tudo errado e que você sente uma vontade de ter um relógio mágico pra poder voltar sua vida no instante em que você quiser e poder refazer ou deixar de fazer as cosias? Então. Era isso que eu estava sentindo. Se eu achasse uma lâmpada do gênio eu pediria pra voltar atrás e eu não sairia de casa.

 As coisas são sempre assim: quando você planeja na sua cabeça parecem que vão da certo, parece que você é forte, parece que tudo vai sair perfeito. Mas na hora as coisas mudam! Quando a gente planeja a gente não leva em consideração o medo que vamos sentir, as emoções que vão estar em turbilhões na nossa cabeça, o coração batendo a mil por hora, enfim, a gente não leva em consideração nada disso. A gente planeja tudo nos mínimos detalhes, prepara todas as palavras com carinho, imagina a reação da outra pessoa e as repostas dela e consequentemente já preparamos uma contra-resposta da nossa parte. É sempre assim. Mas na hora realmente é tudo diferente, e agora eu estava tendo certeza disso!
Cheguei na casa do meu tio, lanchei, tomei um banho e fiquei pensando – embora soubesse que não adiantaria muita coisa – no que eu falaria e no que eu faria. Eu fiquei pensando o que eu faria de acordo com a reação que ele tivesse, fiquei planejando cada movimento, cada sentimento, tudo.
Quando deu cinco horas da tarde eu estava um turbilhão de sentimentos. Eu fiquei sentada vendo TV mas meu pensamento tava a quilômetros de distância... ou melhor, a meses de distância. Eu estava pensando no nosso primeiro beijo, no primeiro ‘te amo’, aaaa, eu pensava em tudo. Então eu me lembrei uma vez que ele disse uma coisa a respeito da Gabriela e que eu tinha esquecido completamente ao tomar a minha decisão. Ele disse assim dela: o que eu mais odeio nela é que ela não aceita o fato de que eu estou feliz com você e tenta mudar as coisas.

Realmente ela tentava mudar tudo, tentava voltar com o Gustavo e então eu pensei: se ele odeia isso nela, ele também vai odiar em mim... porque é exatamente isso que eu to tentando fazer, to tentando mudar as coisas!
Nessa hora eu decidi: não vou.
Tomei um banho, vesti meu pijama e deitei na cama. Ainda era cedo, mas eu não queria ver mais ninguém. Era difícil pra mim saber que eu tinha vindo até aqui e tinha desistido na hora. Mas alguma coisa em mim não queria mudar essa decisão, eu queria ficar ali sem ver ninguém, sozinha, pensando no dinheiro que eu tinha gastado, na burrice que eu tinha cometido.

Tinha passado pouco tempo e alguém bate na porta. Eu levanto e vou abrir.
Era o Diogo:
- Você não ta pronta não, Lara? O negocio é longe, anda!
Ele iria me levar e já estava de terno e tudo mais – sim, era muito formal a ocasião.
- Diogo, desculpa ter feito você se arrumar, mas eu não vou mais.
- Não vai? Por que?
- Sei la, me bateu uma insegurança. Acho que não tenho coragem nem força pra fazer isso.
- Como assim insegurança Lara?
- Sei la, Diogo. Me bateu uma coisa horrível, não sei explicar.

Ele ficou calado por um tempinho e depois falou:
- Lara, 98% das meninas no seu lugar não fariam nada. 98% ficariam em casa sofrendo porque o amor da vida delas iria se casar. Agora você não. Você faz parte dos 2% que se arriscou em vir. Você saiu da sua casa pra correr atrás do que você ama... você é uma das poucas que faz a diferença, Lara. E deixar isso de lado depois de tudo que você já fez é muita bobagem sua.
Fiquei sem reação. Eu sabia que de uma certa maneira ele tinha razão.
- Eu seeei – eu respondi. – Mas da mesma maneira de que 98% das meninas ficariam em casa, há 98% de chance de da tudo errado.

Quando decidi ir falar com ele eu sabia realmente que daria errado mesmo, que eu corria o imenso risco de estragar tudo entre a gente – qualquer mínima coisa que houvesse. Ele não me amava, mas também não me odiava. E eu sabia que falar com ele poderia fazê-lo me odiar.
- Lara... da mesma forma que você fez parte dos 2% que tomou a decisão de vir, você também pode participar desses 2% que diz que vai da certo! Você nunca vai saber se não for la.
Eu sorri, vi que ele tinha total razão e que eu seria uma idiota realmente se não fosse.
- Deixa eu me arrumar então. É rápido!

Eu nunca tinha me arrumado tão rápido como me arrumei naquele dia. Coloquei o vestido, coloquei o vestido, a sandália, arrumei o cabelo mais ou menos e fiz um make rapidão. Saímos correndo de casa.
- É Lara, você vai ter que falar com ele na saída, já começou a apresentação.
Já era sete e quarenta e eu estava suando de tanta ansiedade.
Chegamos finalmente no teatro onde tava sendo feita a apresentação.
Ele não estava no palco, era em ordem alfabética e pelo o que me disseram ainda estava nos nomes começados com a letra D.
Eu estava muito, muito, muito nervosa. Eu tentava repassar na minha cabeça as coisas que eu falaria, mas eu sabia que não ia adiantar, ia ser muito diferente na hora.
Passava o tempo, cada pessoa se apresentava.
Quando anunciaram o nome dele eu gelei. Eu desejei com todas as minhas forças que ele se saísse bem, que ele conseguisse passar pra que fosse morar em Campinas também.

Quando ele começou a tocar todas as lembranças voltaram. Eu me lembrei dele tocando violão no churrasco e me pedindo em namoro, dos momentos maravilhosos que a gente passou juntos, de todas as coisas. Ele tocava muito bem, mas eu sabia que não seria fácil ele passar, afinal os concorrentes também eram muito bons. Isso, de certa forma, me desesperou.
Quando finalmente ele acabou a musica e todo mundo aplaudiu eu saí do meu lugar e fui até a entrada do camarim – ou sei la que nome se dá pro lugar que os concorrentes ficam (rs). Cheguei e uma mulher gorducha disse:
- Posso lhe ajudar querida?
- Pode! Eu queria falar com o Gustavo. Ele acabou de se apresentar.
- Lamento, mas só no final de todas as apresentações que a entrada aqui vai ser liberada.
- Ah ta, brigada. – eu respondi muitíssimo desapontada.

Eu então sentei numas cadeirinhas que tinha bem na entrada e fiquei esperando. Não vi as outras apresentações mas eu sabia que quando todas acabassem haveria muitas pessoas querendo entrar e eu queria ser a primeira.
Sentada ali cada minuto pareceu uma eternidade. Parecia que o relógio tinha parado, parecia que o mundo tinha parado naquele exato momento.

Depois de uma quase-eternidade eu escuto o ‘apresentador’ dizer que tinha acabado e tal. Assim que ele disse isso, a mulher da porta disse:
 - Se você quiser entrar, pode. Vou deixar você ir antes que encha de gente. Pela sua cara parece ser muito importante.
 - Brigada. – sorri e entrei.
 Era um lugar meeeeeega abafado e eu fiquei procurando ele. Não tinha muita gente, mas achar alguém num lugar onde você não conhecia ninguém era difícil.
Enquanto eu não achava ele milhões de coisas passavam na minha cabeça. Eu pensava de novo no que eu falaria, em como eu agiria. Se ele tivesse de costas? Eu encostaria nele e esperaria ele me olhar ou ficaria esperando ele virar e iria falar com ele? Se ele estivesse ocupado? Eu esperaria ou diria que era importante? Nossa, eu ficava pensando milhões de coisas.
De repente eu localizo ele sentado, sozinho e bem na minha frente.
Ele estava lindo de terno e de repente me bateu um desespero: ele estaria daquela forma no casamento dele, ou até mais bonito... e a noiva não seria eu!.
Eu virei de costas, pensei em desistir e quando eu ia dar o primeiro passo eu disse pra mim mesma: faça parte dos 2% Lara! Concentre-se que vai da tudo certo! Respirei fundo, virei e fui falar com ele.

Depois de uma quase-eternidade eu escuto o ‘apresentador’ dizer que tinha acabado e tal. Assim que ele disse isso, a mulher da porta disse:
- Se você quiser entrar, pode. Vou deixar você ir antes que encha de gente. Pela sua cara parece ser muito importante.
- Brigada. – sorri e entrei.
Era um lugar meeeeeega abafado e eu fiquei procurando ele. Não tinha muita gente, mas achar alguém num lugar onde você não conhecia ninguém era difícil.
Enquanto eu não achava ele milhões de coisas passavam na minha cabeça. Eu pensava de novo no que eu falaria, em como eu agiria. Se ele tivesse de costas? Eu encostaria nele e esperaria ele me olhar ou ficaria esperando ele virar e iria falar com ele? Se ele estivesse ocupado? Eu esperaria ou diria que era importante? Nossa, eu ficava pensando milhões de coisas.

Quando eu digo que não se da pra calcular as coisas antes da hora, eu falo sério. Tudo que eu pensei não adiantou nada. Pra começar eu nem precisei chegar perto dele e chamá-lo. Ele me viu, levantou e foi falar comigo – tudo sem abrir um mínimo sorriso.
- Oi Lara!
- Oi. – eu não sabia como estava a minha aparência, não sabia se eu estava mal ou bem, se eu estava bonita ou feia... mas uma coisa eu sabia: eu podia estar um lixo que agora não adiantava nada tentar mudar.
- Você aqui? – ele disse como se isso fosse coisa de outro mundo. Nas atuais circunstancias talvez realmente fosse.
- É! Eu sabia que isso seria importante pra você e eu queria estar presente.
- Ah, brigado. Mas veio só por isso?
Um frio me subiu pelo corpo inteiro, uma adrenalina, uma coisa louca. Eu pensei em dizer que era e ir embora sem falar nada e deixar as coisas como estão. Mas eu decidi que não. Milhões de pensamentos e sensações passaram por mim na fração mínima de segundos.

- Não Gustavo! Eu vim aqui porque você esta prestes a entrar numa igreja e esperar por uma noiva que não vai ser eu; você realizou seu sonho de ser pai e não foi comigo; você vai passar a acordar e dormir todos os dias ao lado de uma pessoa que também não vai ser eu, você vai chegar em casa todos os dias a noite e não vai ser eu que vou estar te esperando. Eu vim aqui porque a partir do momento em que você disser ‘sim’ naquele casamento não vai ter mais lugar pra ninguém na sua vida, inclusive pra mim. Você ta realizando tudo que a gente sonhou, tudo que você falava que queria pra você um dia, mas não é comigo. E eu sei que você odeia que as pessoas tentem mudar a sua vida, que as pessoas fiquem insistindo pra você mudar as suas atitudes, mas é que mesmo não adiantando nada eu vim pedir pra você não se casar.
Ele ficou totalmente sem reação. Eu disse tudo isso olhando pra ele, mas ele estava olhando pro chão no momento que eu comecei a falar. Estava sendo muito constrangedor aquele silêncio.

- Você acha que é justo me pedir isso depois de ter feito convites, ter marcado a cerimônia, ela ter comprado o vestido, a festa estar quase pronta e as pessoas todas convidadas? Você acha que é justo você pedir pra desperdiçar tanto tempo e um bom dinheiro assim?
Nossa, eu queria morrer de vergonha. Ele disse isso olhando nos meus olhos e continuava olhando. Eu imaginei a minha cara de constrangimento e de vergonha, mas eu sabia que meus esforços não eram tão grandes assim. Nessa hora eu vi que realmente não tinha adiantado nada, e então eu disse com as lagrimas escorrendo:
- É... eu não deveria ter vindo aqui. Eu só pensei que você não queria estar desperdiçando a sua vida e sendo infeliz.
Ele não disse nada, e por alguns segundos eu também não.
- Era isso, Gustavo. Tchau!
Saí.

Desejei mais que tudo que ele saísse correndo atrás de mim e dissesse que iria desistir do casamento, que me amava e que iria ficar comigo, mas ele não saiu correndo, tão pouco gritou ou tentou me impedir de ir embora. Era o fim e a sensação de perda era enorme. Eu chorava e as pessoas tentavam saber o que tinha acontecido, se eu estava bem, mas eu só acenava com a cabeça e continuava a andar. A entrada das pessoas da platéia estava sendo liberada aos poucos e já tinha mais la dentro. Eu tive uma grande dificuldade de passar pela portaria, mas quando eu passei eu logo vi o Diogo.
 - O que deu Lara?
  - O que os 98% indicavam que daria!
 Ele deu um sorriso como se lamentasse muito e nós saímos do teatro.
Eu contei o que tinha acontecido pro Diogo, e ele disse:
- Eu sei que foi muito chato você ter ouvido o que ouviu dele, mas você tem que seguir sua vida agora, Lara. Sua parte você fez, e se ele prefere deixar as coisas da maneira que elas estão você não pode fazer nada pra mudar isso!
- Eu sei que não posso! E já me conformei. – eu respondi. Eu tinha me conformado realmente, mas ainda, como tudo na minha vida, eu tinha uma idiota esperança no fundo-no fundo. Eu sabia que não ia dar em nada, mas é que o coração tem razões muito estranhas, razões que ninguém consegue entender.
Eu tinha dito a ele coisas sobre desperdiçar a vida e ser infeliz, mas eu não me arrependi. Talvez ele estivesse sendo feliz com tudo aquilo, talvez estivesse bem e sendo FELIZ com ela. Essa idéia era insuportável demais pra ocasião, mas talvez fosse a verdade. Foi então que eu pensei: eu não quero que ELE desperdice a vida dele e seja infeliz, mas quem esta fazendo isso sou eu... eu estou desperdiçando, tempo, dinheiro a parte da minha vida pra uma coisa que já ta morta há tempos.

Eu tinha uma vida pela frente, um vestibular a poucos dias e eu deveria tirar tudo isso da cabeça. Difícil? Muito, mas eu consegui de certa maneira. Eu estudava como uma louca e não saía da casa do Carlos por nada.
Dia sete e dia eu acordei as seis da manhã, tomei um banho e fui estudar. Estudei, estudei, estudei. Misturava Coca-Cola com café, energético com Coca-Cola, tomava banhos gelados umas cinco vezes por dia... tudo pra me manter bastante acordada!

O Gustavo? Toda hora insistia em vir na minha cabeça. Mas eu conseguia me controlar.
Sempre quando vou estudar, eu estudo meia hora seguida e paro dez minutos. É uma forma de descansar a cabeça e ficar calma... nessas horas eu me permitia pensar nele e cheguei a chorar, mas era só. Eu me concentrava novamente na matéria e estudava.
Eu tinha desistido completamente de ser feliz no amor, ou melhor, em ser feliz no amor COM o Gustavo. Ele tinha razão: não era justo eu pedir a ela nada daquilo... e eu entendi que seria muito otimismo esperar alguma coisa dele.

Chegou o tão esperado e temido dia nove de julho! A tensão pré-vestibular é horrível. Você sabe que daquilo ali depende o seu futuro, depende a sua vida. Eu sentei na cadeira pra fazer a prova e eu tremia, tremia, tremia. Olhava pras pessoas da minha sala e ficava pensando: ele tem cara de inteligente, ele não tem... aquele ali parece ser o maior nerd do mundo, aquele ali parece ta aqui só pra falar que tentou...! Eu estava desesperada pra que tudo desse certo, pra que me saísse bem na prova. O tema da redação era sobre Artes, e graças a Deus fui muito bem. Sempre gostei de escrever, então foi fácil. A prova estava mega difícil, mas acho que fui bem. Eu tinha estudado como uma louca, desesperada por bons resultados, e agora eu tinha feito aquela prova com todo o meu coração.
Saí da faculdade onde a prova estava sendo aplicada, liguei pro Carlos e ele me buscou.
Cheguei na casa dele e logo liguei pro meu pai. Nós tínhamos combinado em ir pra praia de carro logo depois da prova e eu queria combinar exatamente o dia. Ele disse que estava pensando em ir dia 14. Ia eu, meu pai, meu irmão, a namorada do meu pai e o filho dela.
Dia onze eu fui pra casa. O resultado da primeira fase do vestibular não tinha saído ainda e eu só ficaria sabendo quando voltasse da praia.
Estar em casa e saber que eu não precisaria estudar mais era a melhor coisa do mundo! Quer dizer, eu precisava estudar muito ainda pra segunda fase do vestibular caso eu passasse, mas eu decidi que preocuparia só quando chegasse da viagem.

Eu dormia o dia inteiro, passeava com as minhas amigas do cursinho, ficava no computador, fazia coisas que antes eram só sonho!
Dia 14 chegou e as quatro horas da manhã nos acordaram pra irmos viajar. Era uma viagem de um dia e meio. Nós saíamos, dormíamos em algum lugar, e só no outro dia por volta das duas da tarde chagávamos da praia. Nós íamos pra Ilhéus e iríamos ficar la só cinco dias.
O dia no carro parecia nunca acabar. Eu lia livro, revista, ouvia musica, conversava e parecia que o tempo não passava. Eu pensava as vezes no Gustavo e me dava um vontade imensa de chorar. Eu tentava me controlar pra não chorar no carro e todo mundo ficar perguntando o que tava acontecendo.

O filho da minha “madrasta” era muito legal. Sabe aquelas pessoas que não dão sua opinião em nada, que ficam na sua e tudo esta bom pra ela? Era ele! Mas ele era muito gente boa mesmo.
A viagem foi assim: andando, andando, andando, andando e nunca chegava!
Finalmente, quando era meio-dia do dia quinze apareceu a placa: ILHEUS a 120 quilômetros!
Começou a excitação. Era só mais uma hora e meia de viagem e todo mundo já estava louco pra chegar. Quando eu vi que seria mais uma hora de viagem só eu não dormi mais. Eu fiquei olhando a paisagem e fiquei maravilhada. Era lindo aquelas estradas enoooooooormes e quando era uma subida aquele verde da vegetação e o cinza do asfalto com aquela listra amarelinha no meio dava a impressão de se encontrar com o céu azulsissimo e com nuvens brancas. Parecia uma coisa pintada, era perfeito!

Nós passamos em frente a um acampamento do MST (Movimento dos Sem Terra) e me deu uma coisa tão ruim. Aquelas pessoas estavam ali, sem teto, sem ter o que comer direito, sem apoio, morando em barracas de plástico numa terra que não eram suas, sem a menor noção de alfabetização, sem quase nenhuma oportunidade e ainda assim acreditavam que UM DIA tudo ia da certo pra elas. Eu comecei a ver que o fato de eu ter condições de ter uma escola, de fazer uma faculdade, de ta viajando, de ter uma família linda onde todos tinham casa e conforto, já valia muito! Eu não precisava ter tudo, eu não precisava ter o amor do Gustavo pra ser feliz... eu já tinha motivos suficientes pra agradecer a Deus todos os dias e não tinha nenhum direito de reclamar. A minha vida era um sonho praquelas pessoas, e de imediato eu comecei a da valor em cada suspiro que eu dava, em cada coisa que eu tinha. Era muito, muito injusto muitas pessoas terem tantas coisas e outras não terem nada. Por um momento eu tive nojo de mim mesma por pensar que minha vida não estava boa, em querer a roupa mais cara da loja, em querer ter a casa mais chique e andar nos melhores carros... aquelas pessoas ali passavam fome, frio, não tinham dinheiro e eu era quem vivia me queixando! Eu não era rica, eu não tinha tanto dinheiro, mas eu tia o suficiente pra se feliz... elas não!
Esse pensamento ficou na minha cabeça por um longo tempo.
Nós chegamos em Ilhéus, fomos pro hotel mas não fomos pro mar naquele dia. Estávamos mortos e ficamos no hotel dormindo e aproveitando a piscina, quadras e o salão de jogos.
No outro dias nós fomos pra praia. Comemos, comemos, nadamos, nadamos, tiramos fotos e mais fotos. Visitamos pontos turísticos da cidade, comemos umas comidas muito estranhas, bebemos uma coisas muito estranhas também... enfim, aproveitamos o máximo!

 No outro dia, por volta das nove horas da manhã, nós saímos pra ir por mar. Não fomos pra praia mais perto, fomos pra uma quase deserta. Não tinha ninguém na praia, só nós. Eu deixei as coisas e fui pra água. Nossa, foi ótimo! Era aquele mar bravo, em que as ondas eram enormes e você quase afogava sabe? Era muito bom! Algumas vezes eu levava aquele tombo, engolia água, machucava na areia, mas tudo bem.. tudo fazia parte da diversão!
Infelizmente chegou o ultimo dia. Eu tinha esquecido que o tempo passava rápido demais quando a gente ta amando as coisas.
No ultimo dia eu cheguei na praia e sentei em frente ao mar de modo que as maiores ondas, quando quebravam, me molhavam.

Sentada ali eu percebi como Deus fazia as coisas com tamanha perfeição. Ele tinha feito o céu e o mar azuis pra que quando eles se encontrassem no horizonte formassem uma cena incrível, uma coisa muito boa se ver. Ele fizera as nuvens branquinhas pra contrastar com o céu e formarem um conjunto perfeito. Ele tinha feito as coisas de tal forma pra que formassem uma aquarela de cores que emocionava só de olhar. Deus tinha feito pessoas diferentes tanto fisicamente quanto psicologicamente e tinha colocado essas mesmas pessoas nos mesmos lugares afim de que elas compartilhassem entre si formas diferentes de ver as coisas. Eu ficava imaginando quantas pessoas, nesse exato momento, estariam pensando como eu ou achando que tudo isso era uma perca de tempo... eu ficava pensando nas diferentes formas de ver a vida e os problemas que as pessoas tinham. Mas uma coisa eu sabia: o mesmo Deus que cuidou tão perfeitamente de cada um desses detalhes também me ajudaria a superar tudo isso. Se Ele tinha cuidado pra que o mar tivesse a companhia do céu, o céu tivesse a companhia das nuvens, as arvores tivessem a companhia das flores e os animais a companhia de tudo isso, Ele também cuidaria pra que EU tivesse alguém com quem compartilhar cada coisa da minha vida. Ele cuidaria de mim como o bem mais precioso da mesma forma que cuidava de todas as pessoas e de todas as coisas que ele criou. Ele estaria comigo em todos os mementos e não abriria mão de mim... isso me confortava, confortava muito. Eu passei a confiar Nele como uma criança que confia cegamente no pai... eu entendi ali naquele momento que o final feliz pra histórias de amor não precisam ser como o da Cinderela, Branca de Neve ou outro conto de fadas qualquer... aliás, não existem pessoas perfeitas a ponto de viverem contos de fadas. Ninguém consegue fazer as coisas serem tão perfeitas a todo momento.
Eu entendi que finais felizes não precisam ser aqueles onde você esta com a pessoa que você ama... finais felizes são aqueles onde você esta bem com você e com o mundo, e eu estava assim. Eu tinha aprendido na dor, no choro, no sofrimento, no desespero, a entender que ISSO faz parte da perfeição. Já percebeu como os dias que vem depois de grandes tempestades sempre são os mais lindos? Pois é! A minha grande tempestade estava acabando ali, naquele momento... agora eu tinha certeza que viria os dias lindos, as coisas lindas. Se seria acompanhada, sozinha, com meus amigos, com minha família eu não sabia... mas eu tinha certeza que eu estava pronta pro que viesse e enfrentaria sabendo que depois de algum tempo tudo valeria a pena!
Nós voltamos pra casa e chegando la eu tive uma mega surpresa: EU TINHA PASSADO NA PRIMEIRA FASE!
Eu não cabia em mim de tanta felicidade, era ótimo saber que todos os nossos esforços são recompensados. Mas eu ainda não estava na faculdade... tinha a infeliz segunda fase.
Eu estava motivada a estudar mais ainda e eu não parava pra nada. Eu ficava no meu quarto o tempo todo só estudando e estudando.

Minhas amigas estavam achando o máximo ter uma Engenheira na turma e me davam muita força. Além da força que elas me deram, me deram uma ótima noticia: o casamento do Gustavo tinha sido adiado e seria cinco dias depois da minha prova, dia 29 de julho.
Ter adiado o casamento não era nada demais, mas alguma coisa dentro de mim vibrava por isso.
Eu voltei pra Campinas pra fazer a segunda fase e estava mega confiante de que dessa vez ia da tudo certo.

Eu estava mais calma do que a primeira fase, embora eu soubesse que essa parte do vestibular era mais importante. Mas eu sabia que la em cima tinha um Cara que ia me ajudar, que ia me dar força e fazer com que eu entendesse cada pergunta e elaborasse as respostas de acordo com o que pedia!
A prova tava muito difícil, era toda discursiva e eu me concentrei o máximo nos erros de português, na concordância e tudo o que eu precisava pra não passar a idéia de que eu estava enrolando.
Fiz a prova com todo amor do mundo, esqueci que tinha um mundo fora da sala, esqueci de tudo. Foi a penúltima a sair da sala, mas eu tinha certeza que tinha dado o melhor de mim e que eu tinha conseguido. Pensei que essa sensação seria a melhor do dia, mas não! Tinha muiiiiiita coisa pra acontecer ainda.

Chego la fora da faculdade e fui comprar um lanche. Quando saio da lanchonete eu vejo um menino sentado num banquinho. Eu não acreditei no que eu estava vendo, eu achei que estava ficando louca. Olhei fixamente como quem procurasse enxergar a alma dele, e vi que REALMENTE era o Gustavo. Eu paralisei, eu fiquei tremendo. O que ele estava fazendo ali se estava prestes a se casar? Eu não sabia o que fazer, se eu passava em frente sem falar nada ou ficava ali na minha. Quando eu menos espero alguém atrás de mim grita: LAAAAAAAAAAAARA!
Eu virei de costas pro Gustavo e olhei e vi que era o Carlos que tinha vindo me buscar. Eu simplesmente indiquei o Gustavo com a cabeça e ele sorriu. Era estranho, mas eu via um sorriso de felicidade no rosto dele mesmo sendo um primo que eu mal conhecia.
Como ele tinha me gritado imagino que o Gustavo tinha escutado e quando vejo, ele estava atrás de mim, e me chama:
- Lara!
Eu virei como se não soubesse quem estava me chamando, como se eu nem tivesse reparado que ele estava la.
- Gustavo? Você aqui? – fingi uma surpresa.
- É! Eu sabia que seria importante pra você e eu queria estar presente. – ele respondeu meio que rindo e eu percebi que ele estava falando da mesma maneira que eu disse pra ele quando fui vê-lo na apresentação.

Eu ri e perguntei:
- E a apresentação, o que deu?
- Não passei... tinha muito gente boa la também.
- Mas você também foi bem. Sinto muito.
Ele riu e o silêncio que se seguiu foi terrível. Então tomei coragem e perguntei:
- Mas veio aqui só pra isso? – entrei na brincadeira também.
O sorriso dele sumiu e ele se apossou de um ar muito sério.
- Não!

Seguiu outro silêncio. Eu pensei que ele ia falar, mas parecia que ele era incapaz de se mover ou abrir a boca pra falar qualquer coisa.
- Então? – eu insisti.
Ele olhava pro chão e levantou a cabeça e olhou pra mim. Eu vi que ele estava com os olhos cheios de água e eu não consegui sustentar o olhar. Dessa vez fui eu quem olhou pra chão. Pra onde ele estava olhando eu não sabia, só sei que ele começou a falar:
- Eu vim aqui pra te falar que eu realmente vou entrar numa igreja e esperar por uma noiva no altar que vai estar linda; que eu vou realizar meu sonho de ser pai novamente e vou me dedicar totalmente a gravidez da minha esposa; que eu vou passar a acordar e a dormir todos os dias ao lado de uma pessoa que eu amo muito; que eu vou chegar em casa todos os dias morto de canseira depois de ter trabalhado mas eu vou estar feliz porque a mulher da minha vida vai estar la me esperando e eu vou ficar com ela até tarde da noite, seja fazendo alguma coisa ou simplesmente vendo ela dormir; eu vim pra te falar que eu vou dizer ‘sim’ naquele altar e que no momento em que eu disser isso não vai ter lugar pra mais ninguém na minha vida.

 Aquelas palavras foram como bombas pra mim e eu já estava chorando. Ele não tinha o direito de falar daquele jeito comigo, de jogar na minha cara tudo aquilo.
- Então você saiu da sua casa pra vir até aqui jogar na minha cara que vai se casar e vai ser muito feliz? Muito obrigada, Gustavo... você realmente fez um bem muito grande. – eu disse ironicamente. – Você não tinha o direito de fazer isso comigo, de me falar isso! – e voltei a olhar pro chão.
Eu seria capaz de pular pra cima dele e encher ele de murro e tapas mesmo sabendo que não iria adiantar, mesmo sabendo que seria totalmente em vão.
- Não Lara... eu vim aqui porque pra mim realizar tudo isso eu preciso da pessoa que eu amo, eu preciso da pessoa que eu quero viver tudo isso, e essa pessoa é você.

Eu pensei não ter escutado direito, estar louca, delirando, pensei que tinha drogas alucinantes no meu refrigerante ou alguma coisa assim. Eu olhei pra ele e ele estava com uma cara como se implorasse que eu dissesse alguma coisa, mas eu não consegui. Então foi ele quem falou:
- Eu fui muito idiota de ter engravidado a Gabriela, mas eu não posso fazer nada. Eu amo o meu filho e eu morro por ele, mas eu não amo ela. Eu quero dividir a minha vida com você, eu quero me casar com você, Lara.
CASAR? Nossa, eu continuava pensando que eu estava sonhando e sem deixar que ele visse eu me bilisquei.
- E se eu disser que não? – que burra que eu me senti dizendo isso.
- Eu vou ficar com uma cara de um completo idiota aqui.
Eu ri, não agüentei. E ele também riu.

Mas eu não falei nada. Eu não sabia o que dizer. Quer dizer, eu sabia, mas não sabia se era o certo. Abaixei a minha cabeça e continuei olhando pro chão. Seguiu um silencio e eu percebi algum movimento e levantei a cabeça. Ele tinha tirado alguma coisa do bolso, e abrindo falou:
- Lara, casa comigo?
Eu fiquei em estado de choque, não saía nada da minha boca, minha voz tinha se calado.
Ele fazia uma cara como se esperasse aquilo a vida toda.
Eu comecei a chorar e levei as minhas mãos a boca. Tava tudo sendo muito perfeito e eu queria guardar cada detalhe daquele dia pra sempre. Eu não respondi, só abracei ele e fiquei ali um tempão. Ainda abraçada eu respondi:
- É claro que eu caso.
Ali mesmo a gente colocou a aliança um no outro. Era aliança de noivado ainda, mas um dia ela seria de casamento.
Nos beijamos e eu percebi que se ele não fosse o amor da minha vida, ninguém mais seria. Nós fomos pro hotel onde ele estava e ali, pela primeira vez, nós transamos. Eu sabia que era o momento certo. Eu sabia que eu estava me entregando pra pessoa certa, pra pessoa que mais amei e ainda amo.

Agora eu vi que o tempo todo eu estava errada: é possível sim ter amor e sucesso profissional numa vida só, desde que se saiba esperar pela coisa certa na hora certa.
Eu passei na faculdade e me mudei pra Campinas. Ele não se mudou, mas esta planejando vir. Nós mantemos um namoro a distância, mas com muito amor. Sempre que posso vou visitá-lo – só foi uma vez – e ele vem me ver as vezes – já veio duas.
Ele entende quando digo que tenho que estudar e me apoia em tudo que quero fazer.

Nosso casamento? Ainda não nos casamos, mas estamos noivos. Devemos esperar eu acabar a faculdade pra casarmos, e ele vai apenas trabalhar nos negócios do pai por enquanto. Ele não gosta muito de escola, então não pretende fazer faculdade ainda. Mas o trabalho dele é bom, ele tem um ótimo salário e o melhor é que trabalha em casa. Então, quando ele se mudar pra Campinas, nós dois queremos morar juntos, mas o casamento vai ser só daqui um tempo. Não por falta de amor, mas por falta de condições mesmo.
Meu futuro? Eu não sei como vai ser exatamente. Eu não me preocupo em planejar mais as coisas porque eu sei que na hora tudo acontece diferente.

Filhos? Pretendemos ter muitos. Quer dizer, não muuuuuuitos, mas alguns.
O Otávio? Eu me dou bem com ele mesmo sendo filho da Gabriela. Eu só o vi uma vez, mas ele é um fofo... não tem nada da mãe! Haha.
Minha família? Dizem que sou muito nova pra casar, mas eu não ligo. Quando a gente sente um amor tão grande assim como eu sinto pelo Gustavo e ele sente por mim, a gente não deve esperar demais.
A Ana Rosa ta grávida e vai ter uma menina, e o Felipe ta todo orgulhoso da filha que ta vindo!
Se eu tenho algum sonho? Não! Eu tenho tudo que sempre sonhei... só desejo que não acabe nunca!

 Se eu tenho medo? Também não. Talvez a minha história e do Gustavo não tenha um ‘Felizes para Sempre’ no final, mas eu sei que enquanto nós estivermos juntos nós seremos muito felizes, e eu me orgulho disso. Me orgulho de ter sido forte e ter agüentado tudo sem desistir.
A maior lição que eu tirei de tudo isso que eu vivi? Ah... foram muitas! Mas a maior delas é que agora eu sei que quando as coisas tem que acontecer elas simplesmente acontecem e você tem que dar apenas algum pequeno empurrãosinho... Deus sabe o destino de cada um e realmente escreve muitas coisas certas em linhas completamente tortas. E nós só temos que manter a fé e a cabeça erguida. Temos que acreditar que um dia tudo vai da certo, tudo vai se encaixar, tudo vai ficar bem... porque agora eu sei, como muito gente também sabe e outras tantas irão descobrir, que quando o amor acontece, ninguém, mas ninguém mesmo, pode impedir que ele se concretize!


                         FIM!

                                                                                                                                               Autora: Lara.